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Como controlar a pinta-preta (Alternaria) no tomateiro?

Leia sobre o controle da pinta-preta (Alternaria) no tomateiro.


Foto: Agrolink

O tomateiro é uma cultura muito prejudicada por problemas fitossanitários, principalmente quando não se faz um manejo correto destes problemas. Uma das doenças mais comuns do tomateiro é a pinta-preta, conhecida também como mancha-de-Alternaria, com ocorrência em todas as regiões produtoras de tomate no Brasil.

A doença é causada pelos fungos Alternaria tomatophila, Alternaria solani e Alternaria cretica, que também podem infectar culturas como batata e berinjela. Os danos ocorrem nas folhas, hastes, pecíolos e frutos, e a perda varia conforme a época de ocorrência da doença, taxa de progresso da doença, cultivar utilizada, condições ambientais, idade da planta, adubação, tipo de irrigação etc. A doença é mais comum em cultivos a céu aberto, sujeito a chuvas, possuindo pouca importância em cultivo protegido.

A doença pode ocorrer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, mas ocorre principalmente no início da frutificação, pois nessa etapa a arquitetura da planta favorece a umidade, e o gasto de energia para a formação de frutos deixa a planta mais fraca para resistir à doenças. Além disso, a base da planta é mais úmida, ocorrendo maior presença de sintomas nessa área.

O fungo é disseminado pelo vento, chuva, irrigação, trabalhadores, implementos agrícolas, insetos e sementes infectadas. Além disso, o fungo sobrevive em restos culturais infectados e outras solanáceas, ou até em equipamentos agrícolas, estacas ou caixas. Em condições de baixa umidade, estruturas do fungo podem permanecer viáveis por até dois anos.

É necessário água livre na folha para que o fungo infecte a planta, ou umidade superior a 90%. Os sintomas surgem entre 3 e 5 dias após a infecção. A temperatura ótima para a colonização do fungo é de 24 a 28ºC. 

 

Sintomas e danos da pinta preta / mancha-de alternaria-no tomateiro

Os danos se iniciam nas folhas mais velhas, e progridem para partes mais altas da planta. Quando as condições ambientais são favoráveis, incidem também em folhas mais novas. Nas folhas ocorrem manchas pequenas e circulares / elípticas / irregulares, com 0,3 a 1,3 cm de diâmetro, com coloração marrom a preta, podendo possuir halos cloróticos em volta das manchas, lembrando um alvo de tiro pela presença de anéis. O dano reduz a área foliar, prejudicando a fotossíntese, afetando o vigor da planta e causando maior exposição dos frutos ao sol.

Com o avanço da doença, as lesões aumentam em número e tamanho, coalescendo e destruindo totalmente as folhas. Nas mudas, a doença pode atacar o caule, provocando lesões escuras, alongadas e deprimidas, causando a morte da planta.

Já nos frutos surgem lesões escuras, deprimidas e com a presença de anéis, ocorrendo geralmente na região peduncular, e podendo causar a queda dos frutos. Manchas marrom-escuras também podem ocorrer nos pedicelos e cálices das flores. O fungo frutifica em condições favoráveis (alta temperatura e umidade), e as lesões ficam com um crescimento aveludado negro.

Nos frutos maduros as manchas podem avançar para o interior dos mesmos, causando uma podridão e perda de consistência. Sementes infectadas podem originar plântulas contaminadas que irão morrer.

Plantas de tomate com deficiência de cálcio possuem sintomas semelhantes, porém na extremidade apical do fruto, não devendo ser confundida com a lesão causada pela pinta preta, que ocorre na extremidade peduncular.

 

Controle (manejo integrado) da pinta preta / mancha-de alternaria-no tomateiro

Como a pinta preta é uma doença de difícil controle após o estabelecimento, causando sérios prejuízos, principalmente em cultivos orgânicos, deve-se priorizar o controle preventivo.

Existem estações de aviso fitossanitário em regiões de grande produção de tomate. Essas estações monitoram as variáveis relacionadas à doença, podendo prevenir a ocorrência da mesma. A prevenção pode reduzir mais da metade do uso de fungicidas, o que resulta diretamente no custo de produção.

Geralmente o uso de fungicidas é necessário, principalmente em épocas favoráveis ao fungo, mas deve-se realizar também práticas culturais. Leia abaixo táticas de controle da pinta preta no tomateiro!

  • Usar sementes e mudas certificadas e livres de doenças;
  • Eliminar plantas espontâneas que possam servir de hospedeiras do fungo;
  • Realizar a rotação de culturas por 2 ou 3 anos, usando gramíneas ou leguminosas não hospedeiras;
  • Destruir restos culturais, de preferência com enterrio ou aplicação de ureia a 5%, realizando logo após a colheita;
  • Usar fungicidas protetores e/ou sistêmicos, sempre respeitando as orientações da bula. O controle químico é feito com aplicações preventivas de fungicidas protetores ou cúpricos no início do período vegetativo. Se a doença atingir incidências maiores, aplicar fungicidas sistêmicos alternados com fungicidas protetores;
  • Escolher a área de plantio priorizando áreas ventiladas, e conduzir as plantas de modo que se favoreça a ventilação entre elas, retirando folhas baixeiras, usando espaçamento adequado etc;
  • Não realizar o cultivo próximo à lavouras de batata ou outras solanáceas;
  • Não plantar em baixadas onde ocorre orvalho, e controlar a irrigação, usando preferencialmente gotejamento ou sulco. O molhamento prolongado das folhas favorece a infecção da doença.
  • Usar cultivares menos suscetíveis à doença;
  • Promover a adubação adequada e equilibrada da planta, sem déficit nem excessos, principalmente de nitrogênio, potássio ou cálcio;
  • Para o caso de cultivos orgânicos, pode-se usar o botão floral de cravo da índia ou outros extratos vegetais;
  • Usar cultivo protegido com cobertura plástica quando possível.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

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KUROZAWA, C.; PAVAN, M. A. Doenças do tomateiro (Lycopersicon esculentum). In: KIMATI, H.; AMORIM, L.; REZENDE, J. A. M.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L. E. A. (Ed.). Manual de Fitopatologia: doenças das plantas cultivadas. 4. ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 2005. v. 2, p. 607- 626.

LEITE, G. L. D. et al.. Efeito da adubação sobre a incidência de traça-do-tomateiro e alternaria em plantas de tomate. Horticultura Brasileira, v. 21, n. 3, p. 448–451, jul. 2003.

LOPES, C. A.; REIS, A.; BOITEUX, L. S. Doenças fúngicas. In: LOPES, C. A.; ÁVILA, A. C. (Ed.). Doenças do tomateiro. Brasília: Embrapa Hortaliças, 2005. p. 17-51.

RODRIGUES, T. T. M. S.; BERBEE, M. L.; SIMMONS, E. G.; CARDOSO, C. R.; REIS, A.; MAFFIA, L. A.; MIZUBUTI, E. S. G. First report of Alternaria tomatophila and A. grandis causing early blight on tomato and potato in Brazil. New Disease Reports, v. 22, p. 28, 2010.

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