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A importância dos micronutrientes no tomate

Leia sobre a importância dos micronutrientes no tomateiro.


Foto: Divulgação

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Micronutrientes no tomate
Boro no tomateiro
Cobre no tomateiro
Ferro no tomateiro
Manganês no tomateiro
Zinco no tomateiro
Cloro no tomateiro
Molibdênio no tomateiro
Silício no tomateiro

 

Micronutrientes no tomate

Apesar dos micronutrientes serem exigidos em menores quantidades que os macronutrientes, também possuem bastante importância para o desenvolvimento e produtividade das culturas. No caso do tomateiro, os micronutrientes mais importantes são o zinco e o boro. Observe na tabela abaixo a remoção de micronutrientes (em mg) para cada kg de frutos (em peso seco).

Tabela 1. Remoção de micronutrientes no fruto de tomate.
Micronutriente mg/kg de fruto (peso seco)
Boro 10 - 50
Cobre 1 - 10
Ferro 30 - 100
Manganês 10 - 50
Molibdênio 0,1 - 1,0
Zinco 10 - 50

 

Como os nutrientes são exigidos em baixas quantidades, a diferença entre a dose adequada e o excesso (que causa toxicidade na planta) é pequena. Dessa forma devemos sempre ter cuidado para que o tomateiro não esteja recebendo quantidades excessivas do nutriente. Abaixo vamos ler mais sobre a importância de cada micronutriente no tomateiro.

 

Boro no tomateiro

O boro é um nutriente imóvel no floema de muitas espécies, faz parte da parede celular e atua na integridade da membrana plasmática das plantas, sendo fundamental para a formação de novos tecidos. Participa também no metabolismo, através da síntese e transporte de carboidratos, síntese de proteínas, fixação de nitrogênio, transporte de açúcares, divisão celular, germinação do grão de pólen e crescimento do tubo polínico, sendo a fase reprodutiva da cultura altamente exigente do nutriente. O boro também diminui a esterilidade masculina e o chochamento de grãos e proporciona resistência às doenças.

Quando ocorre deficiência de boro, o desenvolvimento do tecido meristemático é paralisado, com morte da gema terminal. Os sintomas da deficiência de boro são semelhantes aos sintomas da deficiência de cálcio. As plantas deficientes em boro apresentam encurtamento dos internódios, deformação de frutos e de folhas e entrenós curtos. Em casos severos, a parte aérea da planta tem seu crescimento afetado, ocorrendo a morte dos pontos de crescimento. Também ocorre clorose internerval nos folíolos das folhas jovens, que ficam pequenas, se enrolam para dentro e se deformam.

Nos frutos de tomate, a deficiência de boro causa a exposição da placenta, sintoma conhecido como "lóculo aberto", ocorrendo bastante em cultivares dos Grupo Salada ou Caqui, que possuem frutos pluriloculares, que exigem maiores quantidades de boro.

Para evitar a deficiência do nutriente, de forma preventiva, este pode ser aplicado via fertirrigação, aplicando 1 grama de boro por planta, a cada 15 dias, repetindo até quatro vezes. Em caso de deficiência do nutriente, pode-se pulverizar ácido bórico, em concentração de 2 a 3 gramas por litro de água, ou usando produtos quelatizados. Recomenda-se aplicar o nutriente de 7 em 7 dias, dirigindo o jato para os frutos.

 

Cobre no tomateiro

A concentração normal de cobre nas plantas varia entre 5 e 20 ppm, e é absorvido pelas raízes, principalmente através de fluxo de massa, na forma de Cu2+. O nutriente é responsável por diversas funções na planta, como a fotossíntese, participação em enzimas, proteínas e carboidratos, fixação do nitrogênio, reprodução das plantas, resistência à seca e doenças, lignificação da parede celular etc.

A deficiência de cobre é rara, porém, pode ocorrer nas seguintes situações:

  • Solos turfosos ou orgânicos: nestes solos, o cobre se liga fortemente a matéria orgânica, ficando indisponível;
  • Calagem excessiva: sabemos que a disponibilidade de micronutrientes catiônicos (cobre, ferro, zinco e manganês) diminui 100 vezes a cada aumento de 1 unidade do pH. Dessa forma, a calagem não deve ser excessiva a ponto de causar deficiência desses elementos;
  • Solos arenosos com bastante precipitação: estes solos possuem poucas cargas negativas, e em situações de bastante chuva, os cátions (como o cobre) podem ser perdidos por lixiviação.

No tomate, assim como em outras plantas, quando ocorre deficiência de cobre, os sintomas surgem em folhas mais novas da planta, através de amarelecimento nas margens e entre as nervuras das plantas, junto com necrose nas nervuras das folhas inferiores. A planta pode murchar e as flores podem abortar ou ficar com má-formação.

