O algodoeiro é planta exigente, quanto à qualidade do solo. São desfavoráveis para o seu cultivo as glebas acentuadamente ácidas ou pobres em nutrientes, as excessivamente úmidas ou sujeitas a encharcamento e os solos rasos ou compactados. Com respeito a condições climáticas, exige, para um ciclo de aproximadamente 160 dias, e dependendo do desenvolvimento e produção das plantas, um suprimento de 750 a 900 mm de água, bem distribuídos no período. Após os 130 dias de idade da cultura, chuvas excessivas ou persistentes comprometem a produção e a qualidade do produto. Durante todo o ciclo, necessita de dias predominantemente ensolarados, com temperaturas médias entre 22 e 26ºC. Satisfeitas tais condições, a cultura tem sido realizada com sucesso em altitudes variando de 200 até 1000m. Nas altitudes maiores o ciclo pode ser alongado em 30 dias ou mais.
Além de possíveis diferenças no potencial de produção e de qualidade da fibra, cultivares de algodoeiro se distinguem, pelo menos, por quatro características, que pesam na sua escolha para plantio:
a) porte e conformação da planta, o que condiciona adaptabilidade a diferente sistemas de produção;
b) duração e grau de determinação do ciclo produtivo, o que tem implicações na época de semeadura, exigências nutricionais e manejo da cultura;
c) rendimento no beneficiamento (porcentagem de fibra), fator de escolha que resulta da forma de comercialização do produto (em caroço ou pluma) pelo produtor;
d) resistência ou tolerância a doenças, ponto decisivo segundo o histórico ou probabilidade de ocorrência de patógenos na área a ser cultivada. Acham-se disponíveis no Brasil numerosas cultivares, de órgãos públicos e empresas privadas, que se destacam em uma ou mais dessas características.
O produtor deve escolher aquela que sobressai quanto à característica que julga mais importante para o seu sistema de produção, sem que, por outro lado, apresente deficiências graves, notadamente, suscetibilidade a doenças.
Época de semeadura
É determinada pelas exigências climáticas da planta, em face das condições prevalecentes na região considerada e do ciclo previsto para a cultura (entre 140 e 170 dias, conforme a cultivar). Os pontos fundamentais são garantir umidade e temperatura suficientes para germinação, emergência e desenvolvimento das plantas e, principalmente, tempo relativamente seco na colheita. Na região Sul–Sudeste a maior probabilidade de sucesso ocorre para semeaduras entre 1o. de outubro e 20 de novembro.
Espaçamento e densidade
Em lavouras com colheita manual, e dependendo da fertilidade do solo e da cultivar empregada, o espaçamento entre linhas varia de 0,80 a 1m. Para colheita mecanizada, as máquinas mais modernas são bastante versáteis, com espaçamentos que variam entre 0,76 a 1m, conforme o número de linhas (2, 4 ou 5) colhidas de uma vez, pela máquina. Dependendo, também, das condições apontadas, o número de plantas na linha varia de 7 a 12 por metro linear. Sementes necessárias: conforme a cultivar, 100 sementes deslintadas quimicamente pesam de 8 a 10g. Dependendo do espaçamento e densidade utilizados, e da porcentagem de germinação, são necessários de 13 a 18 kg de sementes por hectare.
Técnicas de plantio
Além do método convencional, o algodoeiro adapta-se, também, ao sistema de plantio direto. Em qualquer dos casos é fundamental um plantio raso, com, no máximo, 3 cm de terra sobre as sementes, e o adubo colocado ao lado e abaixo destas. No plantio direto, além de equipamentos especiais, deve-se estar preparado para incidências maiores de pragas e doenças, no início da cultura, exigências adicionais de nutrientes, sobretudo nitrogênio, necessidade de manejo adequado da palhada ou dos restos da cultura anterior e problemas com o controle de ervas daninhas. Em ambos os casos, mas principalmente no sistema convencional, é indispensável o emprego de técnicas conservacionistas do solo.
José Luis da Silva Nunes
Engenheiro Agrônomo, Dr. em Fitotecnia
Fonte
FUZATTO, M.G.; CARVALHO, L.H., CIA, E.; SILVA, N.M.; CHIAVEGATO, E.J.; LÜDERS, R.R. Algodão. Campinas: Edicotora do Instituto Agronômico de Campinas (Boletim técnico nº 31). 3 p.