A mandioca é uma dicotiledônea da Família Euphorbiaceae, gênero Manihot e Espécie Manihot esculenta Crantz.
Caracterização morfológica
Raízes
As raízes são ricas em fécula, apresentando-se sob várias conformações:
- Cilíndricas;
- Cilindro-cônicas;
- Cônicas;
- Fusiformes;
- Globosas (menos comum).
O número de raízes oscila de 5 a 12 por planta. Independente da forma pode ocorrer raízes tortuosas (característica indesejável para aproveitamento industrial). Apenas algumas raízes intumescem pelo armazenamento de amido transformando-se em raízes tuberosas que são superficiais. A resistência à seca desta cultura deve estar associada a outra característica e não à extensão do sistema radicular da planta.
O número de raízes é importante para definir o tamanho do dreno da planta. Uma deficiência no número de raízes pode limitar o potencial produtivo da planta por redução de dreno. Os dados mostram também a evolução do comprimento e do diâmetro das raízes ao longo dos dois ciclos de crescimento.
Caule
O caule é subarbustivo ereto. Pode ser indiviso no ciclo vegetativo e ramificado no ciclo produtivo. O caule, de altura variável entre 1 e 3 metros pode ser ou não ramificado. Com o tempo torna-se suberizado com coloração cinzenta ou marrom. Quando adulto é lenhoso, quebradiço e dotado de nós salientes, apresentando ramificação baixa ou alta (caule ereto), dicotômica (divide-se em dois), tricotômica, tetracotômica e tipos intermediários.
Os internódios são bem definidos e o crescimento é contínuo, a partir do crescimento ativo do meristema apical. Nas axilas dos nós encontra-se uma gema característica, responsável pela propagação vegetativa da espécie. Depois de atingir certo desenvolvimento a haste produz inflorescências na sua extremidade. Em geral as três gemas situadas abaixo do ápice da planta brotam e se desenvolvem em posição inclinada (45º) em relação à horizontal. No caule estão presentes vasos lactíferos que encerram o glicosídeo cianogênico linamarina.
Folhas
As folhas são palminérveas, inseridas no caule em disposição alterna-espiralada, lobadas com três, cinco, sete ou mais lobos e longamente pecioladas. Os lobos apresentam variação, estes apresentam diferentes cores variando do verde claro até roxo e formatos também variados, destacando-se espatulados lanceolados e oblongos. Apresenta filotaxia 2/5. A anatomia da folha é simples. Apresenta epiderme com deposição de cutícula. Há uma camada de células de tecido palissádico seguido de 4 camadas de células de tecido lacunoso ou esponjoso. Há estômatos em ambas as superfícies. Lobo estreito é dominante sobre lobo largo. Teoricamente há vantagem das folhas com lobo estreito em condições de plantios densos e elevado índice de área foliar. Na prática há um problema: as folhas com lobo estreito têm menor área foliar unitária. A duração da folha talvez seja uma característica tão ou mais importante que sua forma na otimização do uso da radiação solar ao longo do ciclo cultural. Durante a estação seca as folhas sofrem abscisão e a planta diminui sua atividade fotossintética. A queda das folhas deve refletir um mecanismo de defesa da planta para evitar uma transpiração excessiva em condições de desequilíbrio hídrico.
Inflorescência
As flores estão dispostas em inflorescências cimosas. As flores masculinas, localizadas na extremidade da ramificação da inflorescência são maiores em número e tamanho que as femininas na base. São unissexuadas por aborto, monoclamídeas (perianto com um só verticilo) e apresentam pré-floração calicina. As flores femininas amadurecem alguns dias antes das masculinas (dicogamia protogínica), numa mesma inflorescência e, também, na mesma planta, admitindo-se, por isto que a mandioca seja do grupo das plantas alógamas. São agrupadas em panículas na extremidade dos ápices. Não apresentam importância econômica, pois os frutos não têm valor comercial.
José Luis da Silva Nunes
Engenheiro Agrônomo, Dr. em Fitotecnia