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Características das plantas de girassol

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Foto: Divulgação

O girassol (Helianthus annuus L.) é uma dicotiledônea anual, pertencente a ordem Asterales e família Asteraceae. O gênero deriva do grego helios, que significa sol, e de anthus, que significa flor, ou "flor do sol", que gira seguindo o movimento do sol. É um gênero complexo, compreendendo 49 espécies e 19 subespécies, sendo 12 espécies anuais e 37 perenes

Sistema radicular

 

 

O sistema radicular é pivotante, crescendo mais rapidamente que a parte aérea da planta, no começo do desenvolvimento, sendo formado por um eixo principal e raízes secundárias abundantes, capazes de explorar um grande volume de solo e seus recursos hídricos. No estádio cotiledonar já atinge de quatro a oito centímetros de comprimento, com seis a dez raízes secundárias. Durante a fase de 4 a 5 pares de folhas pode chegar a uma profundidade de 50 a 70 centímetros, atingindo o máximo do crescimento na floração, quando atinge até quatro metros de profundidade em solos arenosos.

Na parte superior da raiz cresce grande número de raízes laterais, sendo que parte delas cresce no começo paralelamente à superfície do solo até uma distância de 10 a 20 cm da raiz principal, depois se aprofundando no solo, e outra parte cresce exclusivamente no sentido horizontal, formando uma espessa rede de radicelas, a uma profundidade de 10 a 30 cm. A profundidade explorada pelo sistema radicular do girassol depende dos atributos físicos e químicos do solo. Cerca de 65% das raízes funcionais se encontram nos primeiros 40 cm. Devido a sua capacidade de explorar grande volume de solo, o sistema radicular do girassol contribui para que esta planta seja mais resistente a seca, comparativamente a outras espécies produtoras de grãos, além de promover a ciclagem dos nutrientes que se encontram nas camadas mais inferiores do solo, normalmente não exploradas por outras espécies cultivadas. No entanto, todas essas qualidades da planta de girassol requerem a inexistência de impedimentos físicos ou químicos no solo.

Parte aérea

O girassol cultivado é uma planta de haste única, não ramificada, ereta, pubescente e áspera, vigorosa, cilíndrica e com interior maciço. Em períodos de frio podem aparecer ramificações laterais que terminam em inflorescências, mas essa é uma característica indesejável para a produção de óleo ou sementes. É da cor verde até o final do florescimento, quando passa a coloração amarelada, e pardacento no momento da colheita. Sua altura nas variedades para produção de óleo varia de 60 a 220 cm, e seu diâmetro de 1,8 e 5 cm, sendo a porção mais próxima à superfície do solo mais espessa e com pouca ou nenhuma pilosidade.

Cotilédones e hipocótilo

Têm papel muito importante no estabelecimento da cultura no fornecimento de nutrientes durante os estádios iniciais. Têm pecíolos curtos, são carnosos, ovalados e grandes, com aproximadamente 3 cm de comprimento e 2 cm de largura. Durante o dia apresentam uma posição horizontal e durante a noite colocam-se numa posição suavemente oblíqua (ROSSI, 1998). O hipocótilo pode apresentar-se nas seguintes cores: verde-esbranquiçado, verde-avermelhado ou vermelho-antociánico.

Folhas e pecíolos

Ao longo do caule, distribuem-se as folhas do girassol em número e formas variáveis. Podem ser longopecioladas, alternadas, acuminadas, rombóides, dentadas, lanceoladas, e com pilosidade áspera em ambas as faces. Após a emergência epígea das plantas e o aparecimento dos cotilédones (inseridos de maneira oposta), surge o primeiro par de folhas (opostas) com maior desenvolvimento da lâmina foliar. Geralmente são rombóides, mas algumas vezes lanceolado; os bordos são lisos, raramente com leve serreado. O segundo par de folhas é lanceolado, com maior desenvolvimento do pecíolo e bordos serreados. As folhas do terceiro par geralmente são triangulares, raramente condiformes e com bordos dentados. Os três primeiros pares de folhas são opostos. A partir daí, as folhas crescem alternadamente, sendo a distância entre o primeiro e segundo nó de folhas alternadas mais curto, a distância entre o segundo e o terceiro nó de folhas alternadas maior, voltando a diminuir entre o terceiro e o quarto nós, e assim sucessivamente. Essas folhas geralmente são cordiformes, longopecioladas e com limbo foliar bem desenvolvido. As folhas terminais apresentam uma nova diferenciação. Os pecíolos ficam menores e as folhas vão ficando mais trianguladas e com menor tamanho. As últimas folhas transformam-se em brácteas do invólucro. As folhas são trinervadas, cordiformes com longo pecíolo e ásperas ao tato nas duas faces. O número de folhas varia de 12 a 40, dependendo da cultura e de cada híbrido.

