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O BRICS e sua ambição monetária (II)



As diferenças econômicas entre os membros originais do BRICS não impediram que o Grupo criasse um banco próprio (o New Development Bank, criado em 2014, o qual tem sede em Xangai-China). Segundo dados do Banco Mundial (2024), o que se passou a chamar de BRICS+, depois de 1º de janeiro de 2024, atrai, hoje, 40% dos investimentos mundiais em infraestrutura. Seu PIB, considerando somente os cinco membros originais, passou de US$ 2,75 trilhões em 2000 para US$ 20,67 trilhões em 2020, sendo que sua parte no PIB mundial saltou de 8,1% para 24,2% no mesmo período.

Mas, a parte da China no PIB do Grupo, que era de 44% em 2000, chegou a 71% em 2020. Ou seja, a importância do Grupo está na presença da China, sendo que sua assimetria econômica interna é enorme e só aumenta com sua expansão em número de países. Diante disso, como implantar uma moeda única? Este posicionamento começa com um documento de trabalho, emitido pelo Grupo, que se coloca como o representante do Sul Global, e denuncia o peso do dólar no Sistema Monetário Internacional (SMI), criado por ocasião da reunião de Bretton Woods (1944), no final da Segunda Guerra Mundial.

Neste SMI o dólar passou a ser a moeda hegemônica para as transações comerciais globais. E antes que os mais afoitos imaginem uma reação à economia de mercado, a reunião de Kazan deixou claro que o Grupo não está propondo eliminar a “lei de mercado”, mas sim que seja possível seus membros “funcionarem melhor” no seio deste mercado, ou seja, que também possam tirar mais proveito da economia de mercado. Assim, o atual SMI não está morto, e tampouco a importância do dólar. O que se percebe é que tal Sistema, que privilegia os EUA e sua moeda, está doente, para dizer o mínimo.

Os próprios membros do G7 (que reúne as sete maiores economias do mundo), caso da França, vêm acusando que uma parte do mundo, não desprezível, está dependente da política monetária estadunidense. Aliás, os desequilíbrios gerados pelo SMI foram expostos já em 1958, pelo economista belga Robert Triffin e outros. Em 1976, o economista estadunidense Kindleberger chegou a afirmar “o fim do dólar como moeda internacional”. Ora, até hoje isso não aconteceu, apesar do surgimento do Euro e da crise de 2007/08. Acontecerá pela reação do BRICS+? (segue) 

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