A sarna da macieira (Malus domestica), causada pelo fungo Venturia inaequalis, é uma das principais doenças foliares, podendo causar perdas totais em locais com condições ambientais favoráveis, caso não sejam tomadas as medidas de controle adequadas. Atualmente ocorre em todas as regiões produtoras de maçã.
A sarna está presente em todos os países que cultivam a macieira. É considerada a principal doença desta cultura em regiões com primavera fria e úmida. Em locais quentes e secos torna-se de pouca importância. No Brasil, a doença foi constatada pela primeira vez no Estado de São Paulo no ano de 1950 e atualmente ocorre em todas as regiões produtoras de maçã.
Danos
Ocorrem lesões de coloração verde-oliva, isoladas ou espalhadas em ambas as superfícies das folhas, que se desenvolvem adquirindo aspecto aveludado, coloração cinza-escura e contorno aproximadamente circular.
Nos frutos, inicialmente aparecem pequenas lesões circulares nos frutos e posteriormente ocorrem deformação, rachaduras e queda prematura.
Os ramos novos, quando infectados, podem apresentar lesões e cancros.
A disseminação da doença é feita pelo vento. Condições de alta umidade, água livre sobre as folhas e temperatura entre 15,5ºC e 21ºC são favoráveis à germinação dos ascósporos. Nestas condições a latência varia de 10 a 21 dias. A infeção de Venturia inaequalis depende do número de horas que a folha permanece molhada e da temperatura média no período. Folhas novas são mais suscetíveis à infeção. A partir da sexta folha, ocorre um aumento significativo da resistência. O hospedeiro encontra-se mais suscetível nos estádios fenológicos C a J.
Controle
Algumas práticas culturais podem contribuir para o controle da sarna. Plantas bem podadas, com o seu interior aberto, facilitando a entrada de luminosidade e cobertura com fungicidas, impedem o acúmulo de umidade e reduzem a taxa de infecção do fungo. Tratamento de uréia a 5%, durante o mês de maio, quando a maioria das folhas estão amareladas e prestes a cair, procurando também atingir as folhas caídas no solo, acelera a decomposição destas folhas e, com isso, reduz substancialmente a formação de ascósporos, responsáveis pela infecção primária no pomar. Tratamentos com fungicidas sistêmicos para o mesmo fim, fornecem resultados igualmente eficientes.
A sarna da macieira é controlada eficazmente com fungicidas protetores e sistêmicos (inibidores de biossintese de ergosterol). Para o controle da sarna em períodos críticos (estádio C3 a J), as aplicações são feitas de acordo com o calendário fenológico. Fungicidas são aplicados nos estádios C3, D, F, H e I. O número de aplicações durante o período crítico varia em função da quantidade de inóculo inicial, da suscetibilidade do cultivar e do tipo e modo de aplicação de fungicidas. Em regiões com inóculo inicial elevado como São Joaquim-SC; Vacaria-RS e Palmas-PR, o número de aplicações varia de 9 a 12 anualmente. Este número pode cair para três em regiões como Paranapanema-SP.
Com os fungicidas curativos, pode-se espaçar o número de aplicações. Em média, recomenda-se um intervalo de aplicação de 7 a 10 dias. No caso de usar mistura de fungicidas curativos e protetores, o prazo pode ser estendido até 12 dias. Após o período crítico, as aplicações de fungicidas podem ser espaçadas de 14 até 21 dias. Outra alternativa de controle é o uso de fungicidas em alta concentração. Cerca de 30 dias após a aplicação em alta concentração, deve-se reiniciar os tratamentos com.fungicidas protetores na dosagem convencional. Este sistema é especialmente indicado para pomares novos. Sistemas de previsão e avisos de riscos de infecção podem servir ao manejo curativo com fungicidas sistêmicos.
O uso de cultivares resistentes a Venturia inaequalis é o modo ideal de controle, pois diminui os gastos com fungicidas e reduz os riscos de poluição do meio ambiente. A maioria dos cultivares comerciais utilizados no Brasil é suscetível.
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José Luis da Silva Nunes
Engenheiro Agrônomo, Dr. em Fitotecnia