CI

Análise de mercado da soja

. A alta em Chicago acabou sendo eliminada pela revalorização do Real



As cotações da soja, considerando o primeiro mês cotado, voltaram a ficar acima dos US$ 10,00/bushel durante esta semana. O fechamento desta quinta-feira (19) atingiu a US$ 10,13, contra US$ 9,91 uma semana antes. A colheita da soja, nos EUA, se iniciou na semana passada, sendo que 6% da área já havia sido colhida até o dia 15/09, contra a média histórica de 3%. Quanto às condições das lavouras que restavam ser colhidas, 64% estavam entre boas a excelentes, 25% regulares e 11% entre ruins a muito ruins. No ano anterior, as lavouras em boas a excelentes condições atingiam a 52% na mesma época.

Por outro lado, na semana encerrada em 12/09 os embarques estadunidenses de soja chegarama a 401.287 toneladas, somando 674.581 toneladas neste novo ano comercial dos EUA, iniciado em 1º de setembro (ano 2024/25). Já o esmagamento de soja nos EUA, no mês de agosto, ficou bem abaixo do esperado pelo mercado, segundo a Associação Nacional dos Processadores de Oleaginosas (NOPA). O mesmo recuou para apenas 4,3 milhões de toneladas trituradas, sendo o menor volume desde setembro de 2021. Isso representou uma queda de 13,6% sobre o esmagado em julho e de 2,1% sobre o esmagado em agosto do ano passado. Com isso, os estoques de óleo de soja, nos EUA, caíram para uma mínima de 10 meses no dia 31/08.

E no Brasil os preços se mantiveram relativamente estáveis. A alta em Chicago acabou sendo eliminada pela revalorização do Real, que chegou a bater em R$ 5,42 por dólar na semana, especialmente após o anúncio da elevação da Selic para 10,75% ao ano. Assim, a média gaúcha fechou em R$ 123,52/saco, porém, as principais praças locais trabalharam com R$ 120,00. Nas demais regiões nacionais os preços oscilaram entre R$ 118,00 e R$ 128,00/saco. O plantio da nova safra de soja iniciou, timidamente, apenas em algumas áreas irrigadas do Mato Grosso especialmente.

Ocorre que a umidade do solo no Mato Grosso e no Paraná, dois dos três maiores Estados produtores de soja do Brasil, está no menor nível em 30 anos, o que não traz condições favoráveis ao plantio da oleaginosa, por enquanto. E o Brasil, diante de compromissos de exportação, assumidos sobre a expectativa de uma safra recorde que não ocorreu, e, portanto, de uma menor colheita na última safra, continua aumentando as importações da oleaginosa. Entre janeiro e agosto o volume total atingiu a 802.452 toneladas, ou seja, 703% acima do registrado no mesmo período do ano passado. 

O preço FOB do produto importado está 20% menor se comparado aos mesmos oito meses do ano passado. A expectativa é que o Brasil encerre 2024 com o recorde importado em soja de até 1,7 milhão de toneladas. (cf. Pátria Agronegócios) Haveria ainda cerca de 33 a 35 milhões de toneladas de soja disponíveis no país, porém, produto este que, em sua maioria, não vem sendo comercializado pelos produtores. Quem ainda possui soja estaria segurando o produto esperando um melhor preço no próximo ano, algo que está longe de ser garantido. Do total importado pelo Brasil nos oito primeiros meses do ano, 99,3% veio do Paraguai. No ano passado foram 91% do Paraguai e 8,7% do Uruguai.

Os dois Estados que mais importaram soja foram o Paraná e o Rio Grande do Sul, repetindo o ocorrido em 2023. Para muitos, “o mercado doméstico brasileiro agora sofre com a escassez por dificuldade de planejamento prévio diante da redução de safra observada neste último ciclo 2023/2024". (cf. Pátria Agronegócios) Por outro lado, as exportações brasileiras de soja já chegam a 83,4 milhões de toneladas, superando em 3,2% o exportado no mesmo período do ano passado, sendo que 73% deste total foi para a China. 

Esta realidade está mantendo os prêmios, nos portos brasileiros, acima de US$ 1,00/bushel neste restante de semestre, fato que ajuda a manter os preços internos nos atuais níveis. Mas atenção: para o início da próxima colheita (fevereiro e março 2025) os prêmios já estão em apenas US$ 0,30/bushel, tomando Paranaguá como referência. Por sua vez, a Abiove está estimando que o esmagamento de soja, em 2024, venha a ser de 54,5 milhões de toneladas no Brasil, contra 54,1 milhões no ano passado e 50,9 milhões de toneladas em 2022.

Em tal contexto, a tendência é de finalizarmos o corrente ano com os menores estoques de passagem dos últimos 20 anos. Isso, se não ocorrer uma safra cheia na próxima colheita, poderá reverter a tendência baixista de preços que existe para o primeiro semestre de 2025. Mas o quadro, por enquanto, é mais baixista do que altista para os preços da soja nacional. Muitos analistas, diante do exposto, ainda consideram muito arriscado segurar a soja para o próximo ano, devendo os produtores aproveitarem os momentos atuais para comercializar dentro da construção de uma média de preços. Enfim, ainda o clima vem sendo o elemento central de observação do mercado, tanto nos EUA quanto, e especialmente, aqui na América do Sul e particularmente no Brasil, pois esperam-se chuvas adequadas, no Centro-Oeste e Sudeste brasileiros, somente a partir de outubro.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.