Preço da soja oscila e fecha semana em US$ 10,13/bushel
Preços da soja se mantiveram estáveis no Brasil

Com maio passando a ser o primeiro mês cotado, o valor do bushel de soja subiu um pouco em relação a semana anterior. Porém, no transcorrer da presente semana o mesmo recuou um pouco, encerrando o pregão da quinta-feira (20) em US$ 10,13, contra US$ 9,96 uma semana antes.
Dito isso, a Associação dos Esmagadores de Soja dos EUA anunciou que, em fevereiro, o processamento da oleaginosa naquele país ficou 4% abaixo do esperado pelo mercado e 4,5% abaixo do registrado em fevereiro do ano passado. No caso do óleo de soja os estoques estadunidenses ficaram 8,4% acima das expectativas do mercado e 18% acima do registrado em janeiro.
Por outro lado, as importações de soja dos Estados Unidos pela China aumentaram 84,1% nos dois primeiros meses de 2025 em comparação com 2024. Todavia, a partir de março, devido a guerra comercial imposta por Trump, esse quadro deverá mudar em favor do Brasil. A China comprou 9,1 milhões de toneladas de soja dos EUA no somatório de janeiro e fevereiro, contra 4,96 milhões em igual período do ano passado. Na prática, houve uma antecipação de compras chinesas diante da iminência da chegada das tarifas comerciais estadunidenses, assim como houve atraso na colheita brasileira, o que obrigou os chineses a se concentrarem mais na soja norte-americana no início do ano. Já as compras de soja brasileira, por parte da China, recuaram 48,4% no mesmo período, ficando em 3,59 milhões de toneladas, contra 6,96 milhões em 2024. Já as importações totais chinesas, no primeiro bimestre do ano, subiram 4,4%, para 13,61 milhões de toneladas.
E na Bolívia, país que produz entre 3 a 4 milhões de toneladas de soja por ano, na região agrícola de Santa Cruz de la Sierra, os produtores estão preocupados com a escassez de combustível, o que atinge a colheita das diferentes safras. A falta do insumo se deve ao recuo nas reservas de moeda estrangeira que a Bolívia possui, algo que vem acontecendo nos últimos 10 anos. Além disso, o forte recuo na produção de gás localmente, a qual atinge níveis de crise, também é um motivo importante. Sem combustível, os produtores locais ficam mais endividados do que já estão. O governo tenta acalmar a situação com subsídios, porém, o caixa está curto. O risco é o país perder, por falta de colheita, uma grande quantidade de soja, milho e sorgo, afetando as demais cadeias produtivas, caso das carnes, leite e ovos. “O governo da Bolívia, sob crescente pressão devido à crise do dólar e dos combustíveis, tentou facilitar as importações, permitindo que a empresa estatal de energia YPFB usasse criptomoedas para pagar cargas de combustível e pagar empresas.” A taxa de câmbio paralela atingiu mais de 11 bolivianos por dólar, contra 6,86 na taxa oficial controlada, em meio à escassez de moeda forte (cf. Reuters).
E no Brasil, os preços da soja se mantiveram estáveis. A média gaúcha ficou em R$ 128,00/saco, enquanto nas demais praças nacionais os mesmos giram entre R$ 107,00 e R$ 121,00/saco.
Até meados da corrente semana a colheita de soja no Brasil chegava a 66% da área semeada, contra a média histórica de 65,6% para o período (cf. Pátria AgroNegócios). Especificamente no Mato Grosso, a colheita atingia a 97,3% no final da semana anterior (cf. Imea). Por sua vez, a consultoria AgRural aponta que colheita de soja do Brasil atingiu a 70% da área plantada até o dia 13/03, o que representaria o ritmo mais forte para esta época do ano em pelo menos 14 anos.
Já a produção brasileira deverá ficar entre 165 e 170 milhões de toneladas, dependendo do número final a ser colhido no Rio Grande do Sul, onde a quebra de safra já está ao redor de 40% em média, em relação ao esperado. Alguns analistas privados ainda esperam 172,5 milhões de toneladas, caso de Safras & Mercado e 170,9 milhões, caso da Abiove. Mesmo com a quebra gaúcha, mas também em parte de Santa Catarina e no Mato Grosso do Sul, a colheita nacional de soja deverá ser recorde. Lembrando que a Abiove indica uma safra passada (2023/24) em 154,4 milhões de toneladas, prejudicada que foi pelo clima em diversas localidades.
A Abiove ainda informa que a exportação de óleo de soja será maior em 27,3%, em relação à estimativa de fevereiro, passando a 1,4 milhão de toneladas, após o governo brasileiro decidir pela manutenção da mistura de biodiesel no diesel fóssil em 14%. Ao mesmo tempo, reduziu o consumo brasileiro de óleo de soja, em 2025, em 3,8%, com o mesmo passando a 10,1 milhões de toneladas. Lembrando que no ano passado mais de 7 bilhões de litros de óleo de soja foram destinados à produção de biodiesel.
Enfim, a Anec estima que o Brasil irá exportar 15,6 milhões de toneladas de soja em março, lembrando que o mês de maior exportação de soja pelo Brasil, que é o maior produtor e exportador mundial da oleaginosa, se deu em abril de 2021, com 15,7 milhões de toneladas.
“A expectativa é de que o Brasil exporte mais de 100 milhões de toneladas em 2025, com a confirmação de uma colheita recorde próxima de 170 milhões de toneladas, além de uma demanda forte da China, maior importador que está em guerra comercial com os Estados Unidos, segundo exportador global.” (cf. Abiove).