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Particularidades Mato-Grossenses!


Amado de Olveira Filho
Viajar por Mato Grosso não é tarefa fácil, mesmo em rodovias asfaltadas e especialmente quando se utiliza de rodovias federais. Todas têm graves problemas. É irritante trafegar nelas.
A BR 070, após Campo Verde tem buracos de toda ordem e mesmo registrando a presença de equipes “tapa buracos”, ao passar por elas, já verificamos buracos em fase de crescimento.
Na região do Araguaia alguns eventos de re-re-relançamento das obras de asfaltamento da BR 158 viraram piadas em alguns municípios. Neles políticos e representantes do DNIT tiveram a coragem de anunciar que “agora” as obras virão, ou seja, lançaram a rodovia que aguarda sua conclusão a mais de 30 anos. Isto não funciona mais em ano pré-eleitoral.
Testemunhei que lideranças locais ficaram indignadas. E certamente darão respostas no ano que vem.
As situações acima relatadas, dizem bem a situação da gestão de parte de nossas riquezas nacionais, nossas rodovias. Isto pode estar acontecendo pela prática conhecida de loteamento dos cargos públicos, ou seja, falta coordenação técnica das ações.
Por outro lado, o Câmara e o Senado, via de regra engessado com seus “sérios” problemas internos não conseguem fiscalizar a execução de tais obras, mesmo contando com boa vontade do TCU.
Isto reflete em todos os setores da economia do Brasil e mais ainda em Estados como o de Mato Grosso, onde as distâncias dos mercados e dos portos impactam a renda dos empreendimentos.
Mas viajando por Mato Grosso qualquer cidadão, mesmo com o desalento das péssimas estradas federais, ainda vemos um Estado com um povo que não se rende as mazelas que o serviço público lhe impõe. É certo que com rodovias esburacadas tudo é muito difícil, mas o setor produtivo implantado no Estado não desanima nunca.
Mas os problemas não se resumem apenas na falta de rodovias de qualidade. Mesmo em regiões que sempre imaginei estar mais integrada ao resto do Estado como a do Baixo Araguaia, problemas como falta de energia elétrica, mão de obra especializada, falta de médicos, hospitais, enfim, qualidade de vida, pode-se verificar uma grande motivação para buscar alternativas para a região.
Porém, não vimos a importante presença do Estado na formação de uma grande parceria pró-ativa buscando resgatar décadas de esquecimento, porém, lá, estava uma eficiente equipe de fiscalização da SEMA.
Não esperava ouvir no nordeste de Mato Grosso a célebre frase de “Vale dos esquecidos”. Mas hoje é comum ouvir na maioria dos municípios do baixo Araguaia, em especial em Luciara, município mãe de vários outros, alguns moradores a chamarem de “Viúva Esquecida”. Inda que tardia é bom que as autoridades estaduais e federais atentem para a realidade do baixo Araguaia. Indagamos com receio da resposta: até quando aquela gente está disposta a esperar?
São particularidades de Mato Grosso, importantes sob vários aspectos, mas que está passando despercebidas por muita gente que não deveria permitir isto. Porém a viúva esquecida, as constantes solenidades de relançamento de obras que deveriam estar a serviço da comunidade há várias décadas, fazem com que o vale dos esquecidos requente uma antiga discussão a respeito de prioridades para a região. A população da região está atenta a tudo isto.
Mato Grosso é assim, falta manutenção nas rodovias estaduais e federais, faltam políticas públicas para regiões cujas economias estão estagnadas a exemplo do baixo Araguaia, mas sua gente não desanima, acredita que as coisas poderão mudar e, certamente mudarão.
Porém, demonstram firmemente suas insatisfações e sabem a quem dirigi-las, inclusive com a afirmação de que não deve àqueles que deveriam tomar providências com as demandas daquela população, imaginar que vai tudo continuar como dantes.

 
 

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