Mais importante que as palavras são as ações. Daí vem o provérbio “faça o que eu digo mas não faça o que eu faço” em se tratando de recomendações ou estratégias para outros daqueles que não as praticam para si. Inclusive na família isso tem um peso enorme e que muitos pais não percebem.
Quem trabalha com planejamento estratégico, antes de definir as estratégias e ações, é imprescindível desenvolver a missão da empresa, a sua visão de futuro e os valores norteadores.
Uma vez implantados, esse conjunto de atributos deverão fazer parte do que chamamos de DNA Organizacional. Ou seja, qualquer empresário que for fazer negócio com essa empresa terá em mente como ela gosta de negociar e quais são os valores empresariais que são fundamentais para que não tenha atritos futuros.
O problema não está em definir os valores empresariais adequados e sim em ter coragem para colocá-los em prática. Como gostam de afirmar aqueles que têm tais dificuldades: “isso é teoria, na prática é diferente”. Essas duas questões são diferentes só porque queremos. Prometemos o que na verdade não somos capazes ou dispostos a cumprir.
Muitos empresários pensam e até argumentam que isso é irrelevante. É somente um conjunto de palavras declaradas, mas sem valor efetivo para a empresa ou clientes. Na verdade, dizer uma coisa e atuar na direção contrária significa agir desonestamente.
Atitudes dessa natureza acabam desmotivando os funcionários e transformando a maioria em verdadeiros cínicos, visto que possuem um exemplo corporativo. De outro lado, a credibilidade acaba cedendo lugar para a desconfiança o que normalmente necessita investimentos adicionais em marketing e propaganda para buscar reduzir o efeito negativo, principalmente entre clientes e fornecedores.
Portanto, a declaração de missão, visão e valores das empresas deve vir precedida dos respectivos valores de seus empreendedores, proprietários ou diretores. Cabe a eles definir quais são e as necessárias adequações das práticas empresariais.
Uma questão prática que se percebe com freqüência é de que parece bonito anunciar respeito, senso de urgência, compromisso com os clientes e questões do gênero, sem efetivamente mudar os hábitos da organização para atender o que está sendo prometido.
Nada mais objetivo e honesto do que a missão da americana Sears Roebuck and co.: “Um lugar para se comprar, trabalhar e investir”. E ponto final.
Para termos idéia da falsidade empresarial basta verificarmos os valores corporativos da Enron (aquela empresa americana que arrastou a maioria dos diretores para a cadeia e boa parte dos acionistas para o fundo do poço por falsificar seus relatórios contábeis): comunicação, respeito, integridade e excelência. Piada, não?
Posso garantir que não é privilégio deles. Numa pesquisa entre as 500 maiores da Fortune, menos de 30% das missões declaradas e expostas em belos quadros na entrada das recepções ou na sala dos presidentes não condizem com as missões verdadeiras. Isso dá uma mostra de que parte do mundo político que tanto criticamos na verdade tem seu cerne no mundo empresarial. Ou seria o contrário?
Vamos tomar como exemplo os valores declarados da Vivo Participações S/A, uma empresa Portugal Telecom e Telefónica: qualidade, confiança, simplicidade, interação, sustentabilidade e entusiasmo.
Parte desses valores muitas vezes é esquecida. Como posso, por exemplo, confiar numa empresa que debita na minha conta valores de serviços que não solicitei, comunica me parabenizando pela aquisição e ainda me envia um torpedo solicitando que dê nota sobre o atendimento?
E a simplicidade então? Vou testar é a minha paciência hoje, tentando retirar esse débito na minha conta futura.
Senhores empresários, quando se comunicarem com o mercado, seja via publicidade, propaganda ou no próprio endomarketing, por favor, sejam honestos consigo para que possam executar sem sobressaltos.
Uma boa semana de Gestão & Negócios.
