A pomicultura no Brasil teve origem no município de Fraiburgo no Estado de Santa Catarina nos anos de 1963/1964, com a importação de mudas de macieira pela Sociedade Agrícola Fraiburgo de capital nacional e franco-argelino. Essa empresa implantou um pomar experimental de 50 ha com todas as plantas frutíferas de clima temperado com valor comercial, a fim de observar a sua adaptação e selecionar aquelas que apresentassem condições para exploração econômica na região.
O governo brasileiro, seguindo o modelo de substituição de importações, implantado a partir da revolução de 64, destacou como prioridade a cultura da macieira, afinal essa fruta figurava como segundo item na pauta de importações agrícolas do Brasil. Assim, devido a solicitação de apoio internacional para o desenvolvimento da cultura por parte do governo brasileiro, os Estados Unidos e a França enviaram técnicos para avaliar as condições brasileiras de produção. Os especialistas americanos desaconselharam o cultivo da macieira no Brasil. Já o francês, único encarregado dessa análise pelo seu país, incluiu o município de Fraiburgo na visita, pois havia oferecido mudas de macieira para essa região, e encontrou mudas plantadas com quatro anos de idade e já com grande produção de frutas de boa qualidade, constatando-se condições adequadas para o plantio nesse local.
Em decorrência do sucesso do cultivo da macieira observado em Fraiburgo, o Governo Federal criou, em 1969, incentivos fiscais para grandes produtores desenvolverem a cultura e o Governo de Santa Catarina criou, em 1970, o Programa de Fruticultura de Clima Temperado (PROFIT), voltado para médios e pequenos produtores. Posteriormente, o PROFIT foi utilizado como modelo pelos Estados do Paraná e do Rio Grande do Sul, ambos também com condições de produzir maçãs, para incentivar o plantio da cultura.
Os primeiros pomares implantados, impulsionados pelo Governo Federal através de linhas especiais de crédito bancário e incentivos fiscais, eram formados, em grande parte, por variedades tradicionalmente utilizadas no hemisfério norte e Argentina como a “Golden Delicious”, a “Red Delicious” e a “Starkinson” e por plantios com baixas densidades de plantas.
A cultura da macieira apresentou grande expansão após a sua implantação, observando-se incrementos consideráveis de produção e de produtividade, modificações e atualizações na tecnologia empregada para seu cultivo.
Nota-se que, nos Estados produtores, no período de 1984 a 1991, o volume de colheitas praticamente dobrou em Santa Catarina e no Paraná e triplicou no Rio Grande do Sul. As variedades modernas, Gala e Fuji, introduzidas no país a partir da metade dos anos 70, representam atualmente mais de 80% da fruta produzida e, tecnologicamente, a cultura da macieira está em níveis bastante avançados, seguindo a tendência mundial de cultivo em alta densidade, o que permite antecipar a primeira colheita dos novos pomares.
A área cultivada com macieiras, por sua vez, teve um grande aumento até meados da década de 80, passando a apresentar variações não muito significativas nos últimos anos. Isso ocorre devido ao plantio de novos pomares ter mantido certa equivalência com a erradicação de pomares que tornam-se inviáveis econômica ou tecnologicamente.
José Luis da Silva Nunes
Engenheiro Agrônomo, Dr. em Fitotecnia
Fonte
FETT, M.S. Análise econômica de sistema de Macieiras no município de Vacaria/RS. 2000. 145 f. Dissertação de mestrado - Programa de Pós-graduação em Economia Rural, Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 2000.