Para corrigir a deficiência do nutriente, podemos pulverizar semanalmente oxicloreto ou hidróxido de cobre (0,4%). Na produção de tomate, é mais comum nos depararmos com o excesso do que com a carência de cobre, devido ao uso frequente de defensivos com cobre. Quando ocorre excesso de cobre no tomate, as folhas ficam ressecadas e enroladas, os folíolos ficam com tonalidade verde claro, e as nervuras e pecíolos com tonalidade roxa. Os topos das plantas ficam menores e brancos, e o cálice e a colora esbranquiçados. Ocorre uma redução da fotossíntese que afeta diretamente a produtividade final.

 

Ferro no tomateiro

O ferro é envolvido na transferência de elétrons, reações de oxi-redução, metabolismo de ácidos nucléicos e constituição de várias enzimas. Além disso, regula alguns processos como a fotossíntese, metabolismo do nitrogênio, síntese de clorofila e respiração. A concentração do nutriente na planta geralmente oscila entre 50 ppm e 250 ppm em peso seco. Efeitos tóxicos começam a ser observados em concentrações próximas de 500 ppm.

A deficiência de ferro pode afetar negativamente estes processos, e, consequentemente, a produtividade. A carência deste nutriente causa alterações na função e estrutura do aparato fotossintético, diminuindo a quantidade de pigmentos verdes e enriquecendo os pigmentos amarelos, devido ao aumento de carotenoides nos cloroplastos.

O ferro pode formar complexos ou quelatos com elementos orgânicos. A maioria desses compostos orgânicos são solúveis, formando complexos ou quelatos com o ferro que ficam em solução.

No tomate, quando ocorre deficiência de ferro, observamos sintomas como redução do crescimento da planta, coloração amarelada desuniforme que se inicia na base das folhas novas e segue para o ápice, podendo também ocorrer em folhas intermediárias. Esses sintomas são semelhantes aos sintomas de deficiência de enxofre. A deficiência de ferro pode ocorrer após a aplicação de doses exageradas de calcário ou após aplicações de cobre e zinco. Para corrigir a deficiência do nutriente, podemos pulverizar ferro quelatizado, como o Fe-EDTA a 0,05%, em alto volume.

 

Manganês no tomateiro

O manganês é pouco móvel nas plantas, e é absorvido pelas raízes através de mecanismos de interceptação radicular e difusão, na forma de Mn2+ e complexos orgânicos, sendo necessário aplicar o nutriente próximo às raízes. Este nutriente participa de vários processos metabólicos nas plantas, como por exemplo a ativação e constituição de enzimas, além de participar da fotólise da água e síntese de clorofila. Várias enzimas envolvidas na fotossíntese são ativadas pelo Manganês, tanto nas plantas C3 quanto C4. Segundo Malavolta (2006), depois do Cloro e Ferro, o Manganês é o micronutriente mais exigido pelas plantas.

No tomate, raramente ocorre deficiência de manganês, pois quase sempre é aplicado com defensivos à base do nutriente. Quando ocorre deficiência de manganês, surgem sintomas como clorose internerval verde-clara ou amarelada e pontos necróticos nas folhas mais novas, junto com a redução de crescimento da planta. Nestes casos, pode-se pulverizar nas folhas sulfato de manganês a 0,4%.

 

Zinco no tomateiro

O zinco possui baixa mobilidade no solo, sendo importante que as plantas tenham um sistema radicular vigoroso para capturar o nutriente, que é absorvido na forma Zn2+ ou como molécula orgânica. 

O zinco desempenha funções no metabolismo das plantas relacionadas ao crescimento e maturação, como controle hormonal, precursor do ácido indol acético (AIA), que é uma auxina (hormônio de crescimento), manutenção da integridade e seletividade das membranas da raiz, multiplicação celular, metabolismo de aminoácidos e produção do ácido nucleico, constituição e ativação de enzimas, participação na fotossíntese, respiração, síntese de proteínas e de amido e resistência a doenças. A deficiência de zinco diminui a atividade enzimática da planta, diminui a integridade da membrana celular, inibe a fotossíntese, altera o processo anaeróbico da respiração (devido ao acúmulo de acetaldeído nas raízes), aumenta os radicais que causam extravasamento de conteúdo celular, reduz o teor de proteínas etc.

No tomate, quando há deficiência de zinco, surgem sintomas nas partes novas da planta, como encurtamento dos entrenós, e em casos mais severos, clorose, deformação e redução do tamanho das folhas. Em solos orgânicos ou solos erodidos pode ocorrer a deficiência do nutriente, bem como em solos arenosos que receberam doses exageradas de calcário com alta concentração de fósforo em solução (o fósforo promove inibição não competitiva na absorção de zinco).

