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Análise de mercado do trigo

Brasil e EUA poderiam ser beneficiados com o aumento da demanda



A cotação do trigo, para o primeiro mês cotado, subiu um pouco mais nesta semana, com o fechamento da quinta-feira (19) ficando em US$ 5,65/bushel, após US$ 5,63 uma semana antes. Lembrando que no dia 16/09 o mesmo atingiu a US$ 5,78. A colheita do trigo de primavera, nos EUA, no dia 15/09, atingia a 92% da área, contra 90% na média histórica. Por sua vez, o plantio da nova safra do trigo de inverno, naquele país, atingia a 14% da área, contra 13% na média histórica na mesma data. Dito isso, os EUA embarcaram 556.901 toneladas de trigo na semana encerrada em 12/09.

Em todo o atual ano comercial do cereal, nos EUA, iniciado em 1º de junho passado, o volume exportado chega a 6,9 milhões de toneladas, contra um pouco mais de 5,1 milhões em igual momento do ano anterior. Por sua vez, a semana iniciou sob efeito da guerra Rússia x Ucrânia, iniciada ainda em fevereiro de 2022. Novos ataques da Rússia contra navio graneleiro ucraniano, carregado com trigo a caminho do Egito, aumentou a tensão no mercado. O ataque aconteceu perto da Romênia, país membro da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), o que aumenta ainda mais as tensões entre as nações. "Este ataque eleva a insegurança nas águas do Mar Negro, o que pode aumentar os custos de frete e seguro, afastando os compradores da região.

Caso isso se consolide, Brasil e EUA poderiam ser beneficiados com o aumento da demanda por milho. Os EUA também poderiam ter aumento da demanda de trigo, uma vez que produtores importantes, incluindo a França, Alemanha e a própria região do Mar Negro tiveram redução na produção desta temporada". (cf. Agrinvest Commodities) Lembrando que a Rússia mantém elevado o seu potencial exportador de trigo, estando bastante competitiva no mercado internacional, e isso mesmo diante de uma expressiva redução em seu volume produzido de trigo em relação à safra anterior. No início deste mês, o cereal russo registrou preços de US$ 201,75 por tonelada FOB no Mar Negro, contra, por exemplo, US$ 210,00 da Ucrânia; US$ 228,00 dos EUA; US$ 234,00 da França, US$ 243,00 da Alemanha e US$ 260,00 da Argentina.

A cotação atual russa também é a menor desde agosto de 2019, acumulando queda de 5,9% em relação ao mesmo período do mês passado e de 21% quando comparada ao mesmo momento do ano passado. E estes preços ocorrem mesmo com a safra de trigo russa estar estimada em 83 milhões de toneladas, volume 8,5 milhões de toneladas menor do que a safra 2023/24 e 9 milhões abaixo da produção recorde de 92 milhões em 2022/23. Como o consumo interno russo é estimado em 38,8 milhões de toneladas, o saldo exportável recuaria de 51 milhões de toneladas para 44 milhões.

Mesmo assim os russos seguem firmes no mercado exportador. E na França, o Ministério da Agricultura local voltou a reduzir a estimativa de produção de trigo macio local, ficando a mesma, agora, 27% abaixo do volume do ano anterior, sendo uma das piores colheitas dos últimos quase 40 anos junto ao maior produtor de grãos da União Europeia. O volume a ser produzido deverá atingir a 25,8 milhões de toneladas, sendo o menor desde 1986. Com isso, as exportações francesas de trigo para fora do bloco europeu deverão cair 61% em relação ao ano anterior, ficando em apenas 4 milhões de toneladas. E no Brasil os preços, para o produto de qualidade superior, ficaram estáveis em R$ 68,00/saco nas principais praças gaúchas, embora a média local tenha sido de R$ 69,41. Já no Paraná, as principais praças registraram valores entre R$ 79,00 e R$ 80,00/saco.

Quanto à colheita da nova safra, o Paraná registrava 34% da área colhida no início da presente semana, sendo que 30% das lavouras a colher apresentavam condições ruins. Já no Rio Grande do Sul a colheita ainda está distante. Enfim, os preços do trigo no Brasil não avançam tanto como no mercado externo, neste momento, porque “além da baixa fluidez nas negociações, muitos contratos fechados por moinhos, no período de preços mais acessíveis para importação, estão sendo cumpridos nesse momento, o que torna o cenário desfavorável para as vendas internas”. 

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