Brasil pode ser 2º maior exportador de algodão em 18/19, com 1,12 mi t, diz Abrapa
Brasil pode elevar os embarques de algodão em pluma a 1,12 milhão de toneladas na safra 2018/19
O Brasil prevê exportações de algodão em pluma de 1,12 milhão de toneladas na safra 2018/19, o que permitiria ao país ultrapassar a Índia como segundo exportador global da commodity, em momento em que produtores brasileiros contam com suporte da China para impulsionar seus negócios.
O cenário foi traçado nesta terça-feira pelo diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Marcio Portocarrero, numa conjuntura em que a China aplica uma taxa de 25 por cento ao algodão dos Estados Unidos, os maiores exportadores globais, por conta de disputas comerciais.
Segundo Portocarrero, a tarifa chinesa sobre o produto dos EUA ajuda nas vendas externas brasileiras, mas o que estimula mais os embarques do Brasil é um compromisso “verbal” da China de adquirir o produto nacional, o que permitirá um plantio de 2 milhões de hectares até 2022, ante um recorde de até 1,4 milhão de hectares projetados pela Abrapa na próxima safra (2018/19). “Os chineses falaram ao Brasil: ‘dobrem a área de algodão que vamos comprar todo o seu algodão’. Mas só vamos fazer isso se tiver mercado”, disse o executivo da Abrapa, sem revelar exatamente quando houve tal negociação.
Os preços do algodão na bolsa de Nova York estão nos maiores níveis em quatro anos, outro fator que estimula os produtores brasileiros, além de um dólar forte. Pela previsão do executivo da Abrapa, a exportação brasileira na nova safra superaria em mais de 10 por cento os embarques oficialmente projetados em 1,01 milhão de toneladas em 2017/18 e também apagaria um recorde histórico visto em 2011/12 (1,05 milhão).
Durante evento para jornalistas promovido pela Bayer, Portocarrero explicou que a China, para lidar com problemas relacionados à poluição e trabalhistas, tem levado sua indústria de algodão para países asiáticos como a Indonésia. Assim, os chineses ainda teriam condições de usar suas terras para plantar cereais.
Segundo ele, entre os principais importadores do algodão brasileiro, que também incluem Vietnã e Bangladesh, apenas Coreia do Sul e Turquia não têm relação com tal projeto chinês. Com relação à Índia, Portocarrero disse que o país asiático tem perdido mercado para o Brasil por estar muito mais focado em atender a demanda local e após não ter cumprido compromissos de exportação em 2011, o que afetou a credibilidade indiana, depois de a safra ter quebrado.
Ele ponderou que a Índia, que segundo ele passou a utilizar transgênicos, o que poderia ajudar na melhoria da produtividade, ainda tem problemas relacionados à mão de obra e de estrutura produtiva, fatores que dão competitividade ao Brasil.
Com um crescimento de mais de 10 por cento no plantio esperado para a próxima safra, a produção da pluma brasileira atingiria um recorde de 2,3 milhões de toneladas, ante o patamar histórico de 2 milhões de toneladas esperado para temporada 2017/18, cuja colheita está em fase final, segundo previsão da Abrapa.
A expectativa de plantio foi divulgada em momento em que produtores já venderam 15 por cento da safra futura antecipadamente, em um ritmo considerado normal para o setor, segundo o executivo.
Subsídios dos EUA
Apesar do crescimento, o Brasil ainda exportaria um volume que representa cerca de um terço do que os Estados Unidos deverão exportar em 2018/19, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), que também confirmam que o Brasil passará a Índia na exportação.
Portocarrero afirmou que o setor no Brasil avalia como poderá reagir após os EUA voltarem a aplicar subsídios agrícolas aos cotonicultores que já foram condenados pela Organização Mundial do Comércio, em painel de iniciativa do Brasil. Em 2011, a vitória brasileira envolveu 1 bilhão de dólares.
Segundo ele, o setor está avaliando o impacto global que terão os subsídios dos EUA e o montante que será alocado no orçamento, para depois eventualmente envolver o governo brasileiro no que pode resultar em uma nova disputa na OMC.