O centro de diversidade da batata está localizado na região dos Andes, sul do Peru e norte da Bolívia, e o centro secundário fica no Chile. Existem relatos de que essa espécie foi domesticada há mais de 2.000 anos às margens do lago Titicaca, próximo à fronteira entre o Peru e a Bolívia. Nessa região foram encontrados restos arqueológicos de batata, datados através de carbono radioativo, o que indicou sua utilização há mais de 8.000 anos.
A batata foi introduzida na Europa por meio da Espanha em 1570 e da Inglaterra em 1590. No início, era considerada uma planta ornamental e fazia parte dos jardins botânicos na Europa. Os tubérculos faziam parte da alimentação apenas de animais e pessoas pobres; somente 200 anos depois da sua introdução na Europa é que se tornou alimento básico para essa população. A batata foi introduzida na Índia em 1610, China e América do Norte em 1700 e Japão em 1766. Já no Brasil, foi introduzida no final do século XIX, no sul do País, pois essa região apresentava condições c1imáticas mais favoráveis à sua produção.
A primeira subespécie de batata introduzida na Europa foi Solanum tuberosum subsp. andigena. Essas batatas apresentavam baixa produtividade, pois suas plantas necessitavam de dias curtos (12 horas de luz) para tuberizar e no continente Europeu eram cultivadas sob períodos de dias longos, 16 a 18 horas de luz. Assim, com o decorrer dos anos, os europeus eliminavam as plantas que não tuberizavam, ou seja, faziam seleções inconscientes. Dessa forma, houve adaptação das plantas de batatas aos dias longos de verão do norte da Europa. No início do período industrial, por ser rico em calorias e apresentar menor custo em relação às culturas de grãos, a batata tornou-se o alimento de subsistência dos operários. A dependência cada vez maior desta fonte de alimento resultou em um aumento das áreas de produção e em monocultivos. Nesse sentido, a cultura da batata ficou vulnerável a doenças, entre elas a requeima provocada pelo fungo Phytophthora infestans. A requeima foi responsável pela fome e morte de aproximadamente um milhão de pessoas e a migração de dois milhões de pessoas para outros países durante 1845 e 1846.
Após a destruição das lavouras de batata pela requeima, começou-se a introduzir acessos de Solanum tuberosum subsp. tuberosum originários do Chile. Essa subespécie é a mais importante economicamente cultivada no mundo e tem adaptação para dias longos, ao contrário de Solanum tuberosum subsp. andigena. Considera-se que S. tuberosum subsp. tuberosum é uma seleção originada a partir da introdução de tubérculos de S. tuberosum subsp. andigena, a qual tem uma base genética muito estreita. Atualmente, a batata ocupa o quarto lugar entre os alimentos mais consumidos no mundo, superada apenas pelo trigo, arroz e milho.
No Brasil, a batata é considerada a principal hortaliça no país, tanto em área cultivada como em preferência alimentar. As Regiões Sul e Sudeste (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo) são as principais produtoras e contribuem com aproximadamente 98% da área plantada com batata. Estados como Paraíba, Bahia, Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Sergipe e Distrito Federal produzem batata em microclimas específicos ou durante épocas do ano com temperaturas e/ou pluviosidade baixas.
Graças ao melhor domínio das técnicas de cultivo, especialmente com o uso de batata-semente de melhor qualidade e com irrigação, a produtividade nacional aumentou quase 40% do início da década de 70 até o final da década de 80, o que levou a um aumento da produção total da ordem de 15%, mesmo com a redução da área plantada.
José Luis da Silva Nunes
Engenheiro Agrônomo, Dr. em Fitotecnia