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Máquinas utilizadas na colheita do café

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Foto: Pixabay

 

A mecanização agrícola aumentou a capacidade produtiva da mão-de-obra à medida que o trabalho manual foi sendo substituído por mecanismos que dispunham de fontes de potência superiores à humana, inicialmente por meio da tração animal, e atualmente, com a motomecanização.

A colheita do café processa-se em curto período, levando em média 75 dias úteis ou 3 meses corridos. A quantidade de café existente na planta, a quantidade de café caído no chão e o tempo de duração da safra são os fatores a serem considerados para o início da colheita. É importante que todos os fatores de produção estejam adequados conforme a exigência da cultura, pois se trata de um produto em que o preço é pago baseado em parâmetros qualitativos e, por isso, de nada adiantará proceder uma colheita eficiente e com qualidade, se os demais fatores não estiverem adequados.

Portanto, torna-se de especial importância o conhecimento das diversas operações que constituem a colheita:

- Arruação: É a operação de limpeza da área ao redor e sob o cafeeiro. Esta limpeza consiste em remover a terra solta, plantas daninhas e detritos, amontoando-se esse material nas entrelinhas. Essa operação deve ser feita antes que os frutos comecem a cair no chão;

- Derriça: É a operação de retirada do fruto da planta. A derriça pode ser feita no chão limpo ou sobre panos colocados sob o cafeeiro;

- “Varrição”: É a operação de amontoa e recolhimento do café caído no chão. No caso da derriça feita no chão, a “varrição” é feita antes, para separar o café caído do café derriçado. Para derriça no pano, a “varrição” é feita posteriormente;

- Recolhimento: Operação também conhecida por levantamento do café, consiste no ajustamento do café varrido ou derriçado.

- Abanação: É o processo de limpeza do café varrido ou derriçado, separando-se folhas, gravetos, torrões, pedras, etc;

- Transporte: É a operação de retirada do café já recolhido da lavoura e sua condução para o terreiro, onde prosseguem as operações de pós-colheita.

MÁQUINAS UTILIZADAS NA COLHEITA DO CAFÉ

Atualmente, existem diversos modelos de máquinas destinadas à execução de operações específicas ou conjugadas. Para operações específicas, podemos citar os arruadores, derriçadoras e abanadoras, e para operações conjugadas, as colhedoras que derriçam, recolhem, abanam e ensacam o café colhido, tudo em uma única operação.

- Arruadores sopradores

É um equipamento utilizado para executar a arruação em cafeeiros no período que antecede a colheita. Segundo o fabricante, utiliza uma lâmina para fazer o serviço de raspagem e nivelamento do terreno, preparando-o para a derriça, enquanto um vigoroso jato de ar produzido por um ventilador, acionado pela TDP (tomada de potência) do trator, retira debaixo dos pés de café as folhas, frutos e terra solta, deixando o terreno limpo. O arruador-soprador também pode ser usado para executar a “varrição” na lavoura, utilizando-se o equipamento acessório do arruador chamado “Saída Duplo de Ar”. Esse equipamento, acoplado ao arruador, sopra os grãos contra o “Peneirão”, que é tracionado por outro trator na linha lateral, e segue operando paralelamente ao arruador, executando o ajuntamento dos grãos e promovendo a separação das folhas e impurezas dos frutos. As folhas são assopradas para o meio da rua e os frutos ficam enleirados ao longo da projeção da “saída do cafeeiro”. Terminada a “varrição”, o café enleirado está pronto para ser recolhido e abanado. O arruador possui uma lâmina de 1,80 x 0,38 m, a qual opera em um ângulo com sentido de deslocamento, e um ventilador com vazão de ar de 39 m3 /min., requerendo potência de 10 a 20 cv. Segundo o fabricante, o arruador apresenta um rendimento de 0,75 ha/h.

Operação de arruação mecanizada

A operação de arruação dentro do sistema tradicional vem sendo realizada manualmente, utilizando-se, para isso, a enxada, pela qual, em média, um homem arrua de 500 a 600 pés por dia. Essa capacidade de trabalho varia para menos ou mais, dependendo das condições da lavoura, como a quantidade de folhas e cisco acumulados debaixo da saia do cafeeiro, e ainda, a quantidade de plantas daninhas no meio das ruas. Outro fator que afeta o rendimento do trabalho de arruação é o espaçamento entre plantas. Em lavouras adensadas, um homem chega a arruar 800 ou mais pés de café por dia. Com relação à operação mecanizada de arruação, atualmente é comum o uso de arruadores sopradores, cujo princípio de funcionamento se baseia na raspagem superficial do solo e sopragem de ar, para retirar os detritos existentes sob o cafeeiro nas linhas de plantas, enleirando esses detritos no centro das ruas.

