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A importância do fósforo no tomate

Leia sobre o comportamento do fósforo na planta de tomate.


Foto: Divulgação

O fósforo é absorvido pelas plantas nas formas de ânion de H2PO4- e HPO42-. A função do fósforo está na formação de ácidos nucléicos, membranas, síntese de ATP, ADP e NADP, atuando diretamente na divisão celular, reprodução, metabolismo, armazenamento e transferência de energia. Contribui para o crescimento prematuro das raízes, qualidade de frutas, e formação de sementes. A planta jovem absorve maiores quantidades de fósforo, ocorrendo rápido e intenso crescimento das raízes em ambientes com níveis adequados do nutriente. Observe a tabela abaixo:

Tabela 1. Efeito do fósforo nos estágios de crescimento do tomate.
Estágio Efeito
Estabelecimento Maximiza o desenvolvimento da raiz
Crescimento vegetativo Propicia o crescimento contínuo
Florescimento - frutificação Desenvolvimento dos frutos
Maturação Melhora a qualidade nutricional do fruto

 

A aplicação de fósforo resulta em grandes respostas em produtividade no tomate, além de aumentar a qualidade dos frutos. Porém, ressalta-se que existe um grande predomínio de solos pobres em fósforo. Os solos brasileiros têm muita “fome” pelo nutriente, de modo que 70 a 80% do que é aplicado vai para o solo (colóides, sais, óxidos de ferro e alumínio que “sequestram” o nutriente), e não para a planta. Desta forma, estes sítios devem ser preenchidos para que o nutriente fique disponível para as plantas. Além disso, o nutriente está sujeito a perdas por percolação e principalmente por erosão. Existem associações micorrízicas para auxiliar as plantas na captação do nutriente, porém estas relações ainda não são bem estudadas a ponto de se estabelecer recomendações mais específicas.

 

Sintomas de deficiência / excesso de fósforo no tomate

Dentro da planta, o fósforo possui grande mobilidade e, por isso, quando ocorre deficiência do nutriente, o nutriente é deslocado para regiões mais novas, de crescimento, e os sintomas aparecem primeiro nas folhas mais velhas. Quando o tomate possui deficiência de fósforo, surgem sintomas como folhas eretas rígidas, de cor arroxeada, verde-escura ou verde-brilhante. As hastes ficam finas e fibrosas, com uma cor púrpura. Também ocorre redução da floração e frutificação, e queda de folhas. Os frutos ficam pequenos e com amarelecimento prematura. Vale destacar que estes sintomas surgem apenas quando a deficiência é aguda. Caso não seja aguda, os sintomas serão visíveis apenas no rendimento significativo de produtividade.


Folha de tomate arroxeada devido à deficiência de fósforo.
Fonte: Acervo Embrapa Hortaliças

 

Já o excesso de fósforo na planta pode interferir na absorção e transporte de outros nutrientes como zinco, manganês, cobre e ferro, podendo surgir sintomas de deficiências destes nutrientes.

 

Qual dose de fósforo devo usar no tomate?

A adubação de fósforo no solo deve ser elaborada a partir da análise de solo, tipo de solo, sistema de condução, tipo de irrigação e o potencial produtivo da cultura. Todos estes aspectos devem ser avaliados por um profissional para se definir a melhor dose a ser aplicada. Existem manuais de adubação que estabelecem algumas dosagens de aplicação de fósforo para o tomate, variando conforme fatores como região, expectativa de produção, análise do solo etc. Abaixo temos dois exemplos:

 

Manual de calagem e adubação para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina (2016)

O manual se baseia na interpretação do teor de fósforo no solo (extraído via Mehlich-1) conforme o teor de argila, para posteriormente fornecer uma dosagem de fósforo. Observe a tabela abaixo:

Tabela 2. Interpretação do teor de fósforo no solo (extraído por Mehlich-1) conforme o teor de argila para hortaliças.
Classe de disponibilidade Teor de argila
> 60% 60 a 41% 40 a 21% ≤ 20%
  ----- mg de fósforo / dm³ -----
Muito baixo ≤ 3,0 ≤ 4,0 ≤ 6,0 ≤ 10
Baixo 3,1 - 6,0 4,1 - 8,0 6,1 - 12,0 10,1 - 20,0
Médio 6,1 - 9,0 8,1 - 12,0 12,1 - 18,0 20,1 - 30,0
Alto 9,1 - 18,0 12,1 - 24,0 18,1 - 36,0 30,1 - 60,0
Muito alto > 18,0 > 24,0 > 36,0 > 60,0

Obs: Se a análise de solo for feita por Mehlich-3, transformar previamente os teores em “equivalentes
Mehlich-1”, conforme equação: PM1= PM3/(2 - (0,02 x arg)).

Interpretado o teor de fósforo no solo conforme o teor de argila, partimos para as tabelas com as quantidades.

Tabela 3. Adubação fosfatada conforme o teor de fósforo no solo.
Interpretação do teor de fósforo no solo Fósforo (kg de P2O5/ha)
Muito baixo 230
Baixo 150
Médio 110
Alto 70
Muito alto ≤ 40

Quando a expectativa de rendimento for maior do que 80 toneladas por hectare, devem ser acrescentados aos valores acima, para cada tonelada adicional, 3 kg de P2O5. A aplicação é feita no plantio. Se o teor de fósforo no solo for três vezes maior do que o teor crítico, não se recomenda a aplicação do fertilizante.

 

Manual de Calagem e Adubação do Estado do Rio de Janeiro (2013)

O manual recomenda o uso de adubos orgânicos junto à adubação mineral. Observe as tabelas abaixo:

Tabela 4. Recomendação de adubação de plantio, de fósforo, em complemento à adubação orgânica.
Teor de P (mg/dm³) Dose de P2O5 (kg/ha)
0 - 10 160
11 - 20 120
21 - 30 80
> 30 40

 

Já a tabela abaixo serve para cenários de uso exclusivo de adubos minerais, informando valores máximos de aplicação

Tabela 5. Recomendação de adubação fosfatada máxima exclusiva com adubos minerais para o tomate (doses totais).
Teor de P (mg/dm³) Dose de P2O5
0 - 10 640
11 - 20 480
21 - 30 240
> 30 160

No caso acima, 70% da dose deve ser aplicada na ocasião do transplantio (cerca de 25 dias após a semeadura), incorporados ao solo, e os 30% restantes 15 dias após, na forma de superfosfato.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIA DO SOLO. Manual de Adubação e de Calagem Para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2016.

PORTZ, Adriano et al. Recomendações de adubos, corretivos e de manejo da matéria orgânica para as principais culturas do Estado do Rio de Janeiro. In: MANUAL DE CALAGEM E ADUBAÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Rio de Janeiro: Editora Universidade Rural, 2013. cap. 14.

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