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Safra de soja dos EUA é maior



Argemiro Luís Brum
Desde que a colheita de soja iniciou nos EUA, na segunda metade de setembro, o mercado percebeu que a especulação sobre as quebras na safra daquele país não se confirmariam. Isso porque a produtividade média das lavouras colhidas (hoje superando a 50% da área total) surpreendia positivamente aos produtores. Com isso, as cotações da soja na Bolsa de Chicago passaram a recuar, chegando a US$ 15,23/bushel, após terem batido o recorde histórico em 04 de setembro passado com US$ 17,71/bushel. E o relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado neste dia 11/10, acabou confirmando não só uma safra maior mas também uma pequena recuperação nos estoques finais estadunidenses, além de boa recuperação nos números mundiais da oleaginosa. Assim, no que diz respeito aos EUA, o relatório indicou agora uma produtividade média maior, com a mesma atingindo a 2.541 quilos/hectare (42,3 sacos/hectare). Dessa forma, a produção foi oficialmente aumentada em 8,6% em relação ao indicado em setembro, passando agora para 77,8 milhões de toneladas. Paralelamente, os estoques finais para 2012/13 subiram para 3,5 milhões de toneladas nos EUA, embora um volume ainda muito pequeno. Por sua vez, o patamar de preços médios a serem recebidos pelos produtores daquele país foi reduzido para valores entre US$ 14,25 e US$ 16,25/bushel. Em termos mundiais, o volume global a ser colhido passou a 264,3 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais mundiais subiram para 57,6 milhões. Enfim, as importações chinesas para esse novo ano comercial passaram de 59,5 para 61 milhões de toneladas. Apesar de o relatório ser relativamente baixista para as cotações, por razões de especulação financeira dos Fundos em particular, as cotações da soja no próprio dia 11/10 (após o anúncio do relatório) subiram, com o primeiro mês cotado fechando o dia em US$ 15,48/bushel. Todavia, no médio prazo, o movimento das cotações, a julgar pelos novos números da safra dos EUA e pelo clima favorável ao plantio na América do Sul (embora haja falta de chuvas em algumas regiões do Centro-Oeste), tende a se estabelecer em patamares um pouco mais baixos do que os atuais. Salvo se a crise econômico-financeira mundial gerar um aprofundamento das dificuldades já existentes na Europa e nos EUA ou o clima na América do Sul frustrar a futura safra.
O risco brasileiro do juro baixo
O Copom, em sua reunião desta semana, assumiu o risco de baixar um pouco mais a taxa Selic, trazendo-a agora para 7,25% ao ano. Essa ação surpreendeu ao mercado e, ao mesmo tempo, parece ser o limite possível de redução no juro básico nacional. A explicação para isso está no fato de que a inflação vem subindo há alguns meses, indicando uma tendência perturbadora para o final deste ano e particularmente para 2013, quando se espera aquecimento na economia. Ora, ao agir na direção de reduzir o juro básico num momento de preocupação inflacionária, o governo assume o risco de acelerar um processo perigoso para frente. Ou seja, o desenvolvimentismo do atual governo está se confirmando, na medida em que tem optado pelo crescimento da economia, a qualquer custo, mesmo com o risco de recrudescimento inflacionário. No curto prazo tal medida surge como positiva, porém, a conta para a sociedade poderá chegar rapidamente. Tanto é verdade que o mercado, nesse momento, está projetando uma Selic entre 8,5% e 9% para o final do próximo ano, justamente porque os preços nacionais se mantêm em elevação. Enfim, em agindo desta forma arriscada o governo pode estar sinalizando que, na sua avaliação, o crescimento de pelo menos 3% para 2013 ainda está longe de estar garantido, apesar de todas as medidas consumistas até aqui adotadas. Afinal, a população brasileira está há tempos no limite de sua capacidade de endividamento e, ao mesmo tempo, a economia mundial continua sem reagir.

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