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Uma outra verdade inconveniente


Amado de Olveira Filho
O mundo foi sacudido pelo filme “Uma verdade inconveniente” que trata da vida de Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos. Além dos problemas pessoais do principal protagonista o filme trata dos grandes problemas de ordem ambiental que o planeta precisa administrar, sob pena de passar por grandes catástrofes ambientais.

O filme assistido por milhões de pessoas além de render milhões de dólares a seus idealizadores tem sua importância para a nova ordem mundial, ou seja, fez com que de fato o debate saísse do mundo acadêmico e permeasse as diversas camadas sociais. Pena que manifestações como de Al Gore que sensibilizou o mundo de nada sirva ao atual Presidente dos Estados Unidos que teima em não aderir, por exemplo, ao Protocolo de Kyoto.
Aqui no Brasil surge com a cristalinidade das verdades absolutas um assunto que se caracteriza como Uma outra verdade inconveniente. Trata-se do aumento dos preços dos alimentos onde alguns itens que fazem parte do cardápio do brasileiro têm seus preços fortemente aumentados.
Para o entendimento dessa outra verdade inconveniente é necessário considerarmos que o mundo continua aumentando celeremente sua população, com destaque para os países pobres e em desenvolvimento, contribuindo para que a população mundial, que em 2006 era em torno de 6,5 bilhões de pessoas, chegar aos 7,5 bilhões em 2013; 8,5 bilhões em 2028 e fatalmente aos 10 bilhões em 2054.
Já a produção de alimentos mundo afora não vem crescendo na mesma ordem, porém, isto não pode causar impacto semelhante a Uma Verdade Inconveniente, pois o Economista Inglês Thomas Malthus fez a denúncia em seu trabalho “Ensaio sobre a população” no ano de 1798, portanto a mais de duzentos anos. Mas, mesmo não tendo sido levada a sério a teoria Malthusiana nesses mais de dois séculos, a produção de alimentos é possível, é necessário, no entanto, que se resolvam duas questões básicas, a renda das pessoas e a logística para distribuição de alimentos no mundo.

Por outro lado, no caso brasileiro, as crises cíclicas da agropecuária, algumas engendradas pelo próprio Governo Federal, num perverso processo de transferência de renda do campo para as cidades, vêm fazendo com que os produtores rurais façam a opção por produzir para mercados que de fato remunerem seus fatores de produção. Assim, estamos vendo a disparada dos preços do feijão, carnes, frutas, legumes e verduras.
Aqui também o fator renda das pessoas tem influência decisiva no consumo de alimentos. Afinal, se observarmos a questão do preço da carne bovina, vamos verificar que o preço praticado hoje era o mesmo praticado em 2002 e ainda, somente nos picos de aumento de preços é que os pecuaristas conseguem de fato remunerar seus fatores de produção.
Já os preços de produtos agrícolas da cesta básica colocam em xeque a eficácia da política brasileira de reforma agrária onde a cada ano o Governo anuncia o assentamento de milhões de famílias, no entanto, a produção agrícola desses assentamentos não aparece no mercado na mesma proporção.
Como em seu original “Uma Verdade Inconveniente” é difícil de ouvir, em nossa realidade de manter os povos alimentando em quantidade e qualidade mínima para a sua sobrevivência é Uma outra Verdade Inconveniente difícil de digerir.

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