Em Rondônia, a pecuária é uma das atividades de maior expressão econômica, tendo apresentado nos últimos anos o maior crescimento relativo dentre todas as explorações agrícolas, além de ter contribuído significativamente para a elevação do Produto Interno Bruto estadual. Num período de 15 anos (1990/2004), o efetivo bovino de Rondônia foi incrementado em 6.293.636 cabeças, o que representou um acréscimo de 216%. A tendência da bovinocultura estadual deverá continuar expandindo-se a níveis elevados, tendo em vista uma sucessão de fatores limitantes que desestimulam as explorações agrícolas (mão-de-obra cara e escassa, solos química e fisicamente desgastados, elevados preços de insumos, ocorrência de pragas e doenças, baixa lucratividade na comercialização e linhas de crédito rural deficitárias). Estas tendências vêm concorrendo para que a pecuária bovina seja uma das alternativas economicamente mais viáveis, já que é menos dependente de tais oscilações, além de assegurar maior liquidez e melhor remuneração. Sinais nítidos dessa mudança são observados por duas tendências: formação de pastagens sempre que há ocupação de uma gleba e crescente substituição de lavouras por pastagens.
As pastagens cultivadas representam a fonte mais econômica para a alimentação dos rebanhos. No entanto, além dos fatores ambientais limitantes à produção de forragem (baixa fertilidade dos solos e altas pressões bióticas), a utilização de práticas de manejo inadequadas (germoplasma pouco adaptado, altas taxas de lotação e pastejo contínuo), tem contribuído decisivamente para a obtenção de baixos índices de desempenho zootécnico (capacidade de suporte das pastagens de 1,0 UA/ha; taxa de desfrute entre 6 e 10%; idade de abate aos 4 anos; peso ao abate de 390 Kg; produção média de 3,5 litros de leite/vaca/dia; período de lactação de 197 dias e produtividade de leite entre 700 e 900 litros/vaca/ano).
Face ao exposto, as pesquisas em Forragicultura desenvolvidas pela Embrapa Rondônia, a partir de 1985, foram redirecionadas enfatizando os aspectos relacionados diretamente com a formação, manejo e recuperação de pastagens. Para a consecução desses objetivos, os Projetos, Subprojetos e Ações de Pesquisa foram delineados seguindo-se uma sequência lógica de avaliação. Deste modo, foram implantadas linhas temáticas, as quais, no período 1985/2005, propiciaram a geração de tecnologias, serviços e produtos, aderentes às demandas oriundas do setor primário e compatíveis com o nível técnico-sócio-econômico dos produtores rurais de Rondônia. A seguir, são relacionados os ganhos tecnológicos obtidos para as diversas linhas de pesquisas desenvolvidas:
1. AVALIAÇÃO AGRONÔMICA DE GERMOPLASMA FORRAGEIRO
- recomendação de gramíneas e leguminosas para a formação, recuperação e/ou renovação de pastagens em solos de baixa, média e alta fertilidade;
- seleção de gramíneas forrageiras resistentes às cigarrinhas-das-pastagens;
2. AVALIAÇÃO AGRONÔMICA DE PASTAGENS CONSORCIADAS
- determinação, em termos de produtividade, composição química, compatibilidade e persistência, das melhores consorciações de gramíneas e leguminosas forrageiras;
- adubação fosfatada para a formação de pastagens consorciadas;
- recomendação de sistemas de pastejo e carga animal para pastagens de Andropogon gayanus cv. Planaltina consorciada com Desmodium ovalifolium.
3. AVALIAÇÃO AGRONÔMICA DE CULTIVARES DE SORGO
- recomendação de cultivares de sorgo forrageiro e granífero para solos sob vegetação de florestas e cerrados
4. CALAGEM E ADUBAÇÃO DE PLANTAS FORRAGEIRAS
- determinação dos nutrientes limitantes ao estabelecimento de pastagens puras e consorciadas;
- definição dos níveis adequados de calcário, fósforo, potássio e enxofre para a formação e manutenção de pastagens cultivadas
- seleção de endomicorrizas eficientes para inoculação em gramíneas e leguminosas forrageiras
5. FORMAÇÃO E MANEJO DE CAPINEIRAS
- recomendação de cultivares
- níveis de adubação fosfatada
- altura e frequência de corte
- épocas de diferimento e utilização
- consorciação com leguminosas forrageiras
- sistema de pastejo e carga animal
- suplementação volumosa de vacas leiteiras
6. MANEJO DE PASTAGENS
- produtividade de bovinos de corte em pastagens de Setaria sphacelata cv. Kazungula e Andropogon gayanus cv. Planaltina;
- carga animal de ovinos deslanados em pastagens de A. gayanus cv. Planaltina e Brachiaria humidicola;
- controle de plantas invasoras de pastagens
7. RECUPERAÇÃO E RENOVAÇÃO DE PASTAGENS
- recomendação de germoplasma forrageiro
- métodos de introdução de leguminosas
- níveis de adubação fosfatada
- definição de sistemas de pastejo e carga animal
8. FISIOLOGIA DE PLANTAS FORRAGEIRAS
- caracterização morfofisiológica de gramíneas forrageiras
- flutuação estacional de reservas orgânicas em gramíneas forrageiras
9. MANEJO DE LEGUMINOSAS ARBUSTIVAS
- altura e frequência de corte
- épocas de diferimento e utilização
- recomendação de espécies para formação de bancos-de-proteína
- definição de sistemas de pastejo e carga animal.
10. SISTEMAS SILVIPASTORIS
- seleção de gramíneas e leguminosas forrageiras tolerantes ao sombreamento;
- bioclimatologia de gado de leite e bubalinos, sob sombreamento de castanha-do-brasil;
- manejo de ovinos deslanados e bubalinos em sistemas silvipastoris com seringueira