Os pecíolos são compridos e elásticos, permitindo o movimento das folhas com o vento. Possuem um canal que facilita o transporte de água da chuva que cai sobre parte das folhas, sendo dirigida ao colmo e deste à raiz.

Inflorescência

O crescimento em altura da planta se deve à atividade da gema apical vegetativa, localizada no ápice do caule. Após certo período de crescimento, ocorre uma diferenciação na gema apical, que se torna reprodutiva, repleta de primórdios florais, originando a inflorescência do girassol.
A inflorescência é do tipo capítulo e as flores são dispostas ao longo do receptáculo floral, o qual apresenta brácteas imbricadas, compridas e ovais, ásperas e pilosas. O diâmetro médio do capítulo pode variar de 17 a 22 cm, dependendo da variedade e do híbrido, e das condições ambientais a que é submetido. O capítulo é composto por: pedúnculo floral, receptáculo, flores e invólucro. O receptáculo floral pode ser plano, côncavo ou convexo.

O receptáculo floral pode ser plano, côncavo ou convexo. O diâmetro do capítulo pode variar de 6 a 40 cm, contendo de 100 a 8000 flores bissexuadas. O ideal é que o receptáculo floral seja plano, repleto de flores e com diâmetro de 20 a 25 cm, pois esta forma favorece a secagem. Uma característica comum do girassol é a sua capacidade de girar no sentido do movimento aparente do sol (movimento heliotrópico), o que deu a planta de girassol seu nome botânico e comum. Esse movimento ocorre durante todo o período da floração plena, sendo resultado de dois movimentos complementares, um de rotação espiralada do caule, e outro de ereção das folhas e do capítulo. Ao amanhecer, o caule se encontra em posição normal, de frente para o leste; com o aparecimento do sol, começa a girar e faz uma volta de mais de 90°, para chegar, ao entardecer, de frente para o oeste.

Além disso, um segundo movimento que o capítulo e as folhas superiores realizam é a passagem de caídas no início do dia, para eretas durante o meio dia e caídas novamente durante o entardecer. O movimento contrário também ocorre durante a noite, sendo que à meia noite os capítulos chegam a uma posição ereta. Assim que se encerra o florescimento, os capítulos permanecem virados para o leste. As flores inseridas no receptáculo são de dois tipos: tubulosas (flores férteis) e liguladas (flores inférteis). As tubulosas são as flores propriamente ditas, sendo hermafroditas. São compostas de cálice, corola, androceu e gineceu e ocupam toda a superfície do receptáculo. Uma vez fecundadas, originam as sementes e os frutos. Dependendo da variedade, pode haver entre 1000 a 1800 flores férteis em cada receptáculo. Já as flores liguladas são incompletas, com um ovário, e cálice rudimentar, e uma corola transformada, parecida com uma pétala. Geralmente, encontra-se de 30 a 70 flores liguladas em um capítulo.

As flores tubulares florescem da periferia para o centro do capítulo, em círculos concêntricos e sucessivos. Normalmente, uma flor leva dois dias para se desenvolver, florescendo 3 a 4 círculos concêntricos por dia. O florecimento total do capítulo leva de 5 a 15 dias para se completar, e o ciclo vital de uma flor é de 24 a 36 horas.

