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Os Conflitos Rurais


Mario Hamilton Villela
A realidade rural brasileira é bastante intricada, complexidade essa decorrente de uma estrutura fundiária onde coexistem grandes extensões de terras devolutas, latifúndios, minifúndios, empresas rurais, parceiros, arrendatários, grileiros, bóia-frias, etc. Somam-se a isso as inúmeras expectativas e ilusões levadas ao meio rural através de programas fantasiosos conduzidos, inclusive em épocas recentes, pelo Governo. Com resultado de tudo isso, surgiu no campo a proliferação indiscriminada de conflitos. Alguns com graves acirramentos frontais. Como exemplos não tão distantes, temos o lamentável golpe fatal no confronto da praça da Matriz ( Porto Alegre – 08/08/90 ) e o trágico e triste enfrentamento na Fazenda Santa Elina no Estado de Rondônia ( município de Corumbiara). Nasceram como participes dessa “
luta” em todo o território nacional, inúmeras entidades, associações e movimentos que discutem, polemizam e radicalizam o assunto agrário. Face a isso, não resta dúvida de que as inúmeras distorções e discrepâncias existentes no cenário agrário devem ser corrigidas, evitando-se assim, nos próximos anos, o crescimento dos conflitos rurais. Não é, entretanto, com medidas totalmente ineficazes, paliativas, distorcidas, utópicas ou demagógicas que o grave e sério problema será solucionado. A solução não está na eleição da Reforma Agrária na base da pura distribuição de terra, como única e salvadora bandeira, muito menos no seu esfriamento visando assim à redução dos conflitos. O problema agrário deve ser enfrentado, despido de colorações ideológicas ou de interesses econômicos, mas sim dentro da ótica da ética, da justiça social e através de uma opção verdadeiramente técnica. A terra não pode mais significar apenas sinônimo de poder ou riqueza e sim tem de ser uma célula geradora e multiplicadora de riqueza ( produção ) e de empregos justos. Como também não pode se pensar que se resolverá o “ problema da terra ” através de uma simples reforma na base da “enxada”. Enquanto os instrumentos disponíveis não estimularem a vida no campo, continuarão as tensões e conflitos e não se terá solução para os difíceis problemas agrários. O nosso agricultor, que reconhecidamente tem potencial, se estimulado com uma adequada política agrária e agrícola, duradoura e séria, terá sem dúvida competência para enfrentar e vencer todos os desafios. Estar-se-á assim evitando o aceleramento do processo de expulsão do homem do campo e impedindo o crescimento urbano desenfreado. A problemática da terra deverá ter uma solução definitiva. Para tal, necessita o Governo de ter a vontade política de mudar a estrutura de nossa sociedade, e o homem entender que tem que de mudar sua mentalidade. Urge, portanto, uma maior dinamização do processo produtivo, buscando fixação do homem no campo, através da ampliação do pleno mercado de trabalho e do aumento da produção e produtividade. O Governo deve ter a força necessária, a devida competência e a coragem suficiente para pôr em prática em sua totalidade os compromisso feitos com a Nação. Entre esses compromissos está o de acelera os rumos da política agrícola e de apoiar a autêntica reforma agrária, proporcionando assim maior acesso à terra e condições favoráveis para que os verdadeiros agricultores possam nela trabalhar com dignidade. Dando por fim, um basta aos conflitos exacerbados, ideológicos, estéreis que nada constróem e que inúmeros prejuízos trazem ao processo produtivo, ao homem rural e sua família. O articulista atende pelo fone/fax: ( 51 ) 3226.24.59 ou e-mail: [email protected]

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