Nestes casos, podemos aplicar sulfato de zinco no plantio, misturado com outros adubos, geralmente com doses entre 5 kg e 10 kg por hectare. Se a deficiência for diagnosticada durante o ciclo, pode-se aplicar o nutriente via fertirrigação (3 a 4 a aplicações), a cada 15 dias, aplicando 1 g/planta. Outra opção é a pulverização semanal de sulfato de zinco, com 0,15% de concentração.

 

Cloro no tomateiro

O cloro desempenha diversas funções importantes nas plantas, como por exemplo:

  • Transporte de nutrientes com cargas positivas como por exemplo o potássio, magnésio e cálcio;
  • Fotossíntese: o cloro atua como cofator de uma enzima que catalisa a fotólise da água com a liberação de O2
  • Hidratação e turgescência das células vegetais, auxiliando o movimento e retenção de água nas células;
  • Movimento dos estômatos: o cloro atua na abertura e fechamento dos estômatos, sendo importante para o cultivo em locais de seca;
  • Fortalecimento do caule, reduzindo o acamamento das plantas;
  • Produção mais rápida;
  • Regulação osmótica, conferindo menores efeitos causados por doenças;
  • Ativação de enzimas envolvidas na germinação e transferência de energia na planta.

No tomate, a deficiência de cloro resulta em um murchamento nas folhas mais velhas, ocorrendo posteriormente clorose, bronzeamento e necrose. Ocorre uma ramificação das raízes laterais, porém, ficando curtas e cheias de pontas. Além disso, a deficiência do nutriente pode induzir a deficiência de cálcio.Devido à grande abundância e solubilidade do cloro, é mais comum a ocorrência de toxicidade por excesso do nutriente do que deficiência.

 

Molibdênio no tomateiro

O molibdênio, junto com o níquel, são os micronutrientes essenciais exigidos em menores quantidades pelas plantas. Desempenha funções na produção de molibdoenzimas, que regulam diversas funções fisiológicas, dentre elas, a mais conhecida é a regulagem da nutrição do nitrogênio. O molibdênio atua na redutase, que é uma via metabólica do nitrato, com papel essencial para que a planta aproveite o nitrogênio. Assim, sem o molibdênio, ocorre um menor aproveitamento do nitrogênio pela planta, o que faz com que os sintomas de deficiência de molibdênio possam surgir como sintomas de deficiência de nitrogênio.

A deficiência de molibdênio pode ocorrer em solos com pH abaixo de 5, onde as cargas positivas retêm o ânion molibdato, diminuindo a disponibilidade do nutriente para as plantas. O problema pode ser corrigido com a calagem do solo e com aplicação de molibdato de sódio ou de amônio, através da pulverização foliar a 0,5 - 1,0 g/L de água.

No tomate, a absorção do molibdênio pelas raízes é estimulada pela presença de H2PO4-2 e inibida pelo enxofre (SO4-2). Alguns estudos mostram as respostas positivas do tomateiro após a aplicação com molibdênio. Geralmente a aplicação de molibdênio é via semente, devido a boa uniformidade e eficiência.

 

Silício no tomateiro

Dentre os efeitos benéficos do silício nas plantas, podemos citar o engrossamento, lignificação e/ou silicificação das paredes celulares causado pelo acúmulo do nutriente, propiciando:

  • maior resistência ao acamamento;
  • maior resistência ao ataque de pragas e doenças. Você pode ler mais sobre o efeito do silício na proteção contra pragas e doenças na nossa página sobre tomate, na seção de fitossanidade.
  • menor transpiração da planta (exigindo menos água e apresentando maior resistência ao déficit de água);
  • melhor interceptação de luz;
  • redução da toxicidade causada por excesso de sal e/ou metais.

Em solos tropicais e subtropicais sujeitos à intemperização e lixiviação, com cultivos sucessivos, ocorre a dessilificação, ocorrendo baixos níveis de silício trocável. Alguns estudos apontam que o tomate não é uma cultura acumuladora e responsiva à adubação com silício, porém, a omissão desse elemento causa alguns prejuízos no estágio dos primeiros botões florais. Ocorre uma diminuição de crescimento no tecido meristemático, deformações em regiões próximas ao ápice das plantas jovens, formação anormal de folhas novas e falha de polinização, causando a não formação dos frutos e redução da produção de matéria seca das raízes e folhas. O silício também possui um papel importante na defesa da planta contra pragas e doenças. Você pode ler mais sobre esse assunto na nossa seção sobre fitossanidade no tomate.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

ALVARENGA, M. A. R.; LOPES, G.; GUILHERME, L. R. G. Nutrição Mineral. In: ALVARENGA, M. A. R. Tomate: Produção em campo, casa de vegetação e hidroponia. 3. ed. Lavras, MG: [s. n.], 2022. cap. 5, p. 111-181.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIA DO SOLO. Manual de Adubação e de Calagem Para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2016.

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