Com o arruador devidamente regulado, ocorre o ajuntamento somente das folhas e cisco, que ficam enleirados no centro das “ruas” e, eventualmente, pequena camada de solo é raspada, em virtude das irregularidades da superfície. Em lavouras que são arruadas mecanicamente pela primeira vez, a raspagem de maior quantidade de solo é comum.

- Derriçadoras portáteis

As derriçadoras portáteis são máquinas constituídas de hastes manejadas manualmente, possuindo “dedos vibratórios” que fazem a derriça do café, podendo ser acionadas pneumaticamente ou motorizadas.

Derriçadoras pneumáticas

As derriçadoras pneumáticas são máquinas constituídas de um compressor de ar, um cilindro armazenador e hastes vibratórias. O compressor pode ser acionado pelo trator através da TDP ou por motor próprio de 7 a 25 cv. O ar comprimido, conduzido por mangueiras flexíveis, faz vibrar as hastes que derriçam os frutos de café. As hastes vibratórias são constituídas de um cabo com comprimento variando de 1 a 2 metros e um motor pneumático que gera a vibração. Essas hastes são de manejo manual. Um mesmo compressor pode acionar até quatro conjuntos de hastes. Dependendo do seu desempenho, as derriçadoras pneumáticas podem se tornar uma boa opção para áreas onde não é possível ou conveniente a entrada de máquinas maiores, como nas áreas declivosas, em plantios adensados ou em pequenas propriedades.

Derriçadoras motorizadas

As derriçadoras portáteis acionadas diretamente por motores de combustão interna têm princípio de funcionamento semelhante ao das derriçadoras pneumáticas. A diferença está no fato de que cada haste vibratória é dotada de um motor de combustão interna de dois tempos, a gasolina, que tem uma potência nominal em torno de 1,0 cv. O sistema é dotado de um tanque de combustível com capacidade aproximada de 0,50 litros. As hastes geralmente têm comprimento na faixa de 1,00 a 2,00 m.

Derriçadoras portáteis

Dentre as operações mecanizadas da colheita, a derriça é a mais complexa, e o sistema usado fundamenta-se no emprego de hastes vibratórias. A operação de derriça é a que mais onera o custo de colheita, e no sistema manual, 75% do tempo gasto na colheita são destinados à derriça. Assim, a mecanização dessa operação pode refletir significativamente no custo final da saca de café colhido.

Colhedoras

As colhedoras de café podem ser automotrizes ou tracionadas. Essas máquinas, através de sistemas hidráulicos, com varetas vibratórias, fazem o trabalho de derriça, recolhimento, abanação e descarga do café na forma ensacada ou a granel. As automotrizes, como o nome sugere, tem propulsão própria e as tracionadas necessitam ser acopladas a um trator através da barra de tração e da tomada de força.

As colhedoras automotrizes ou tracionadas trabalham sobre as linhas de café em declividades até 15%, com segurança da operação. Algumas têm bitola mais estreita, para lavouras mais adensadas, podendo operar em declividades maiores. Vários modelos de colhedoras automotrizes trabalham com sistemas bastante semelhantes de derriça e recolhimento dos frutos e, em sua grande maioria, a descarga do café é feita através de bica lateral em carreta graneleira, ensaque lateral ou depósito próprio. O rendimento médio dessas colhedoras está em torno de 3.000 litros por hora, com velocidade de 600 a 1.200 metros por hora, com vibração entre 800 a 1000 ciclos por minuto.

Colheita Mecânica Seletiva

Tem por finalidade colher apenas os frutos maduros, visando obter um produto mais uniforme e proporcionar melhor qualidade final, tanto no preparo por via seca quanto por via úmida. Pode ser feita a colheita apenas da parte superior das plantas (ponteiros), com a retirada das varetas vibratórias inferiores da máquina ou com a regulagem da intensidade de vibração e velocidade de deslocamento.

 

José Luis da Silva Nunes

Engenheiro Agrônomo, Dr. em Fitotecnia

 

Fonte

SILVA, F.M.; SALVADOR, N.; PÁDUA, T.S. CAFÉ: MECANIZAÇÃO DA COLHEITA. I Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil. 2000.

MESQUITA, C.M. et al. Manual do café: colheita e preparo (Coffea arábica L.). Belo Horizonte: EMATER-MG, 2016. 52 p.

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