CI

PIB será ainda pior



Argemiro Luís Brum

E o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, em 2012, será ainda pior do que calculávamos! Até o anúncio do resultado do terceiro trimestre o mercado esperava um PIB anual de 1,5% para o corrente ano. Todavia, o fraco desempenho da economia entre julho e setembro frustrou igualmente esta expectativa. O 0,6% registrado, embora indique, na tendência, uma melhora na atividade econômica nacional (entre o terceiro trimestre de 2011 e o final do primeiro trimestre de 2012 a economia brasileira havia crescido apenas 0,1% por trimestre, passando a 0,2% no segundo trimestre de 2012), ficou muito longe do necessário para chegarmos a um resultado melhor no corrente ano. Assim, faltando apenas o resultado do quarto trimestre o mercado já estima que 2012 venha a fechar com um PIB entre 0,8% e 1,2% apenas. Será, portanto, bem menor do que os 2,7% de 2011 e muitíssimo menor do que o anormal 7,5% obtido em 2010. Ou seja, estamos diante de um fracasso anunciado da política econômica oficial e de suas expectativas iniciais. Muito otimista ou pouco profissional, a área econômica do governo iniciou o ano projetando um PIB acima de 4%, ignorando os sinais externos e mesmo o esgotamento da demanda interna. Até um mês atrás a mesma ainda considerava possível um PIB anual de 2%, contrariando a todos os indicativos do mercado. Em meados do ano, de forma irresponsável, o ministro Mantega chegou a ironizar àqueles que já projetavam um PIB de 1,5% para o final do ano. Ora, a realidade veio à tona e mais uma vez a velha lição econômica se fez presente: entre o desejo e a realidade há um passo que jamais se deve dar. Mesmo que a realidade seja difícil, é melhor encará-la de imediato do que se autoenganar, protelando decisões. E, no caso brasileiro, que decisões seriam estas? Deixar de lado um modelo de apoio setorial, baseado no endividamento e inadimplência crescente da população e das empresas, que se esgotou faz algum tempo, e partir para medidas de ajustes estruturais, desonerando a economia, por exemplo, do enorme peso de um Estado ineficiente, burocrático e repleto de bolsões de corrupção. Ao mesmo tempo, se adaptar ao que a economia externa está vivendo, sem criar falsas expectativas junto ao comércio exterior. Infelizmente isso não foi e não está sendo feito, fato que compromete inclusive o crescimento de 2013, para o qual se tem expectativas um pouco melhores. Enquanto isso, contraditoriamente, a carga tributária nacional subiu para 35,3% do PIB em novembro. A economia não cresce quase nada, porém, o Estado (União, unidades da Federação, municípios e empresas estatais) continua sugando cada vez mais seus recursos sem oferecer praticamente nada em troca, além de inchar e perder o rumo.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.