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Seu Bolso: Os preços que só sabem subir


Cláudio Boriola

A forma com que é tratado o dinheiro público requer muita responsabilidade, bom senso e vontade política. Infelizmente, aqui no Brasil, essas características estão um pouco rarefeitas no nosso cenário político. Vimos pelo país afora montanhas de dinheiro indo para poucos bolsos, e de forma completamente inescrupulosa e ilegal. Dificilmente presenciamos as punições, porque após dias, meses e até anos de "severas investigações", os resultados são sempre inconclusos.

Nesse final de 2006, estamos sendo soterrados por manchetes que trazem más notícias: reajustes das tarifas dos serviços públicos. E, como estamos no Brasil, os reajustes são sempre para cima, obviamente.

A cidade de São Paulo já tem data marcada para o aumento das passagens de ônibus. A partir da zero hora do dia 25 de novembro, a viagem passará a custar R$ 2,30, R$ 0,30 a mais que o preço anterior. Esse aumento, de 15%, é o dobro do índice da inflação desde março de 2005, que foi de 7% no período do último reajuste. A prefeitura também estuda rever o benefício de meia-passagem para estudantes e diminuir o número de beneficiários da gratuidade. No âmbito estadual, até o final deste mês o Governador Cláudio Lembo deve definir também o aumento dos bilhetes de trem e metrô, que custarão entre R$ 2,40 e R$ 2,60. Consequentemente, ônibus intermunicipais também devem ter seus valores alterados.

Mas fazendo uma busca nas notícias do mês, em diversos portais, conseguimos achar algumas pouquíssimas e raras exceções. Exemplos de bom senso e de planejamento quando se tratam de contas que mexem diretamente com o bolso da população. Um deles vem do Rio de Janeiro. Todas as residências dos 31 municípios da Região Metropolitana fluminense terão uma diminuição (sim, diminuição) nas suas contas de luz da ordem de 3,99%. Essa decisão foi tomada para acabar com o chamado subsídio cruzado, que acontece quando os moradores pagam proporcionalmente o mesmo valor que as grandes indústrias pela energia elétrica. Os grandes consumidores terão um aumento no valor da energia elétrica, enquanto a população terá o já citado desconto. Resumindo: Quem usa mais, paga mais.

Outro exemplo vem de um país vizinho do Brasil, o Chile. Em Santiago, as taxas de água potável, esgoto e saneamento básico terão um desconto que vai de 3 a 4,8%. Essa medida beneficiará 72% da população e se deu pela queda de preço dos insumos.

Se os nossos governantes agissem menos pelos lobbys e interesses pessoais, leríamos em nossos periódicos mais notícias como essas duas últimas. Infelizmente, é quase que cultural no nosso país somente aumentar e aumentar, sem dar um serviço de qualidade para a população, sem mostrar os resultados do aumento. A população paulistana continuará andando em metrô e ônibus lotados, e esperarão pacientemente os aumentos do próximo ano. E o Brasil está cheio de exemplos parecidos...

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