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Uma boa notícia



Argemiro Luís Brum
Em meio ao temporal de más notícias que a economia brasileira tem nos brindado nos últimos tempos, surge uma informação que merece ser saudada. A Formação Bruta de Capital Fixo cresceu 3% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao último trimestre de 2012, e 4,6% sobre o primeiro trimestre de 2012. Embora ainda esteja negativa em 2,8% no acumulado de 12 meses encerrado em fins de março, pode estar aí um sinal de que, talvez, a economia nacional já tenha atingido o fundo do poço. Todavia, é preciso esperar mais tempo para se ter uma certeza, já que tal comportamento pode não passar de um soluço. Para quem não é da área, esta Formação de Capital representa o "conjunto de processos pelos quais uma economia poupa recursos, que de outra maneira serviriam ao consumo improdutivo, e os transforma em capital. A repetição dos ciclos produtivos seria impossível se toda produção fosse consumida." Assim, para um país avançar, "parte da produção anual deve ser destinada à renovação do capital depreciado e, mais ainda, à ampliação da capacidade produtiva." (cf. Sandroni) Ligado a isso está o desempenho de nossa produção industrial, que em abril melhorou ao registrar um avanço de 1,8%, fato que manteve em 1,6% o seu crescimento acumulado durante 2013. Tais números superaram as estimativas do mercado e oferecem um alento para o futuro, embora ainda se tenha um longo caminho a percorrer para que os números possam ser saudados como sustentáveis e adequados às nossas necessidades. Tanto é verdade que no acumulado de 12 meses, encerrado em fins de abril, a produção industrial brasileira ainda é negativa de 1,1%. Todavia, melhorou em relação ao registrado nos acumulados anuais de janeiro (-2%), de fevereiro (-1,9%) e de março (-2%). A questão agora é ver como esse comportamento será nos meses futuros na medida em que o modelo oficial, de apoio ao consumo, está mudando para, finalmente, o apoio aos investimentos. Talvez as correções de rumo necessárias, numa visão de longo prazo, interrompam o processo no curto prazo. Mas será o preço a pagar pelos excessos anteriores.


Uma boa notícia (II)

Dito isso, a produção industrial brasileira, tomando-se a performance do primeiro trimestre deste ano, que também já havia sido de 1,6% de crescimento, é vista como apenas moderada pelos organismos internacionais. Afinal, outras economias emergentes, com exceção do México (1,1%), nos superaram na performance industrial nesse início de 2013. A Índia atingiu a 2,5%, a Indonésia a 4,5%, a Turquia a 4% e a China 9,7%. Segundo a ONU, o grupo de países emergentes no mundo registrou um crescimento médio de 6,8% em sua produção industrial no período. Ou seja, ainda estamos longe e precisamos avançar muito mais. Para tanto, será preciso reduzir a inflação interna; baixar os custos de produção, a começar pelo peso do Estado; aumentar a produtividade, pela melhor capacitação dos trabalhadores; diminuir a burocracia; melhorar a infraestrutura nacional; enfrentar melhor a competição dos produtos importados que aqui chegam mais baratos etc. Enfim, nem tudo são flores no cenário industrial que se desenha. Além de o consumo interno ter perdido o fôlego, as exportações ainda serão difíceis, pois o cenário mundial pouco melhora. Tanto é verdade que o crescimento industrial global, no primeiro trimestre deste ano, ficou em apenas 1,7%, com perspectiva de recuperação ainda muito frágil, particularmente devido à continuidade da recessão na Europa.

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