A mandioca é uma cultura que absorve grandes quantidades de nutrientes e praticamente exporta tudo o que foi absorvido, as raízes tuberosas são destinadas à produção de farinha, fécula e outros produtos, bem como para a alimentação humana e animal; a parte aérea (manivas e folhas), para novos plantios, alimentação humana e animal. Em média, para uma produção de 25 toneladas de raízes + parte aérea de mandioca/ha são extraídos 123 kg de nitrogênio, 27 kg de fósforo, 146 kg de potássio, 46 kg de Cálcio e 20 kg de Magnésio.
No Brasil, de modo geral, não se tem conseguido aumentos acentuados na produção da mandioca em função da aplicação de calcário, mesmo em solos ácidos da região dos cerrados, confirmando a tolerância da mandioca a condições de acidez. No entanto, após cultivos sucessivos na mesma área, é possível que a planta responda à aplicação de calcário, principalmente como suprimento de cálcio e magnésio, respectivamente terceiro e quinto nutrientes mais absorvidos pela cultura. Quanto à adubação, a mandioca tem apresentado respostas pequenas à aplicação de nitrogênio, mesmo em solos com baixos teores de matéria orgânica.
Possivelmente, este fato deve-se à presença de bactérias diazotróficas fixadoras de nitrogênio atmosférico no solo. Maior importância adquire a aplicação de fósforo, embora não seja extraído em grandes quantidades pela mandioca, pois os solos brasileiros em geral, e em particular os cultivados com mandioca, normalmente classificados como marginais, são pobres neste nutriente. Por esta razão, é grande a resposta da cultura à adubação fosfatada. Quanto ao potássio, nutriente extraído em maior quantidade pela mandioca, seu esgotamento é atingido rapidamente, após 2 a 4 cultivos sucessivos na mesma área.
A calagem e a adubação em mandioca devem obrigatoriamente ser definidas em função da análise química do solo, devendo a primeira ser realizada com antecedência de pelo menos 60 dias do plantio, tempo necessário para reagir com o solo.
Formas de aplicação e épocas
Calagem
A calagem pode ser realizada em qualquer época do ano, devendo-se utilizar o calcário dolomítico, que contem cálcio e magnésio. Ele deve ser aplicado a lanço em toda a área, de modo uniforme, e incorporado a 20 cm ou mais, sendo importante que anteceda dois meses o plantio, para dar tempo de reagir no solo.
Adubação nitrogenada
A cultura da mandioca responde bem à aplicação de adubos orgânicos (estercos, tortas, compostos, adubos verdes e outros), cujos efeitos favoráveis estão relacionados com o fornecimento de nutrientes e, certamente,com alterações nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. Assim, havendo disponibilidade, deve-se dar preferência aos adubos orgânicos como fonte de nitrogênio, os quais devem ser aplicadas na cova, sulco ou a lanço, no plantio ou com antecedência em função da fermentação, como acontece com a torta de mamona. No caso da aplicação de uréia ou sulfato de amônio, a aplicação deve ser em cobertura ao redor da planta, 30 a 60 dias após a brotação das manivas, com o solo úmido.
Adubação fosfatada
Na cultura da mandioca, os adugos fosfatados mais utilizados são o superfosfato simples e o superfosfato triplo e devem ser aplicados no fundo da cova ou do sulco de plantio. O superfosfato simples tem a vantagem de também conter enxofre (na sua composição.
Adubação potássica
A adubação potássica deve ser realizada na cova ou sulco de plantio, juntamente com o fósforo. Os adubos potássicos mais utilizados são o cloreto de potássio e o sulfato de potássio. Em solos extremamente arenosos fracionar o potássio em duas aplicações, sendo metade da dose no plantio e a outra metade em cobertura, junto com o nitrogênio.
Micronutrientes
Nos períodos de grandes estiagens, principalmente no litoral do Nordeste, tem-se observado sintomas de deficiências de zinco e de manganês, denominados de chápeu-de-palha e amarelão. Para evitar possíveis limitações na produção, nos locais de ocorrência recomenda-se aplicar 4 kg de zinco e 5 kg de manganês.ha-1, no solo, juntamente com o fósforo e o potássio.
José Luis da Silva Nunes
Engenheiro Agrônomo, Dr. em Fitotecnia