Os cultivos transgênicos constituem os principais produtos biotecnológicos disponíveis no setor agrícola, com destaque para a soja, o milho e o algodão resistentes a diferentes herbicidas e insetos. Transgênico, ou Organismo Geneticamente Modificado (OGM) conforme o próprio nome indica, é um organismo vivo (planta ou animal), cujo DNA foi modificado pela inserção de um ou mais genes de outra espécie.
O primeiro produto vegetal comercial geneticamente modificado foi desenvolvido nos Estados Unidos (EUA), em 1994. Segundo o Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), em 2018 o mundo cultivou 191,7 milhões de hectares (Mha) com Plantas Geneticamente Modificadas (PGM), a maior parte com soja, milho e algodão. A liderança pertenceu aos EUA com 75 Mha, seguido pelo Brasil (51,3 Mha) e em 3º lugar, a Argentina (23,9 Mha). Outros protagonistas são a Índia, Canadá e China. Coincidentemente, os três líderes na produção de OGM são, também os três principais produtores mundiais de soja e, também, são grandes produtores de milho (1º, 3º e 4º, respectivamente) e de algodão (3º, 5º e 9º, respectivamente), justificando o seu protagonismo no cultivo de PGM.
Mutações que geram mudanças nas características dos seres vivos surgem espontaneamente na natureza e, caso contribuam para a melhoria de algum caráter desejável são selecionadas, processo conhecido como seleção natural. No entanto, grande parte das mutações espontâneas geram alterações indesejadas e são descartadas. É muito raro a natureza desenvolver algo similar a um transgene, espontaneamente. Para que esse milagre ocorra seriam necessários milhares de anos, ante apenas alguns anos ou décadas, com a utilização da engenharia genética.
Os produtos transgênicos comercializados em nível mundial são seguros, pois só são liberados no ambiente após a realização de rigorosos testes em laboratório e a campo e supervisionados por comissões oficiais criadas especialmente para cuidar dessa segurança. No Brasil, quem supervisiona o desenvolvimento dos transgênicos é a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança que, para garantir a segurança das PGM que desenvolve, rege-se por uma das legislações mais rigorosas e restritivas do Planeta.
A produtividade da soja, milho e algodão aumentou consistentemente no correr das últimas décadas, em boa medida por causa da redução da concorrência das plantas daninhas nessas lavouras transgênicas resistentes a herbicidas - em especial, o glifosato. Segundo relatório do World Resources Institute (WRI), a transgenia será uma ferramenta importante na tarefa de aumentar a produtividade nas áreas já cultivadas, pois o planeta está cada vez mais carente de água e de áreas agricultáveis e novos desmatamentos precisam ser evitados.
Atualmente, o Planeta conta com quase 8,0 bilhões de pessoas e serão cerca de 10 bilhões em 2050, para o que a humanidade precisará aumentar a produção de alimentos em cerca de 60%, segundo estimativas da FAO.
Estamos diante de uma das tecnologias mais revolucionarias - com aplicações não restritas à agricultura - denominada de edição gênica, em que uma das técnicas é o CRISPR. Nesta tecnologia, é possível fazer alterações no DNA de uma planta ou animal de forma precisa, sem afetar a expressão de outros genes. No caso da soja, por exemplo, a tecnologia pode ser utilizada para inativar enzimas antinutricionais e para a produção de óleos com altos índices de ácido oleico, similar ao azeite de oliva, entre outros.
A Revolução Verde do Século XX impulsionou a produção de alimentos com uso intensivo de insumos – fertilizantes e agrotóxicos, em especial. Com essas ferramentas a produção de alimentos cresceu. Agora, os pesquisadores precisam encontrar novas maneiras de avançar, incluindo o uso de modificações genéticas, via transgenia ou edição gênica, para alcançar novos patamares de produtividade.
Alimentos transgênicos são seguros. Não tema consumi-los.