Preço global do arroz recua e importadores adotam cautela
Em março, os preços mundiais do arroz registraram quedas

Em março, os preços mundiais do arroz registraram quedas mais limitadas, diminuindo em uma média de 3% contra 7% no mês anterior. Os preços encontram-se em seu nível mais baixo desde setembro de 2022. Quedas mais significativas foram registradas na Tailândia, Índia e Paquistão. Em contraste, o declínio foi mais moderado no Vietnã, mostrando até alguma firmeza na segunda metade do mês. Nos Estados Unidos, os preços caíram 4,5% devido ao aumento da oferta.
Em contraste, nos países do Mercosul os preços caíram mais acentuadamente, de 6% a 10%, dependendo da origem, devido à chegada de novas safras. A demanda mundial continua limitada, enquanto a oferta de exportação é abundante e deve ainda aumentar nos próximos meses. Com tudo, os importadores estão cautelosos, adiando suas compras na expectativa de novas quedas de preços.
O fim das restrições à exportação de arroz quebrado indiano, anunciado no início de março, também deveria ter um impacto sobre os preços do arroz de baixa qualidade. O fim das restrições marca o grande retorno da Índia ao mercado mundial. Suas exportações devem aumentar acentuadamente, ultrapassando o recorde histórico de 2022, para 23 Mt, já quase 40% do comércio mundial de arroz. Por enquanto, a Índia está se concentrando principalmente nos mercados africanos. As perspectivas do comércio mundial em 2025 apontam um aumento adicional para 60 Mt, contra 59,4 Mt em 2024.
Em março, o índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) caiu mais 6,7 pontos, atingindo 199,5 pontos (base 100=janeiro de 2000), contra 206,3 pontos em fevereiro. No início de abril, o índice IPO ainda estava em declínio, situando-se em 195 pontos. Produção mundial Segundo as últimas estimativas da FAO, a produção mundial de arroz em 2024 teria aumentado 1,6%, atingindo 818,3 Mt (543,3 Mt base beneficiado), contra 805,4 Mt em 2023. Esse aumento refletiu as boas safras na Ásia, especialmente na Índia e na China, mas onde a produção deve ficar abaixo do esperado.
Com isso, a Índia se torna o maior produtor mundial de arroz, ultrapassando a China. Na África, a produção melhorou apenas ligeiramente, enquanto na América do Norte houve um novo aumento, após a forte recuperação de 30% registrada em 2023. No Mercosul, a produção também tende a aumentar. Comércio e estoques mundiais O comércio mundial de arroz em 2024 teria aumentado em 12%, atingindo o recorde histórico de 59,4 Mt, contra 53 Mt em 2023. Esse aumento se deve principalmente à maior demanda de importação das Filipinas e da Indonésia.
Em contraste, a demanda na África Subsaariana, o maior mercado importador, diminuiu devido aos altos preços mundiais, especialmente durante o primeiro semestre do ano, após as restrições de exportação da Índia. No entanto, a Índia concedeu isenções a países cuja segurança alimentar dependia em grande parte de seus suprimentos, especialmente os países africanos. A China reduziu drasticamente suas importações em 2024, recorrendo a suas abundantes reservas para atender à demanda doméstica. As projeções para 2025 confirmam a recuperação do mercado mundial, observada no último trimestre de 2024. Espera-se que o comércio mundial aumente em 1,5% para 60 Mt, representando, pela primeira vez, 11% da produção mundial de arroz.
Os estoques mundiais de arroz no final de 2024 teriam aumentado em 2,8%, atingindo 200 Mt pela primeira vez. Em 2025, poderiam aumentar novamente em 3,2%, para 206 Mt. Os estoques chineses diminuíram, mas continuam abundantes, representando 70% do consumo doméstico anual e 50% dos estoques mundiais. A redução foi compensada pelo aumento dos estoques na Índia, após a política de restrição de exportação. Os estoques dos principais países exportadores ficaram em 65 Mt em 2024, representando 33,5% do total mundial.
