Para se fazer uma adubação equilibrada, é muito importante conhecer a quantidade total de nutrientes extraídos, exportados (fibra e sementes) e quanto retornou ao solo através dos restos culturais. Porém, além das exigências nutricionais, vários fatores determinam a resposta das culturas à adubação, tais como:
- A dinâmica dos nutrientes no solo;
- O histórico de uso da área (principalmente, cultura anterior, correções e adubações aplicadas);
- A disponibilidade de água, dentre outros.
O fósforo, por exemplo, embora seja o macronutriente menos absorvido pelo algodoeiro, é usado em maior proporção nas formulações de adubação devido à sua fixação no solo, especialmente na regiões de cerrado. De qualquer forma os teores de nutrientes no solo devem ser manejados de modo a se construir sua fertilidade até os níveis considerados altos ou adequados. Desse ponto em diante, a adubação deve objetivar manter a fertilidade e o nível da produtividade alcançada. · O fósforo e o potássio são recomendados em função da análise do solo, considerando as tabelas de recomendação de adubação de cada estado ou região.
A recomendação de nitrogênio é baseada na produtividade esperada e no potencial de resposta da cultura associado ao histórico de uso da área. · Não se espera resposta à adubação potássica quando o teor de potássio no solo for superior a 2,5 mmolc.dm-3 ou quando a relação (Ca + Mg)/K < 20. O enxofre, assim como o nitrogênio, não é recomendado pela análise do solo. Nos casos em que se espera resposta a esse nutriente, a aplicação de 25 a 30 kg.ha-1 usando gesso tem sido suficientes para o algodoeiro. · É recomendável o uso de fontes solúveis de fósforo e de formulações NPK que contenham sulfatos, seja como sulfato de amônio e/ou superfosfato simples, que além de N e P também fornecem enxofre. A adubação de plantio deve ser feita no sulco de semeadura, ao lado e abaixo da semente, com pequena proporção de nitrogênio (10 a 15 kg.ha-1), fósforo em dose total, metade ou um terço da dose recomendada de potássio e micronutrientes.
A adubação de cobertura pode ser única ou parcelada, se necessário. A primeira cobertura deve ser feita entre 30 a 35 dias após a emergência, com N, K, S e B (1/2 da dose), caso esses dois últimos não tenham sido aplicados na semeadura. A segunda cobertura com N e K (se necessário) deve ser feita cerca de 20 a 30 dias após a primeira. Este parcelamento aumenta a eficiência da adubação pois assegura o fornecimento desses nutrientes na fase de maior absorção pelas plantas e evita perdas por lixiviação, sobretudo em solos arenosos. Além disso, a aplicação de quantidades elevadas de adubo potássico na semeadura pode prejudicar a emergência das plantas devido ao aumento da pressão osmótica no meio, uma vez que o cloreto de potássio tem elevado índice salino. Resultados de pesquisas recentes têm indicado que:
- A aplicação de nitrogênio em cobertura em doses acima de 120 kg.ha-1 não são econômicas;
- As aplicações tardias de nitrogênio (após 80 dias de emergência) promove o crescimento vegetativo, prolongamento do ciclo da cultura, aumento da queda de botões florais e aumento da intensidade de ataques de pragas e doenças, sem que ocorra aumento da produtividade.
- Respostas a doses elevadas de nitrogênio em cobertura (acima de 140 kg/ha) estão associadas à compactação do solo e/ou à presença de nematóides.
Quanto aos micronutrientes, a adubação via solo tem se mostrado mais eficiente do que a adubação foliar. Em áreas com histórico favorável para a deficiência desse micronutriente, recomenda-se a aplicação de até 1,2 kg.ha-1 na semeadura, ou em cobertura junto com N e K. Como o limite entre a deficiência e a toxicidade de boro é muito estreito, aplicações acima de 2 kg.ha-1 podem causar prejuízo na produção.
Em solos de cerrado, na fase de correção, recomenda-se aplicar 3 kg.ha-1 de Zn se o teor no solo for inferior a 0,6 mg/dm3 , para prevenir deficiências. Os resultados de pesquisa mostram que a adubação foliar é menos eficiente do que a adubação tradicional, via solo. Por isso, a pulverização foliar é recomendada apenas para corrigir deficiências detectadas durante o desenvolvimento da cultura.
Entretanto, quando essas deficiências ocorrem parte da produção potencial da planta já está comprometida e a correção apenas diminui a intensidade das perdas. No caso de solos corrigidos e com uso de elevadas adubações com NPK, visando altas produtividades, é conveniente o uso de formulações NPK de plantio contendo micronutrientes, para prevenir possíveis deficiências. Nessas formulações é comum o uso de fritas como fonte de todos os micronutrientes. As fritas são relativamente baratas e de lenta solubilização no solo, assegurando liberação gradual dos micronutrientes sem causar toxicidade.
José Luis da Silva Nunes
Engenheiro Agrônomo, Dr. em Fitotecnia