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A importância do nitrogênio no tomate

Leia sobre a importância e cuidados com a adubação nitrogenada no tomate.


Foto: Canva

O nitrogênio, após o potássio, é o segundo nutriente mais exigido pela cultura do tomate, e se encontra predominantemente na forma de compostos orgânicos como por exemplo na molécula de clorofila, ou integrando ácidos nucleicos e todos os aminoácidos. Quanto à função do nitrogênio, sem este nutriente, não teremos clorofila, inviabilizando a fotossíntese e assim a planta não se desenvolve e fica amarela. Sob boas condições, o NH4+ é rapidamente convertido em NO3- pelas bactérias do solo. Ambas as formas podem ser absorvidas e utilizadas pelas plantas, porém a maioria, exceto as aquáticas, como arroz, absorve mais N-NO3 do que NH4+.

O nitrogênio favorece o desenvolvimento das folhas, resultando em maior capacidade de fotossíntese e consequentemente aumento de produtividade. No tomate, o nitrogênio é o nutriente que possui maiores efeitos quanto ao crescimento e produção da planta. O nitrogênio, em quantidades ideais, dentre outras funções, promove a formação de flores e frutos, melhora o tamanho e cor do fruto e regula a maturação. Porém, devemos lembrar que o tomate possui grande capacidade de absorver o nitrogênio do solo, e o excesso do nutriente deve ser evitado.

A absorção excessiva de nitrogênio pela planta pode ser bastante danosa, pois proporciona um crescimento excessivo das folhas e do caule, podendo resultar em acamamento, principalmente em cultivares de crescimento determinado. Ocorre um desequilíbrio entre a parte aérea e a raiz, com prejuízo para o sistema radicular. Além disso, o excesso de nitrogênio torna a planta mais suculenta, tornando também a planta mais suscetível ao ataque de doenças, além de contribuir para o surgimento de distúrbios fisiológicos como podridão apical, frutos com ombro verde ou frutos ocos, além de atrasar a maturação dos frutos. 

O tomate extrai aproximadamente 2,2 a 2,4 kg de nitrogênio para cada tonelada de frutos de tomate produzidos. Quando se busca produtividades acima de 100 toneladas por hectare, altas doses podem ser necessárias, como, por exemplo, a aplicação de 250 kg/ha, sempre cuidando para evitar excessos. Para isso, sempre consulte um engenheiro agrônomo para obter recomendações adequadas.

A melhor forma de aplicar o nitrogênio é na forma nítrica, pois a forma amoniacal pode resultar em alguns problemas. O nitrogênio na forma de amônia é absorvido preferencialmente quando comparado com potássio, cálcio e magnésio, diminuindo o teor destes nutrientes na planta e, consequentemente, a produtividade. Além disso, o menor teor de cálcio pode provocar podridão apical. Outro fator importante, é que o nitrato diminui o desenvolvimento de doenças como o fusarium e podridão radicular. Já após a colheita, o nitrogênio na forma nítrica proporciona frutos mais firmes.

 

Sintomas de deficiência / excesso de nitrogênio no tomate

Quando ocorre excesso de nitrogênio, as folhas ficam com cor mais escura, e a planta apresenta um crescimento excessivo, com menores quantidades de flores, e as plantas mais suscetíveis à doenças e estresse hídrico. A frutificação também é reduzida, com atraso na maturação (devido à falta de potássio e magnésio), e a cor dos frutos é alterada.

Quanto aos sintomas de deficiência de nitrogênio, como é um nutriente que se movimenta dentro da planta, ele se desloca para as folhas mais novas, e os sintomas aparecem nas folhas mais velhas através de uma clorose, deixando as folhas com uma cor verde claro ou amarelada, além do arroxeamento do caule. Em casos mais severos, pode ocorrer a morte do tecido foliar, começando na ponta das folhas mais velhas. Observa-se também a restrição ou paralisação do crescimento da planta. Quando a deficiência é severa, as folhas mais velhas podem apresentar uma cor púrpura antes de cair. As flores também podem cair, de forma prematura, e os frutos são mais pequenos que o normal.

Observe na imagem abaixo:


Clorose por deficiência de nitrogênio no tomate.
Imagem: Acervo da Embrapa Hortaliças

 

Qual dose de nitrogênio devo usar no tomate?

