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Como controlar plantas daninhas no tomate em campo?

Leia sobre o manejo integrado de plantas daninhas no tomateiro.


Foto: Embrapa

No tomate, o uso de altos níveis de adubação e irrigações diárias favorecem o surgimento e desenvolvimento de populações de plantas daninhas de difícil controle, que interferem fortemente no desenvolvimento da cultura. Além disso, a arquitetura da copa, o espaçamento utilizado (geralmente superior a 1 metro) e o lento desenvolvimento da cultura nas primeiras semanas favorecem o desenvolvimento dessas espécies indesejadas, que reduzem o número e peso de frutos de tomate, além de atrasar a maturação de frutos e aumentar a quantidade de frutos podres, reduzindo significativamente a produtividade final.

A intensidade de redução de produtividade depende da espécie infestante. Estudos apontam reduções de:

  • 77% em infestações de Chenopodium album, Ambrosia artemisiifoliaAmaranthus spp. e Digitaria sanguinalis;
  • 80% em infestações de Chenopodium album, Ambrosia artemisiifolia e Cenchrus longispinus;
  • 84% em 3 anos em infestações densas de Chenopodium album, Amaranthus spp., Ambrosia artemisiifolia, Solanum ptycanthumDigitaria sanguinalis e Setaria viridis

Existem diversos outros estudos que apontam os prejuízos na redução de produtividade causados por plantas daninhas. Quanto mais semelhante a planta daninha for em relação ao tomateiro, mais intensa será a competição pelos recursos do meio. Outro fator é a semeadura: as maiores reduções de produtividade causadas por plantas daninhas ocorrem em tomateiros oriundos de semeadura direta, sendo significativamente maior do que no caso de transplantio de mudas.

Algumas espécies de plantas daninhas também podem causar interferência através da liberação de substâncias aleloquímicas, que afetam a germinação, crescimento, desenvolvimento e produtividade da cultura. Ainda, as plantas daninhas também podem servir como hospedeiras de pragas e doenças que atacam o tomateiro. As plantas daninhas podem favorecer muito as doenças murcha-bacteriana do tomateiro e o begomovírus, por exemplo.

 

Controle de plantas daninhas no tomateiro

Em algumas condições e momentos, as plantas daninhas podem conviver com o tomate por um período sem causar prejuízos significativos. O controle é feito nas épocas em que as plantas daninhas de fato competem com a cultura e prejudicam a produção.

O manejo integrado de plantas daninhas busca usar vários métodos de controle para reduzir a interferência dessas plantas na cultura, a ponto de não causar danos econômicos.

 

Controle preventivo de plantas daninhas no tomateiro

O controle preventivo evita a entrada, estabelecimento, reinfestação e disseminação de plantas daninhas para novas áreas de plantio. Aqui inclui-se:

  • Uso de sementes certificadas, livre de sementes de plantas daninhas;
  • Produção de mudas em substratos livres de sementes de plantas daninhas;
  • Escolha de local não infestado de plantas daninhas para o cultivo;
  • Uso de água não contaminada para a irrigação;
  • Higienização constante de máquinas e implementos agrícolas;
  • Uso de roupas limpas durante o trabalho na lavoura.

Para desinfestação do substrato convencional ou do solo que irá receber o plantio, pode-se realizar a solarização do solo. Algumas espécies de plantas daninhas (S. americanum – maria-pretinha, N. physaloides – joá-de-capote, S. sisymbrifolium – joá, entre outras), que pertencem à família Solanaceae, a mesma do tomate, que por hospedarem diversos patógenos, produzirem grande quantidade desementes, e possuirem hábitos de crescimento e fisiologia semelhantes ao tomate, devem ter sua presença na área evitadas ao máximo.

 

Controle cultural de plantas daninhas no tomateiro

O controle cultural é feito usando as características das culturas e plantas daninhas buscando beneficiar a cultura e dificultar o desenvolvimento das plantas daninhas. Podemos destacar como práticas culturais:

  • Uso de cultivares adaptadas ao clima e solo local;
  • Uso de sementes de boa qualidade;
  • Plantio em épocas certas
  • Mudas formadas em recipientes adequados e com raízes bem desenvolvidas;
  • Preparo do solo adequado;
  • Espaçamentos e arranjos de plantas adequados;
  • Rotação de culturas com espécies de famílias botânicas diferentes;
  • Uso de cobertura morta;
  • Adubação equilibrada.

Quanto à rotação de culturas para o controle de plantas daninhas, podemos citar como exemplo o cultivo de feijão ou de milho em áreas anteriormente cultivadas com tomateiro infestadas por tiririca (Cyperus rotundus). Estudos apontam que o cultivo dessas duas culturas em plantio direto, por dois anos seguidos, pode reduzir em mais de 90% a infestação dessa planta daninha.

 

Controle mecânico de plantas daninhas no tomateiro

No controle mecânico, podemos incluir práticas como o preparo periódico do solo, que controla as plantas através da quebra, arranque e exposição ao sol, causando o secamento e redução do banco de sementes. É um método oneroso, que possui baixo rendimento e exige bastante mão-de-obra.

No tomate, o controle mecânico através da capina pode danificar as raízes ramificadas e superficiais da cultura, além de poder abrir portas de entrada para a entrada de patógenos.

O controle mecânico de plantas daninhas ainda jovens, feito nas entrelinhas, pode ser feito com cultivadores acoplados em microtratores. Também pode ser feito o Mulching, que é a cobertura do solo com plástico.

 

Controle químico de plantas daninhas no tomateiro

Os herbicidas podem ser usados em diferentes modalidades no tomateiro: dessecação pré-transplante, pré-emergência, pós-emergência e aplicação em jato dirigido às entrelinhas. O uso de herbicidas seletivos em pré-emergência e pós-emergência permite o controle de plantas daninhas na linha de plantio. Em áreas com baixa infestação, pode-se aplicar herbicidas pós-emergentes.

Caso o equipamento tenha sido usado para aplicar 2,4-D em outras culturas, deve ser rigorosamente lavado, pois o tomate é muito suscetível a esse herbicida. Deve-se utilizar um pulverizador exclusivo com bicos tipo leque para a aplicação dos herbicidas.

O controle de dicotiledôneas é mais complexo do que o controle de gramíneas, pois o tomate é uma planta com baixa tolerância aos herbicidas pós-emergentes. Logo, para o controle dessas espécies, devemos integrar os métodos químicos e mecânicos. 

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

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HIRATA, A.C. Silva, HIRATA, E.K. ; MONQUERO, P.A.. Plantas de cobertura no controle de plantas daninhas na cultura do tomate em plantio direto. Planta Daninha, v. 27, n. 3, p. 465–472, 2009.

JAKELAITIS, A. et al. Efeitos de sistemas de manejo sobre a população de tiririca. Planta Daninha, v. 21, n. 1, p. 89-95, 2003a.

JAKELAITIS, A. et al. Dinâmica populacional de plantas daninhas sob diferentes sistemas de manejo nas culturas de milho e feijão. Planta Daninha, v. 21, n. 1, p. 71-79, 2003b

NASCENTE, A. S.; PEREIRA, W.; MEDEIROS, M. A. Interferência das plantas daninhas na cultura do tomate para processamento. Hortic. Bras., v. 22, n. 3, p. 602-606, 2004.

RONCHI, C.P., SERRANO, L.A.L. ; SILVA, A.A.. Manejo de plantas daninhas na cultura do tomateiro. Planta Daninha, v. 28, n. 1, p. 215–228, 2010.

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