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Redução dos juros no limite



Argemiro Luís Brum
O governo brasileiro, já mirando faz tempo o ano de 2013, reduziu mais uma vez a taxa Selic. A mesma passa agora a 7,5% ao ano, o mais baixo índice de sua história. O objetivo continua sendo recuperar o PIB nacional, previsto agora para apenas 1,7% em 2012, a fim de sustentar o emprego e um mínimo de geração de renda. Tanto é verdade que, dentro de seu otimismo exagerado, o governo projeta mais uma vez um PIB de 4,5% para 2013. Todavia, como já houve grandes erros oficiais de avaliação nos últimos dois anos, é preciso relativizar a informação, pois ela se reveste muito mais em desejo do que propriamente em capacidade estrutural para lá chegarmos. As dificuldades começam pela própria Selic. Apesar de, com o juro atual e a projeção de inflação ao redor de 5,5% (IPCA) para o final deste ano, chegarmos a um juro real de apenas 2%, existem grandes probabilidades de que a Selic estacione nestes níveis daqui em diante. Mesmo que as condições externas (juros junto aos países ricos próximos a zero por cento ao ano) permitam novas baixas, a economia interna brasileira já vem dando sinais de uma elevação da inflação. Ou seja, baixamos o juro para estimular o consumo. O consumo responde, puxado bastante pelos incentivos oficiais via redução de tributos (o governo acaba de prorrogar o desconto de IPI para diversos setores da economia). Porém, não temos infraestrutura para suportar o aumento de consumo sem entrarmos em um processo de insuficiência de oferta. Como o Real se desvalorizou, chegando atualmente ao redor de R$ 2,04 por dólar, as importações, para suprirem a falta interna de oferta, se tornaram 20% mais caras desde março passado.
Redução dos juros no limite (II)
Com isso, a regra monetária indica elevar o juro para conter o aquecimento dos preços. Assim, a julgar pelo IGP-M de agosto, que bateu em 1,43%, contra 0,44% no mesmo mês do ano passado, não haveria mais espaço para novas reduções de juros sem provocar aceleração da indesejada inflação. Tanto é verdade que o IGPM, no acumulado de 12 meses (setembro/11-agosto/12) chega a 7,72% e no acumulado dos oito primeiros meses de 2012 a 6,07%. Se não houver manipulação, o IPCA deverá acusar um comportamento semelhante. Afinal, um dos componentes da composição do IGP-M, que é o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), subiu para 0,33% em agosto, contra 0,25% em julho. Nesse contexto, estamos diante de mais um componente interno que se esgota como arma para recuperar o crescimento econômico. Mesmo assim, é quase certo que 2013 verá um PIB melhor, pois os incentivos à economia, dados neste ano, farão reais efeitos no primeiro semestre do próximo ano (o PIB do segundo trimestre de 2012 já foi de 0,4%, contra 0,1% apenas no primeiro trimestre). Além disso, espera-se uma safra agrícola muito melhor, pois o indicativo é de que teremos um clima melhor. Falta ainda o componente externo o qual, infelizmente, ainda não dá mostras de uma
recuperação sustentável que possa nos auxiliar a melhorar o desempenho de nosso PIB. Assim, já será para comemorar se conseguirmos finalizar 2013 com um Produto Interno Bruto ao redor de 3%, após os medíocres 2,7% em 2011 e a projeção de tão somente 1,7% para 2012.

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