A adubação de nitrogênio no solo deve ser elaborada a partir da análise de solo, tipo de solo, sistema de condução, tipo de irrigação e o potencial produtivo da cultura. Todos estes aspectos devem ser avaliados por um profissional para se definir a melhor dose a ser aplicada.

Existem manuais de adubação que estabelecem algumas dosagens de aplicação de nitrogênio para o tomate, variando, principalmente, conforme o teor de matéria orgânica no solo, porém, considerando também outros fatores como expectativa de produção. Abaixo temos dois exemplos:

 

Manual de calagem e adubação para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina (2016)

Teor de matéria orgânica no solo (%) Nitrogênio (kg/ha)
< 2,6% 190
2,6 - 5,0% 140
> 5,0% 90

Obs: Em casos de expectativa de rendimento acima de 80 t/ha, acrescentar 3 kg de nitrogênio/ha por cada tonelada adicional de tomate a ser produzida.

Aplicar 20 kg de N/ha no plantio, preferencialmente através de fontes orgânicas. Aplicando o resto semanalmente da seguinte forma:

  • 1ª semana após o plantio - 4% da dose restante
  • 2ª semana após o plantio - 2% da dose restante
  • 3ª semana após o plantio - 2% da dose restante
  • 4ª semana após o plantio - 3% da dose restante
  • 5ª semana após o plantio - 4% da dose restante
  • 6ª semana após o plantio - 5% da dose restante
  • 7ª semana após o plantio - 6% da dose restante
  • 8ª semana após o plantio - 7% da dose restante
  • 9ª semana após o plantio - 8% da dose restante
  • 10ª semana após o plantio - 9% da dose restante
  • 11ª semana após o plantio - 9% da dose restante
  • 12ª semana após o plantio - 9% da dose restante
  • 13ª semana após o plantio - 8% da dose restante
  • 14ª semana após o plantio - 7% da dose restante
  • 15ª semana após o plantio - 6% da dose restante
  • 16ª semana após o plantio - 5% da dose restante
  • 17ª semana após o plantio - 4% da dose restante

 

Manual de Calagem e Adubação do Estado do Rio de Janeiro (2013)

Sugere-se a dose de 400 kg de N por hectare, diminuindo em solos com teor médio a alto de matéria orgânica, ou quando a adubação verde anteceder o plantio.

  25 DAS*
(plantio)
40 DAS 55 DAS 70 DAS 85 DAS 100 DAS 115 DAS
Porcentagem da dose de nitrogênio 10 10 10 20 20 15 15

*DAS = Dias após a semeadura

 

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

FLORES, P. et al. Tomato yield and quality as affected by nitrogen source and salinity. Agronomie, EDP Sciences, Paris, v. 23, n. 3, p. 249-256, 2003.

JARAMILLO, J. et al. Buenas prácticas agrícolas en la producción de tomate bajo condiciones protegidas. Rio Negro: FAO, Gobernación de Antioquia, FAOMANA, CORPOICA, 2007. 315 p. (Manual Técnico).

LEAL, F. R. R. CONCENTRAÇÕES DE NITROGÊNIO E DE POTÁSSIO NA SOLUÇÃO NUTRITIVA PARA A PRODUÇÃO DO TOMATEIRO. Orientador: Prof. Dr. Arthur Bernardes Cecílio Filho. 2013. Tese de doutorado (Doutor em agronomia) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP, Jaboticabal, SP, 2013.

PORTZ, Adriano et al. Recomendações de adubos, corretivos e de manejo da matéria orgânica para as principais culturas do Estado do Rio de Janeiro. In: MANUAL DE CALAGEM E ADUBAÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Rio de Janeiro: Editora Universidade Rural, 2013. cap. 14.

RIBEIRO, A. C.; GUIMARÃES, P. T. G., ALVAREZ, V. V. H. (Ed.). Recomendações para o Uso de Corretivos e Fertilizantes em Minas Gerais: 5ª aproximação. Viçosa, MG: Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais, 1999. 359 p.

SILVA, D. M. P. Da. DOSES E FONTES DE NITROGÊNIO NA NUTRIÇÃO DE TOMATE DE MESA. Orientador: Prof. Dr. Roberto Lyra Villas. 2019. Tese de doutorado (Doutor em agronomia) - Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp Câmpus de Botucatu, Botucatu, SP, 2019.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIA DO SOLO. Manual de Adubação e de Calagem Para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2016.

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