CI

Pare o baile!


Amado de Olveira Filho
Uma festa transcorria de forma animada, de repente alguém sobe ao palco e brada: Pare o baile tche! Este é um pequeno trecho de uma piada contada pelos gaúchos e, bastante conhecida no Estado de Mato Grosso. Se pudesse, Dom Pedro também gritaria para parar o baile de 9 de novembro de 1889, quando já se percebia o movimento que de brisa tornou-se no vendaval da República, na homenagem prestada pelo Visconde de Ouro Preto aos oficiais do cruzador chileno Almirante Cochrane. O Baile continuou e seis dias após, o Império caiu!

 O Estado de Mato Grosso tem sido o palco do maior baile de fantasia da história política da República. De um lado os mocinhos, uns usando até pesadas armaduras ameaçando: “tremei predadores ambientais”, outros apenas escondidos atrás das máscaras de poderosas Ongs. Do outro lado os produtores rurais, taxados pelos primeiros de predadores ambientais. As suas fantasias são, invariavelmente chapéus surrados, bonés de propagandas da indústria de insumos, botinas que não mais sabe a cor e sua montaria é um trator puxando uma plantadeira com adubo e sementes.
 Neste baile de fantasias estabeleceu-se que produzir alimentos em escala comercial no Estado de Mato Grosso é crime ambiental. Mesmo em municípios com inicio de seu processo de antropização a mais de 200 anos, mas somente agora o Governo Federal fala em otimizar o processo de licenciamento ambiental em parceria com os Estados. Desavisados! O Sistema de Licenciamento Ambiental em Propriedades Rurais (SLAPR) do Estado de Mato Grosso é modelo para o Brasil e o Mundo!
Não sabem ou fingem não saberem que na safra agrícola 1989/1990, o Estado de Mato Grosso produziu em torno de 4,1 milhões de toneladas de cereais, fibras e oleaginosas e no ano de 1988, possuía um rebanho bovino na ordem de 9,0 milhões de cabeças. Transcorridos 18 anos, nos orgulhamos em oferecer à Nação uma produção de aproximadamente 27,0 milhões de toneladas de cereais, fibras e oleaginosas e um rebanho bovino de 26,0 milhões de cabeças.
Mas eles sabem que toda esta produção se deu mediante fortes pressões sobre o setor produtivo rural pelas autoridades ambientais federais, com a aplicação de severas medidas de comando e controle, como por exemplo, a Medida Provisória 2166/67, que significa uma verdadeira expropriação patrimonial das milhares de famílias que por convocação do próprio Governo Federal fizeram de Mato Grosso seu lugar para viver e produzir.
Ao longo desses anos, o Ministério do Meio Ambiente ignorou o papel pró-ativo realizado pelos produtores rurais. Modernamente os proprietários rurais de soja, boi, algodão e cana de açúcar têm oferecido ao Governo pactos ambientais em que, assumem a necessidade de recuperação de APP´S, como a já considerada vitoriosa experiência do município de Lucas do Rio Verde e de todos os Municípios do Vale do São Lourenço, onde já foram cadastradas, pela Ong parceira, mais de 2.400 propriedades rurais.

Precisam também refletir, que se fosse mantida constante a produtividade de soja no Estado de Mato Grosso da safra agrícola 1984/1985 de 2,08t/ha, quando foram plantados no Estado 795 mil hectares, hoje teriam que ser utilizados mais de 8,5 milhões de hectares, no entanto, são utilizados apenas 5,6 milhões. A diferença de mais de 2,9 milhões de hectares, que são os desmatamentos evitados por ganho de produtividade, equivale a 2 milhões e 700 mil campos de futebol. Isto não é pouco!
Outra verdade inconteste. Não é na Amazônia Legal que mais se produz boi. Apesar da área total da região representar 61,0% do território nacional, nela se concentra apenas 35,0% do rebanho brasileiro. Assim as demais regiões com apenas 39,0% do território abrigam 65,0% do rebanho.
De agora em diante será muito difícil até mesmo manter os atuais níveis de produção e produtividade no Estado de Mato Grosso. A indústria está nos devendo de fato um pacote tecnológico que permita a colheita média de 55 sacas por hectare no caso da soja.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.