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Os desafios da agroenergia e dos biocombustíveis


Ronaldo Knack

Brasília sedia, de 27 a 29 de novembro, a Feira Internacional de Agroenergia e Biocombustíveis – Enerbio/2006, evento que vai servir de vitrine para a indústria de máquinas, equipamentos, insumos, serviços e tecnologia para a produção agrícola e industrial dos biocombustíveis

Junto com a feira, serão promovidos quatro grandes eventos paralelos e simultâneos, para discutir os cenários, as tendências e as perspectivas destes que são os setores mais promissores do agronegócio nacional e mundial: a Conferência Internacional dos Biocombustíveis – Grades Etanol e Biodiesel, o Seminário Internacional de Energias Renováveis, o Simpósio Brasileiro de Agroenergia e o Seminário de Agroenergia e Biocombustíveis para Gestores Públicos, este em parceria com a Associação Brasileira dos Municípios (ABM.

Este conjunto de eventos, inicialmente programado para São Paulo, acabou sendo transferido ao Blue Tree Park Hotel, para aproveitar as mudanças que serão implementadas pelo próximo governo federal e que serão decisivas para o planejamento estratégico deste setor que cresce num ritmo muito rápido e que está distante das crises vividas pelos outros setores do agronegócio brasileiro.

Pela primeira vez, estarão juntos, representantes de governos de vários países, empresários, pesquisadores, cientistas e lideranças para discutirem os rumos que os biocombustíveis devem seguir. É inevitável que opiniões e teses que contrastam entre si, sejam levantadas, como também é inevitável que alguns conceitos sejam revistos.

No momento em que se volta a discutir a possibilidade ou não de um "apagão", a política de preços do Proinfa, no que diz respeito à cogeração de energia das usinas sucroalcooleiras precisa ser revista. Incentivos localizados para a agricultura familiar na política de produção de biodiesel, que inviabiliza a produção em escala industrial, também merece uma discussão mais democrática.

Os riscos ambientais com a construção das novas usinas sucroalcooleiras e das novas plantas de biodiesel, a formação de cooperativas de produtores agrícolas, a migração dos produtores pecuários e de grãos para a cana-de-açúcar e para a produção de matéria-prima de óleos vegetais, também precisam ser discutidos à luz da racionalidade e da responsabilidade.

Qual o papel dos órgãos públicos e quais os limites que por ele devem ser exercidos? Como criar uma política que contemple os interesses dos movimentos sociais e o dos produtores de biocombustíveis, que, antes de mais nada, passam a ser produtores de energia, quando todos sabemos que energia concentra cada vez mais poder?

Por fim, o Brasil e o mundo vão conhecer na Enerbio/2006 as novas aplicabilidades dos biocombustíveis. Dentre elas, as células combustível a hidrogênio, que já são produzidas na Cidade Universitária em São Paulo e na Unicamp em Campinas, a partir de álcool hidratado. Ou, o bioquerosene que o prof. dr. Expedito Parente começa a exportar, a partir do início do próximo ano, para a Nasa e a Boeing nos Estados Unidos.

Portanto, quem pensava que os biocombustíveis se situavam apenas na segunda geração dos combustíveis, verá que eles já fazem parte da terceira geração, com menos riscos ambientais, maior eficiência e menor custos.

Curiosamente, estamos voltando ao princípio, pois em 1860, Nikolaus August Otto desenvolveu o motor de ciclo Otto usando etanol (álcool de milho), enquanto que Rudolf Diesel, no início do século passado, desenvolveu o motor diesel com biodiesel (óleo de amendoim).

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