CI

Quando os chefes atrapalham o desempenho dos funcionários


Eleri Hamer
Muitas cidades recebem anualmente novas empresas que instalam ou ampliam os seus empreendimentos, trazendo novos recursos e impactando positivamente no mercado de trabalho. Quando uma grande empresa dessas se instala na cidade, sempre dá um frenesi nos empresários. A maioria teme perder seus melhores funcionários o que na prática, é comum ocorrer.

Todos conhecem alguma empresa que funciona melhor quando o proprietário não está. Outras, como o dono não desgruda, colocam os funcionários sob pressão o tempo todo e o desempenho das atividades é feito sob vigilância, mesmo que seja moral, fazendo com que a produtividade baixe e a satisfação seja mínima. O bom funcionário, na primeira oportunidade, vai trabalhar noutro lugar, às vezes até na concorrência.

Devemos lembrar que tanto no meio rural como no urbano, a maioria das empresas do país iniciaram as suas atividades quando os modelos e características de gestão da revolução industrial ainda eram destaque.

A maioria das empresas por exemplo, tinham nos processos operacionais o grande emprego de mão de obra, haja vista que a maior parte das atividades necessitava do trabalho braçal e os funcionários eram e necessitavam de pouca capacitação.

Agora não. O negócio se inverteu. Reduziram-se proporcionalmente às atividades sem a necessária capacitação e ampliaram-se as funções que requerem decisões rápidas e auto-gestão pró-ativa, motivados principalmente pelo nível de exigência dos consumidores que se elevou.

Mesmo atividades anteriormente simples desempenhadas por uma telefonista por exemplo, foram substituídas por um atendimento eletrônico, monitorado por uma verdadeira secretária executiva que deve entender das estratégias da empresa e da importância do relacionamento com os stakeholders, dentre outras funções.

Desse modo, cada vez mais os profissionais esperam de suas empresas interesse genuíno por aquilo que elas pensam e como podem efetivamente auxiliar a melhorar a empresa em que trabalham. Ficam frustrados por exemplo, quando vêem o empresário cometer uma verdadeira asneira, sem dar oportunidade para socializar o seu ponto de vista.

Infelizmente ainda é comum encontrarmos empresários crentes de que o valor da remuneração é a parte mais valorizada pelos funcionários. É sabido porém, que a importância relativa desse fator na satisfação dos funcionários é cada vez menor.

Várias pesquisas apontam que mesmo funcionários bem remunerados, com boa autonomia, não se sentem bem em seus cargos. Embora não acredite que seja diferente no Brasil, o Instituto Gallup, aponta que nos EUA, mais de 70% das pessoas chegam a odiar o seu trabalho e o principal motivo tem sido as atitudes do chefe direto.

Vale lembrar que as áreas operacionais tendem a dar mais importância para o salário do que as áreas táticas e estratégicas, e como as áreas estritamente operacionais estão cada vez com menos gente, está na hora dos empresários acordarem de que é preciso valorizá-los de forma diferente, além do dinheiro do final do mês.

Primeiro devem ser vistos como colaboradores. Tanto, que podem se tornar colaboradores do sucesso ou do fracasso, dependendo de como estejam motivados para agir. Segundo, devem ser valorizados, dando condições para que desempenhem as suas funções com efetiva participação e reconhecida importância, estabelecendo uma relação franca e aberta com o chefe, ou melhor, o líder.

Uma maneira simples de afinidade e genuíno interesse do empresário pelos funcionários é se colocar em pé de igualdade. Todo mundo sabe que ele é o chefe ou dono, não há necessidade de enfatizar. Aumentará ainda mais o poder se reconhecer de forma verdadeira o seu lado humano.

É difícil por exemplo, vermos proprietários e funcionários sentados lado a lado nas palestras e treinamentos. Até nas consultorias, muitas vezes existe dificuldade de harmonizar os espaços. Temo que muitos empresários pensem que os únicos incompetentes são os funcionários.

Nas empresas onde a harmonia é possível, facilmente se percebe a melhora no relacionamento interno, no atendimento e no compromisso dos colaboradores para com a empresa e os resultados.

Excelente semana para todos.
 
Eleri Hamer é Mestre em Agronegócios, Professor de Graduação e Pós-Graduação do CESUR, desenvolve Palestras, Educação Executiva e Consultorias em Gestão Empresarial e Agronegócio. Home-page: www.elerihamer.com.br E-mail: [email protected]

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.