Começa a colheita da safra de café
A cafeicultura brasileira passou por mudanças radicais nos últimos anos
Por Luiz Antonio Pinazza
Engenheiro Agrônomo - agronegócio e sustentabilidade
Colaboração Aline Merladete
A cafeicultura brasileira passou por mudanças radicais nos últimos anos. Em 2020, o tamanho da colheita bateu quantidade recorde, com 61,7 milhões de sacas, enquanto em 2021, foi a vez da receita atingir cifra recorde de U$ 9,2 bilhões. Foram dois momentos favoráveis de ventos soprando a favor, em termos da qualidade da safra e o valor das cotações, em que pese as dificuldades logísticas para exportação.
Depois disso, por duas vezes seguidas, as plantações depararam com condições climáticas precárias, com altas temperaturas em 2020 e tempos secos alternado de geadas durante o inverno em 2021. As produções previstas tiveram quedas expressivas. Por isso, faz parte do cenário real deste primeiro semestre de 2023, o fato do comportamento das exportações ser mais fraco seja em quantidade, como receita. São desafios difíceis enfrentados pelos produtores.
BRASIL: EXPORTAÇÃO DE CAFÉ: JANEIRO A ABRIL
Fonte: Cecafe.
(1) mil sacas de 60 quilos
(2) U$ milhões
PROBLEMAS LIGADOS ÀS QUESTÕES CLIMÁTICAS
Enquanto cultura perene, os problemas ligados às questões do clima afetam o desenvolvimento vegetativo dos cafezais em mais de um ano. No triênio 2014, 2015 e 2016, a estiagem afetou o café arábico. De 2015 a 2019, o café conilon, no estado do Espírito Santo, sofreu estrago. De forma genérica, a fase de recuperação das plantas leva, em média, de três a quatro ano. São as anomalias ligadas a água, energia e temperatura que impactam a formação, enchimento, expansão e maturação dos frutos.
Apesar do desempenho negativo na balança comercial, as perspectivas estão carregadas de ares promissores. Se consumar a prognóstico de ciclo equilibrado de dados climáticos, as notícias de boas safras emergirão. O presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, aponta para o “aumento de liquidez no mercado físico, diante das ofertas de café arábica por parte dos produtores, que começam a realizar os serviços de colheita da safra corrente”.
EXPECTATIVA PARA O TAMANHO DA SAFRA
Nessa fase inicial, face prioridade nos cafés da temporada atual, compradores postergam ao máximo as compras para disporem de volumes melhores nos embarques já deste mês e junho. Seja para o arábica e conilon, o real mais valorizado perante o dólar impacta de certa forma positiva os preços em reais, mas sem grande intensidade. “Para a safra nova,
as expectativas desenhadas são positivas, diante das boas condições das lavouras e o interesse de compra dos países importadores”, completa Ferreira.
São quatro levantamentos realizados pela equipe técnica da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) em cada safra do café (janeiro, maio, setembro e dezembro). No 1º levamento da produção de 2023 estava previsto 54,9 milhões de sacas, contra 50,9 milhões verificados em 2022. Um incremento de 7,8%. Sem a ocorrência de acidentes climáticos, a produção deve mostrar recuperação, depois das quebras registradas nos dois últimos anos. O anúncio do 2º levantamento acontecerá em 18 de maio