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Histórico da cana-de-açúcar

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Foto: Divulgação

Há divergências entre diferentes autores sobre o surgimento da cultura da cana-de-açúcar. A teoria mais aceita da origem da cultura da cana-de-açúcar considera que ela seja nativa das ilhas do Arquipélago da Polinésia. Durante muito tempo, porém, se acreditou que a cana cultivada tinham origens diferentes e que elas provinham das partes mais úmidas da Índia.

A hipótese mais aceita sobre a expansão da cana-de-açúcar é que inicialmente tenha sido cultivada na região do Golfo de Bengala e que, consequentemente, outros povos como os persas, chineses e os árabes foram conhecendo e expandindo seu cultivo. Posteriormente foi levada ao sul da Ásia. Durante a antiguidade o açúcar não passava de uma especiaria exótica, utilizada como tempero ou na medicina. O preparo de alimentos adocicados era feito com mel de abelhas.

Os árabes foram os responsáveis pela propagação das culturas de cana no norte da África e sul da Europa. Os chineses, nesse mesmo período, levaram a cultura da cana para Java e Filipinas. Com as conquistas árabes no Ocidente, foi disseminado o cultivo da cana-de-açúcar nas margens do mar Mediterrâneo, a partir do século VIII. Típicas de climas tropicais e subtropicais, a planta não correspondeu às expectativas em terras européias. Com a região mediterrânea constantemente em guerra, procurou-se realizar o plantio dessa planta em outros lugares. No século 15, no auge das navegações portuguesas, a cultura da cana-de-açúcar foi difundida pelos espanhóis e portugueses, estabelecendo indústrias açucareiras e comercialização do produto para vários outros países.

Já por volta de 1454, o açúcar obtido da cana-de-açúcar era considerado mercadoria de grande importância para ser vendido, porém a produção e a mão de obra não eram suficientes para a demanda de exportação do produto para outros países. Portanto, uma das alternativas para suprir a falta de mão de obra daquela época era a vinda de escravos africanos capturados e vendidos principalmente na Ilha Madeira.

Mas foi na América que a cana-de-açúcar encontrou excelência em seu desenvolvimento. A introdução da cana no continente americano ocorreu em 1493, na segunda viagem de Cristóvão Colombo, o qual levou os colmos de cana da Ilha da Madeira para a região onde hoje é conhecida como República Dominicana. Depois que Colombo levou as primeiras mudas para São Domingo, as lavouras se estenderam para Cuba e para outras ilhas do Caribe, sendo levadas mudas, posteriormente, para as Américas Central e do Sul por outros navegantes.

No Brasil, no ano de 1522 em São Vicente iniciou-se o plantio da cana-de-açúcar trazida da Ilha da Madeira por Martin Afonso de Souza, onde futuramente desta mesma ilha Duarte Coelho Pereira levou a cana para Pernambuco em 1533. Os primeiros engenhos no Brasil foram montados pouco depois que Duarte Coelho levou a cana para Pernambuco. A indústria do açúcar cru foi importante em São Paulo, antes da época da mineração, e na Bahia e em Pernambuco durante a invasão holandesa, quando houve certo desenvolvimento e o produto acabou sendo exportando para Java. No século XVI, a produção de açúcar era de 300 arrobas aumentando para 600.000 no século seguinte alavancando as exportações, atingindo um valor acima de 300 milhões de libras. Consequentemente, atingiu um índice tão importante de exportação da colônia que despertou interesse de outras nações, ocorrendo assim o domínio dos holandeses no Brasil sob a direção do príncipe Maurício de Nassau.

A agroindústria da cana-de-açúcar no Brasil teve início após muitas tentativas de implantações frustradas em várias regiões do país. A região Nordeste demostrou características favoráveis de clima e solo, o que contribuiu para a expansão da cana-de-açúcar em estados da Bahia, Piauí, Alagoas e Paraíba, e foi também a principal região produtora de açúcar durante o período colonial até a fase da república. Embora tenha tido mais de 45% do mercado mundial, teve que se modernizar para enfrentar a concorrência externa. Após a crise do petróleo em 1970, a produção de etanol provinda da cana-de-açúcar teve um grande avanço pela modificação dos antigos engenhos da época para a produção de açúcar como para o etanol, que foi estruturada na forma do Programa de incentivo a produção de etanol, conhecido como Pro-Álcool, em 1975.

O cultivo da cana-de-açúcar continua crescendo e constantemente as usinas buscam ficar mais modernas, instalando novas tecnologias e empreendimentos como a geração de energia elétrica.

 

José Luis da Silva Nunes

Engenheiro Agrônomo, Dr. em Fitotecnia

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