Em cultivos tradicionais, os cachos são levados, logo após o corte, para um local sombreado e colocados no chão forrado com folhas de bananeira, onde são despencados. Não se deve amontoar nem os cachos nem as pencas a fim de evitar o atrito entre os frutos e o escorrimento de látex nas pencas.
Em cultivos mais tecnificados, os cachos são transportados para as margens dos carreadores, onde são colocados lado a lado, sobre folhas de bananeira, e protegidos do sol. Às vezes, são aí mesmo despencados, mas nem sempre as pencas são lavadas, o que poderia ser feito com o uso de tanques móveis acoplados a tratores. Os cachos também podem ser levados ao galpão de embalagem, utilizando, para isso, carretas acopladas a tratores ou caminhões, cujas carrocerias devem ser forradas com folhas de bananeira ou capim. Só então os cachos são despencados, e as pencas – nem sempre lavadas e classificadas – são embaladas em caixas de madeira chamadas “torito”. Eventualmente, são submetidas ao processo de climatização antes de chegarem ao mercado consumidor.
Em cultivos com emprego de tecnologia avançada, o cacho é transportado até o galpão de embalagem por meio de cabos aéreos, ou dependurado em carretas acopladas a trator. Em pequenas propriedades cuja produção se destina ao mercado externo, os cachos são transportados em “cuna”, diretamente do bananal para o galpão de embalagem, ou são envoltos em colchões de espuma de 1,5 cm de espessura e colocados sobre carreta acoplada a trator. No galpão de embalagem, os cachos são despencados, e as pencas, após a eliminação dos pistilos, são lavadas e divididas em subpencas, de três a oito dedos. Em seguida, são classificadas, pesadas, tratadas preventivamente contra doenças pós-colheita, quando o mercado consumidor aceita o uso de fungicidas; depois são etiquetadas e embaladas em caixas de papelão ou de plástico, e, finalmente, são transportadas até o porto de embarque, em caminhões cobertos ou em contêineres.
No porto, as caixas são descarregadas em navios bananeiros, e os contêineres, em navios comuns, sob rigoroso controle de temperatura e umidade e, muitas vezes, do próprio gás ativador da maturação. O transporte da banana brasileira para a Argentina e o Uruguai é feito por terra, em caminhões frigorificados.
Frigoconservação
A banana é classificada como um fruto facilmente perecível, cujo tempo de conservação sob refrigeração é de no máximo 3 semanas. Essa alta perecibilidade, em comparação com outros frutos, deve-se às altas taxas respiratórias do fruto. Após o despencamento e a lavagem, com solução de detergente doméstico (1 L de detergente para 1.000 L de água) para remover o látex, as bananas são acondicionadas em caixas de madeira, papelão ou plástico, as quais são armazenadas na câmara frigorífica. A temperatura recomendada para a frigoconservação de bananas é de 12ºC, com umidade relativa do ar mínima de 90%. Após o tempo desejado de frigoconservação, as bananas devem ser climatizadas.
A conservação de bananas sob refrigeração pode ser aumentada para até 4 meses, se for usada a atmosfera controlada. O controle da atmosfera consiste em elevar a concentração de gás carbônico e diminuir a concentração de oxigênio, situação em que as taxas respiratórias são sensivelmente reduzidas. Para bananas, recomendam-se concentrações de gás carbônico de 7% a 10% e de oxigênio de 1,5% a 2,5%. Essa técnica é pouco usada, pois o seu alto custo onera o produto para o consumidor final.
Climatização (maturação controlada)
A climatização pode ser efetuada na mesma câmara de frigoconservação, ou em outra, com umidade mínima de 90%. O que muda é a temperatura, que deve ser de 14ºC a 24ºC. Quanto maior for a temperatura da câmara, mais rápida será a maturação. Devese ter o cuidado de facilitar a ventilação entre as caixas, para evitar a ocorrência de fermentação. Para tanto, as caixas devem ser empilhadas no padrão 4-bloco alternado. Na climatização, utiliza-se, como indutor da maturação, o gás etileno. A dosagem recomendada para a climatização com etileno é de 28 L para cada 28 m³ da câmara. Se for utilizado produto comercial contendo etileno (Etil-5 ou Azetil), a quantidade será de 280 L por 28 m³. Para garantir corretas dosagem e manipulação do etileno, deve-se consultar o fornecedor do gás. Durante as primeiras 24 horas após a aplicação do etileno, a câmara deve ser mantida hermética. Após esse tempo, procede-se à ventilação da câmara, abrindo a porta por 15 a 20 minutos, para supri-la com o oxigênio essencial para a respiração normal das bananas, evitandose, assim, a fermentação.
Um substitutivo do etileno é o etefon, um produto líquido que dispensa o uso de câmara do tipo hermético. No seu uso, as bananas são submersas por 5 minutos num tanque contendo a solução (950 mL de etefon para 100 L de água). Após a evaporação da solução, as pencas são acondicionadas em caixas e armazenadas na câmara, nas condições recomendadas para o etileno. Como as bananas deslocam a solução de Ethrel, para evitar que ela transborde, como regra geral, enche-se o tanque em torno de dois terços da sua capacidade. Portanto, num tanque de 1.000 L, colocam-se 700 L de solução. O uso do Ethrel como indutor da maturação só é viável economicamente graças à possibilidade de reutilização da solução por até 200 dias. Por isso, o tanque deve ser mantido tampado para evitar a evaporação da solução.
As pencas da camada superior tendem a flutuar na solução de etefon. Assim, para assegurar a uniformidade da maturação, recomenda-se a instalação de uma tampa com dobradiças que, ao ser fechada, manterá as bananas totalmente cobertas pela solução. Para evitar escoriações na casca das bananas, reveste-se a superfície inferior da tampa com espuma sintética.
Apesar de as bananas absorverem apenas pequena quantidade de solução, durante o tratamento sempre ocorre perda de solução quando as frutas são removidas do tanque. Quando o nível não mais cobrir todas as bananas, pode-se completar o volume com solução recém-preparada, na mesma concentração da anterior, ou reduzir a quantidade de bananas. Optando-se por completar a solução, seu descarte deve ser efetuado 200 dias após o preparo da primeira solução.
José Luis da Silva Nunes
Engenheiro Agrônomo, Dr. em Fitotecnia
Fonte
BORGES, A.L. et al. A cultura da banana. 3. Edição (revisada e ampliada). Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical. Brasília, DF : Embrapa Informação Tecnológica, 2006. 110 p. (Coleção Plantar, 56).