A batata é muito tolerante à acidez do solo, mas muito exigente em cálcio como nutriente. Há um temor generalizado na bataticultura em relação ao aumento da incidência da sarna comum correlacionado ao uso do calcário. Contudo, o aumento da importância dessa doença deve-se mais ao aparecimento de novas estirpes do agente causal, adaptadas a solos ácidos e à umidade, do que ao aumento do uso da calagem pela bataticultura. A calagem deve ser realizada com bastante antecedência ao plantio, procurando-se elevar a saturação por bases a 60%.
O estudo da adubação racional na bataticultura é bem mais complexo do que para culturas de propagação sexuada, porque dois fatores terão extrema importância na determinação da capacidade produtiva da planta: a massa do material de propagação utilizado e seu estádio fisiológico. Considerando-se a estatística experimental, um ensaio montado com batata-semente de 60 g, em “fim de dormência”, com brotação suficiente para originar quatro hastes principais por planta, terá efeitos fixos, cujos resultados (mesmo para a mesma variedade) serão diferentes de outros ensaios com tubérculos-semente de 100 g ou de 40 g.
Resultados mais consistentes exigem esquemas estatísticos mais sofisticados que os proporcionados pelos fatoriais fracionados onde a população, a massa e o estádio fisiológico do tubérculo-semente sejam considerados. A recomendação genérica e tradicional prevê a aplicação no plantio de 40 a 80 kg.ha-1 de N; 100 a 300 kg.ha-1 de P2O5; e 100 a 250 kg.ha-1 de K2O, complementada com 40 a 80 kg.ha-1 de N em cobertura, antes da amontoa. O parcelamento da adubação nitrogenada visa evitar a concentração salina perto do tubérculo-semente e a lixiviação do nutriente decorrente de possíveis chuvas. Nunca há resposta ao parcelamento da adubação fosfatada e em relação à potássica, o número de respostas positivas é insignificante e geralmente observado em solos mais arenosos.
José Luis da Silva Nunes
Engenheiro Agrônomo, Dr. em Fitotecnia