Na Índia, os preços do arroz caíram 3,5% em um mercado menos ativo, mas ainda com exportações mensais em torno de 2 Mt. A reativação das exportações de arroz quebrado, anunciada no início de março, deve afetar os preços do arroz de baixa qualidade. Mas, no momento, as exportações de arroz quebrado não ultrapassam 100.000 t por mês. As previsões de exportação da Índia foram revisadas e podem aumentar em 30%, atingindo um recorde de 23 Mt. Em março, os preços do arroz branco e parboilizado marcaram em torno de $ 398/t Fob, contra $ 435 em fevereiro. No início de abril, os preços indianos continuavam fracos, sendo negociados entre $ 380 e $ 390, seu nível mais baixo desde outubro de 2022.
Na Tailândia, os preços recuaram de 4 a 5%. Desde a reativação das exportações indianas, no início de outubro passado, os preços tailandeses caíram $ 150/t (-30%). É o nível mais baixo desde dezembro de 2021. Além disso, alguns contratos foram cancelados por causa da queda dos preços abaixo dos níveis acordados. O governo tailandês busca um acordo com seus concorrentes vietnamitas e indianos para conter a queda nos preços mundiais. Mas é improvável que a iniciativa se concretize. Em 2025, as exportações tailandesas poderiam cair 25%, para 7,5 Mt. Em março, o arroz 100%B tailandês marcou uma média de $ 418, contra $ 435 em fevereiro. O arroz parboilizado caiu para $ 425, contra $ 440 anteriormente. O arroz quebrado A1 Super ficou em média de $ 352, contra $ 369. No início de abril, os preços tailandeses continuavam caindo devido à demanda limitada de importação.
No Vietnã, os preços de exportação caíram 3,5%, atingindo o nível mais baixo desde agosto de 2021. O país também é afetado pela redução da demanda de importação, especialmente das Filipinas e da Indonésia, que respondem por 60% das exportações vietnamitas. O ano de 2025 está se tornando difícil, com uma possível queda nas exportações para 7,5 Mt, 17% abaixo das vendas recordes em 2024. Em março, o arroz Viet 5% se negociou em torno de $ 395, contra $ 399 anteriormente. O Viet 25% caiu para $ 368, contra $ 374. No início de abril, os preços começavam a se estabilizar.
No Paquistão, os preços do arroz caíram 4%, acumulando uma queda de 35% desde o início de outubro passado. Os preços continuam competitivos, mas afetados pela pressão dos preços indianos. Além disso, também tem o impacto da redução da demanda global. Em 2025, as exportações estão estimadas em 5,5 Mt, contra 6,5 Mt em 2024. Em março, o Pak 5% marcou uma média de $ 385, contra $ 401 em fevereiro. No início de abril, os preços paquistaneses estavam moderadamente mais firmes.
Na China, estima-se que a produção tenha aumentado apenas 0,5%, para 207,5 Mt (base beneficiado). Esse leve aumento deve-se às inundações que afetaram parte do país. Diante da provável redução dos estoques domésticos, mas que ainda permanecem elevados, é provável que a China aumente sua demanda de importação, estimulada pela queda dos preços mundiais. Em 2025, as importações chinesas de arroz poderiam atingir 2,2 Mt, contra 1,6 Mt em 2024. Nos Estados Unidos, os preços do arroz caíram mais 4% dentro de um mercado externo mais ativo. Em março, as exportações foram estimadas em 300.000 t, contra 215.000 t em fevereiro, mas ainda marcando 20% a menos em relação a 2024, na mesma época. Em março, o preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 marcou $ 680/t, contra $ 711 em fevereiro. No início de abril, o preço estava relativamente estável em $ 675. Na Bolsa de Chicago, os preços futuros do arroz casca caíram 2,3%, para $ 297/t, contra $ 304 em fevereiro. No início de abril, os preços futuros continuavam declinando para $ 292.
No Mercosul, os preços de exportação caíram significativamente, de 6% a 10%, devido à chegada das novas safras, que são promissoras. O preço indicativo do arroz casca brasileiro caiu 14%, para $ 288/t, contra $ 332 em fevereiro. No início de abril, o preço do arroz ainda continuava declinando para $ 270. Na África Subsaariana, a oferta local de arroz nos mercados domésticos está mais restrita, mas a queda dos preços mundiais e a retomada das exportações de arroz quebrado da Índia deveria reduzir a pressão sobre os preços domésticos. Na sub-região, as importações de arroz poderiam aumentar em 2025, estimuladas pela oferta mundial abundante e pelos preços mundiais mais baixos.