Na colheita de raízes de mandioca de mesa, além da produtividade, devem ser considerados a uniformidade do tamanho das raízes, o tempo de cozimento e a vida útil pós-colheita. Essas qualidades têm sido obtidas, de maneira geral, em raízes oriundas em um ciclo de oito a 14 meses de idade, sendo que essas características são muito influenciadas pela variedade e pelas condições edafoclimáticas. Para as variedades destinadas à indústria (fecularias e farinheiras), a melhor época de colheita tem sido determinada pela produtividade e o teor de amido das raízes. De maneira geral, essas características são obtidas em mandiocais com dois ciclos ou com 18 a 24 meses de plantio.
A colheita das raízes de mandioca é uma etapa importante do processamento, sendo uma das fases mais onerosas do sistema de produção, responsável por quase metade do custo da produção. Quanto à época de colheita, a mais indicada é no período de repouso da planta, ou seja, quando pelas condições de clima e do ciclo, elas já diminuíram o número e o tamanho das folhas e dos lobos foliares, condição em que atinge o máximo de produção de raízes com elevado teor de amido.
A colheita pode ser realizada de forma manual, semimecanizada ou mecanizada:
- Manual: é o sistema de colheita mais utilizada em função da predominância de pequenas áreas de plantio. Normalmente é feita uma poda da parte aérea da planta para facilitar o arranquio das raízes ou faz-se o arranquio direto da planta sem a poda. Geralmente, são utilizados enxada, enxadão, picareta ou o “jacaré” (alavanca para arranquio de mandioca) para facilitar o trabalho e evitar a quebra das raízes;
- Semimecanizada: é realizada a poda da parte aérea das plantas manualmente ou com roçadeiras mecanizadas e são utilizados fofadores, que facilitam o arranquio manual das raízes; esse manejo é mais empregado em áreas de mandioca para indústria, uma vez que o equipamento pode danificar as raízes;
- Mecanizada: existem máquinas que realizam a poda da parte aérea e arrancam as raízes, sendo ainda pouco utilizadas por estar em testes e ajustes.
Para as variedades de mesa ou de indústria, a colheita deve ser realizada nas primeiras horas do dia para evitar a rápida deterioração do produto devido ao calor de campo (calor do sol), que pode ser absorvido pelas raízes durante o dia. Quanto mais calor absorvido pelas raízes após a colheita, menor será a sua durabilidade. Outros cuidados importantes devem ser tomados, tais como: evitar danificar as raízes no arranquio e na separação da raiz da cepa; evitar bater ou jogar as raízes, pois isso propicia o apodrecimento e o sabor amargo; para variedades de mandioca de mesa para venda in natura, também se deve evitar a utilização das raízes que tenham soltado a película externa, selecionando-se as raízes de tamanho e formato adequados para o armazenamento e o transporte, preferencialmente em caixas plásticas retornáveis ou mesmo em caixas do tipo K.
Após a colheita, as raízes devem ser transportadas o mais rápido possível para um local fresco, e não devem permanecer em contato direto com o sol. O ideal é resfriar o produto para retirar o calor de campo em água fria ou em câmara fria. Como na maioria das propriedades rurais ainda não é possível realizar essa operação, recomenda-se o transporte do produto rapidamente para a sombra. No trajeto do campo para o galpão de preparação ou para a venda do produto, ele deve ser coberto com lona apropriada ou restos de culturas, como capins secos, por exemplo. As condições adequadas de armazenamento das raízes de mandioca de mesa in natura após a chegada do campo são, de preferência, em refrigeração, com temperatura em torno de 3ºC e umidade relativa alta em torno de 95%. Se não for possível, o produto deve ser mantido à sombra e comercializado ou processado o mais rápido possível devido à durabilidade baixa. A raiz de mandioca é um produto vivo e, por isso, após a colheita, irá consumir suas reservas para manter-se nessa condição. Quanto mais adequado for o manuseio do produto, maior será a sua durabilidade (vida útil ou de prateleira).
José Luis da Silva Nunes
Engenheiro Agrônomo, Dr. em Fitotecnia
Fonte
RINALDI, M.M.; OLIVEIRA, L.A. Colheita. In: Cultivo da Mandioca para Região do Cerrado. Disponível em https://www.spo.cnptia.embrapa.br/conteudo?p_p_id=conteudoportlet_WAR_sistemasdeproducaolf6_1ga1ceportlet&p_p_lifecycle=0&p_p_state=normal&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-1&p_p_col_count=1&p_r_p_-76293187_sistemaProducaoId=5304&p_r_p_-996514994_topicoId=10863.