As flores de girassol apresentam o fenômeno da protandria, isto é, as anteras amadurecem antes do estigma. Assim, trata-se de uma planta alógama, ou seja, de polinização cruzada, na qual a autofecundação é praticamente inexistente. Em função de ser relativamente pesado, o pólen movimenta-se muito pouco pelo vento, e a entomofilia constitui-se no mecanismo básico de polinização do girassol, pricipalmete pela ação de abelhas. Contornando o capítulo, há uma série de folhas transformadas (invólucro), denominadas brácteas, que impedem a queda natural dos frutos. Essas folhas nascem diretamente do receptáculo floral e, antes da floração, separam-se, deixando primeiro aparecer as flores liguladas e depois as tubulosas (férteis).

Fruto e Semente

O órgão da planta de maior importância econômica é o fruto, impropriamente chamado semente. O fruto do girassol é um fruto seco, do tipo aquênio, oblongo, geralmente achatado, composto pelo pericarpo (casca) e pela semente propriamente dita (polpa ou amêndoa). Conforme o cultivar, o fruto é variável quanto ao tamanho, cor e teor de óleo (PEIXOTO, 2004). No Brasil, dentro da rede do Agronegócio do Girassol, aplicam-se os seguintes termos técnicos, de cunho comercial, para o aquênio do girassol:

a) “semente”, quando o fruto é utilizado para a propagação (semeadura) da cultura;

b) “grão”, quando o aquênio é colhido, transportado e entregue aos armazéns e indústrias moageiras, para posterior moagem e obtenção do óleo bruto e do farelo fibrosoproteico do girassol. A casca do fruto (pericarpo) é fibrosa, podendo ser da cor branco-estriada, parda, negra, ou negroestriada. A espessura do aquênio varia de acordo com o cultivar ou híbrido, mas geralmente, os frutos pretos, ou pretos-estriados possuem pericarpos mais finos que os branco-estriados. Os melhores híbridos ou variedades de girassol têm 75% do peso do aquênio composto pela semente botânica (amêndoa) e 25% pela de casca (pericarpo). Os aquênios têm seu tamanho reduzido à medida que se avança da periferia para o centro do capítulo (ROSSI, 1998). Aquênios com casca grossa e desgrudada da semente (amêndoa) produzem menor teor de óleo que aqueles com casca fina e aderida à amêndoa. A relação casca/amêndoa é uma característica do genótipo e influenciada pelas condições edafoclimáticas.

Existem dois tipos de “sementes” (frutos) de girassol, classificadas segundo sua utilização:

- Sementes oleosas;

- Sementes não oleosas.

As sementes não oleosas são maiores e possuem casca (pericarpo) mais fibrosa facilmente removível, sendo usadas para consumo humano como amêndoas ou como ração para pássaros; enquanto que as “sementes” oleosas apresentam casca bem aderida, sendo usadas para produção de farelo e para extração de óleo. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, o fruto do girassol tem 24% de proteínas e 47,3% de óleo, sendo rico em ácido linoleico. O ácido linoléico é o mais conhecido tipo de ácido graxo, substância que não é produzida pelo organismo humano, mas é essencial à vida. A composição química dos frutos de qualquer genótipo de girassol varia com o local de produção, clima, fertilizantes e até mesmo com a posição do aquênio no capítulo

Botanicamente, a semente (amêndoa) é constituída por dois cotilédones carnosos. Na extremidade mais afilada da amêndoa encontra-se a plúmula ou gêmula, que da mesma forma que os cotilédones contêm óleo e grânulos de aleurona. O teor de óleo na semente de girassol varia de 26 a 72%. A amêndoa, como a parte mais importante do fruto de girassol, é constituída pelo endosperma, com tecido de reserva classificado como oleaginoso, e pelo embrião, formado por um eixo embrionário dividido em duas partes: radícula e caulículo.

 

José Luis da Silva Nunes

Engenheiro Agrônomo, Dr. em Fitotecnia

 

Fonte

BORTOLINI, E.; PAIAO, M.S.; D’ANDRÉA, M.S.C. A cultura do girassol. In.: PRIMIANO, I.V. (Editor). Piracicaba: Editora da USP. 2012. 69 p.

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