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Dizer que Brasil usa defensivos banidos é "leviano"

"Essa afirmação, é no mínimo desinformada quando não leviana e, não condiz com a realidade", diz Andef


“Um dos mitos que mais gera questionamentos é o de que o Brasil utiliza produtos que já foram banidos em outros países. Essa afirmação, é no mínimo desinformada quando não leviana e, não condiz com a realidade”. A afirmação é do engenheiro agrônomo Mário Von Zuben,  diretor executivo da Andef (Associação Nacional de Defesa Vegetal).

Ele esclarece que cada país adota diretrizes próprias sobre registro de produtos, e que as diferentes condições climáticas e tipos de culturas requerem diferentes manejos fitossanitários: “Por exemplo, fungicidas são mais utilizados no norte da Europa nas culturas de cereais, sob clima úmido e relativamente frio; já inseticidas são mais requisitados em climas quentes, nos quais existe maior diversidade de pragas, como no Brasil”. 

“Isso quer dizer que os produtos são avaliados e aprovados de acordo com a necessidade de uso específica e particular de cada país: se um produto é utilizado no Brasil, mas não em outros locais, significa que ele está atendendo a uma necessidade característica daqui que não existe em outros países, e não necessariamente que ele esteja banido nesses lugares. A situação inversa também é verdadeira, pois hoje existem 22 herbicidas, 1 inseticida e 10 fungicidas aprovados para uso no trigo na Europa que, sequer, possuem utilização no Brasil”, explica.

De acordo com Zuben, é preciso diferenciar defensivos banidos de defensivos que não são registrados: “Quando um produto é banido, significa que ele havia sido aprovado e que, por alguma reavaliação baseada nas regulações de cada país ou região global, sua utilização deve ser descontinuada. Já a ausência de registro significa que o produto não teve sequer um pedido de avaliação em determinado país, e isso pode acontecer por diversos motivos, como, por exemplo, o produto ser destinado a uma praga que não tem incidência significativa na região em questão ou até ser voltado a uma lavoura que não é cultivada no local. Por isso, o fato de países europeus não utilizarem produtos que são usados no Brasil significa apenas que lá esses pesticidas não são necessários”.

“É claro que, se houver indícios de danos à saúde humana e ao meio ambiente, o produto passará por um processo de reavaliação que analisará minuciosamente os estudos toxicológicos e as evidências disponíveis. Caso sejam comprovados os efeitos nocivos, o produto pode ser proibido ou tem seu uso restringido. Nesse contexto, é muito importante enfatizar que, no Brasil, existe um sistema de reavaliação de produtos, e que é acionado a qualquer momento, sempre que houver alerta do ponto de vista agronômico, de saúde ou ambiental”, complementa o especialista.

“Por todas essas razões, não há motivos para se preocupar. O processo rigoroso ao qual os produtos são submetidos pelos órgãos responsáveis do País serve justamente para garantir a segurança na utilização desses produtos. É compreensível que surjam dúvidas a respeito desse tema e, justamente por isso, é necessário que os mitos sejam combatidos com informações confiáveis provenientes de fontes seguras”, conclui. 

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