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Uma reação possível


Amado de Olveira Filho
Você já parou para pensar o que de fato está acontecendo com o Brasil? Você tem consciência de onde você está na pirâmide social? Certamente você, que é um pequeno empresário ou produtor rural, um funcionário público ou um profissional liberal e tantos outros profissionais são cidadãos de classe média. Não importam os critérios técnico-científicos que definem as classes sociais no Brasil. Seguramente são profissionais que não se utilizam do transporte coletivo, porém suam a camisa para pagarem a prestação do automóvel financiado e compra a gasolina com o cartão de crédito.

Você cidadão classe média, ultimamente tem sido aquele que mesmo utilizando do limite do cheque especial, faz a alegria da família freqüentando um restaurante, mesmo que o prato principal não passe de uma pizza. Você faz também uma verdadeira magia e consegue manter seus filhos em escolas particulares e ainda consegue pagar um plano de saúde. Você também vive indignado com o IOF, IPTU, IPVA, ICMS, ISS, Taxas, IRRF e desse último aguarda com ansiedade aquela restituiçãozinha que permitirá um pequeno fôlego em sua conta bancária. Pois bem, com todas estas preocupações você não tem refletido o que está acontecendo com o Brasil.
Ocorre que o Brasil, "o gigante adormecido da América do Sul", segundo o jornal britânico The Guardian, está acordando graças, em grande parte, ao "boom" das commodities plantadas em regiões como Mato Grosso, que se transformou na vanguarda da marcha do Brasil rumo ao palco mundial. Porém, podemos afirmar que este gigante adormecido está à deriva. Seu presidente da República, depois de mais de cinco anos de governo, olha para o teto e ainda não acredita que é o presidente da República. Diante de uma platéia que lhe aplaude, afirma que vai implantar diárias no serviço público federal para acabar com as "sacanagens" dos cartões corporativos.
Precisamos através de nossas instituições de classe, clubes de serviços e tantas outras entidades sérias, alertar as autoridades de que algo precisa ser feito. A classe média está empobrecendo, não há qualquer dúvida que perdeu a mobilidade social, mesmo sendo ela a responsável pelo pagamento da maior fatia dos impostos, sem receber a necessária contrapartida, pois paga por serviços que são de responsabilidade dos governos, como saúde, escola, segurança, e outros. Segundo estudos, a carga tributária sobre seus ombros alcança até 43,0% e os serviços que paga, que deveriam ser de responsabilidade do poder público, alcançam outros 31,0% de sua renda. Assim, sobram 26,0% para cobrir todas as suas outras necessidades. Isto é insuportável, uma reação é possível!

Quem vai fazer algo? Os pobres não serão. Os ricos estão numa situação confortável. Os muito ricos menos farão ainda e os muito pobres dependem cada vez mais das transferências públicas, estão numa situação de inércia que termina por levá-los a inépcia. Por outro lado, você não depende deles, você classe média faz parte da classe social que mais estudou e que ocupa a maioria dos postos de trabalho dos setores da economia responsáveis pela geração de mais de 50% da renda nacional. Portanto, você tem grande influência no processo de desenvolvimento econômico.
Acredito firmemente no que diz Miguel Valadares em seu artigo "A hora e a vez da classe média" quando afirma: "A direção que a classe média tomar, em país que se der ao respeito de seus cidadãos, terá cada vez mais peso político na prática da democracia". Portanto, o que de fato a classe média precisa é buscar uma direção, caso contrário continuará trabalhando 157 dias por ano apenas para pagar imposto e, ainda, continuar juntando pequenas sobras para não se auto-excluir da qualidade de vida que sabe existir. Você já parou para pensar no que está acontecendo com o Brasil?

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