Retomada da produção nos cafezais de 2023
A produção nacional de café crescerá de 2022 a 2023, passando de 50,92 milhões de sacas para 54,74 milhões
Por Luiz Antonio Pinazza
Engenheiro Agrônomo - agronegócio e sustentabilidade
Colaboração Aline Merladete
A produção nacional de café crescerá de 2022 a 2023, passando de 50,92 milhões de sacas para 54,74 milhões. O aumento será de 7,5%. O tamanho dessa colheita acontece em ano de bienalidade negativa, quando o normal seria para ser menor. Em comparação com quantidade colhida em 2021, de 48,36 milhões, último ano em que ocorreu esse ciclo, o aumento é de 14,7%. Os dados são da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).
Vale a pena memorizar os passos da cafeicultura nacional nesses anos recentes, a começar pelas condições climáticas favoráveis verificadas ao longo do ciclo de 2020. Neste ano, os efeitos fisiológicos relacionados à bienalidade positiva e as abundantes floradas uniformes proporcionaram produção recorde no café.
Enquanto planta perene, o pé de café está sujeito às variações climáticas extremas, que ditam o comportamento da sua produção. Falta ou presença de chuvas, excesso ou ausência de geadas são fatores influentes de intensidades imprevisíveis. Todo esforço de manejo técnico, para incomodo do produtor, não bastam.
RECUPERAÇÃO DA CAPACIDADE DE PRODUÇÃO
Para 2021, a baixa na produção cafeeira era aguardada, face o fenômeno chamado bienalidade - a variação cíclica anual de colheita com tamanho maior e, na seguinte, menor. Essa reciclagem faz parte do ano-ano para quem convive com a cultura. Mas, este ano foi atípico. Além da seca prolongada, veio a geada intensa no mês de julho, que prejudicou o desenvolvimento vegetativo nos cafezais do Sul de Minas e Cerrado Mineiro.
Esses eventos climáticos deixaram assustados os cafeicultores, apesar dos impactos causados terem provocados estragos inferiores como se previam. Se fosse a chamada geada negra, quando as plantas congeladas morrem e ficam escuras, inexistiriam hoje cafés com colheitas copiosas.
No correr de 2022, as condições climáticas promissoras possibilitaram a recuperação da capacidade de produção nas plantações de café arábica. Essa mesma área teve elevada produtividade em 2020, para depois, em 2021, enfrentar a queda com a bienalidade negativa, junto com geadas, baixas precipitações pluviométricas, longas estiagens e temperaturas acima do normal.
OFERTA EM NÍVEIS BEM AJUSTADOS
Para esta safra de 2023, não obstante ser de ano de bienalidade negativa, o prognóstico inicial surpreende, pois aponta colheita acima de ano com bienalidade positiva. Isso rompe o ciclo de evolução normal, quando a produção do ano de bienalidade positiva supera a de bienalidade negativa.
Ainda a respeito dessa safra que se inicia, o nível da quantidade de café a ser colhida mostra-se bem ajustado, sem excedente para abastecer o mercado. Os estoques de passagem estão nos menores patamares registrados no país. Será ano de aperto para fechar a oferta com a demanda do produto, pois de forma gradativa e prolongada, o consumo interno e externo vem sendo de expansão
Com relação ao café conilon, após colheita recorde em 2022, a produção para a safra em curso indica pequena queda no potencial produtivo. O principal estado na produção do produto, Espírito Santo, segue o plano de tornar o maior polo de processamento e industrialização do café conilon.