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O BRICS e sua ambição monetária (Final)



Como vimos nas duas colunas anteriores, o dólar, como moeda hegemônica mundial, vem sendo contestado. Afinal, a partir da criação do Sistema Monetário Internacional (SMI), que consolida o dólar nesta situação, os EUA podem acumular déficits externos, transferindo a conta para o restante do mundo. No início de 2023 a dívida externa dos EUA já era de US$ 24,95 trilhões.

Ao mesmo tempo, as empresas estadunidenses podem realizar investimentos externos diretos, em outros países, a baixo custo, assegurando sua expansão pelo mundo. Com o passar do tempo, em tal contexto, o dólar passou a ser uma arma, não só comercial, como especialmente pelo fato de que, em o detendo, os EUA ficam em condições de impor suas decisões a todos os países que desejam utilizar sua moeda.

Principalmente se os países resolvem dolarizar suas economias, como fez o Equador e como o deseja o atual governo da Argentina. Tais países perdem totalmente sua autonomia monetária. Vendo deste ângulo, parece um bom caminho substituir a moeda estadunidense por outra. Mas, substituí-la por qual moeda? Nenhuma moeda no mundo, hoje, reúne condições para tanto. Assim, muitos países decidiram, em negócios transfronteiriços, utilizar suas próprias moedas.

Porém, por falta de lastro suficiente destas moedas, tal movimento não tem condições de ir longe. Além disso, a ideia central não é substituir o dólar e sim usar as moedas próprias para reduzir os custos das transações comerciais. Isso leva os países que caminham em tal direção a criarem apenas uma “unidade de conta”, que permita a realização dos negócios, e não uma nova moeda.

Lembrando que o FMI, desde 1969, oferece algo semelhante para seus membros (mais de 180 países) que é o DTS (Direitos Especiais de Saque). Pelo sim ou pelo não, o fato é que o movimento do BRICS+ não tem força para substituir o dólar no cenário mundial. A própria China já demonstrou desinteresse nessa iniciativa específica. Entretanto, com a reeleição de Trump à presidência dos EUA, o contexto pode mudar, já que em seu primeiro mandato ele contestou a política de “déficit permanente dos EUA, a qual permite a dominação do dólar”. Surge aí, novamente, a possibilidade de os EUA, sob Trump, não desejar mais abastecer o mundo com dólares. Isso ficou apenas no discurso, no primeiro mandato. E neste segundo?

 

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