CI

O stress da falta de decisão


Eleri Hamer

Uma empresa vive de decisões. Todas elas são importantes, sejam elas grandes ou pequenas. Talvez pelo fato das decisões se auto-influenciarem, esta é a fase crucial de qualquer gestor e são baseadas nelas (ou na sua falta) que as empresas definem os seus rumos. A propósito, não decidir, já é uma decisão.

Lembremos que qualquer decisão é um processo, não ocorre por acaso e como tal, requer instrumentos que possibilitem decisões acertadas o que demanda gente capacitada e estrutura gerencial colaborativa, facilitando a discussão e aumentando o empoderamento da equipe.

Olhando assim, até parece que são necessários alguns milhares de hectares, um escritório de 5 andares cheio de gente e um faturamento de alguns milhões de dólares para tais coisas acontecerem. Na verdade não é bem assim. Somente se necessita de um empreendimento com duas ou três pessoas, às vezes, a mulher e os filhos. Isso qualquer organização pode ter, o tamanho do faturamento não importa.

Tenho visto que a questão principal para deixar uma empresa em polvorosa não é se as decisões são acertadas ou erradas. E sim em como elas são tomadas. Tanto nas empresas urbanas e rurais percebo que os principais problemas estão no fato de que os gestores: (i) não decidem ou demoram em decidir; (ii) mudam repentinamente e sem motivo aparente a decisão tomada a pouco, justamente quando todos já estão envolvidos e (iii) decidem no feeling, o que pode justificar as duas primeiras.

Conheço empresários que conseguem fazer as duas coisas, ao mesmo tempo. e sem motivo aparente nssuem relaisas ao mesmo tempo que  Além de demorarem nas decisões, parando a empresa ou setor, deixando todo mundo esperando, quando finalmente decidem, ainda mudam tudo no meio do caminho, o que gera um desconforto geral, tanto para os colaboradores, como para as demais pessoas que possuem relações comerciais com ela.

Imagina um fornecedor ou cliente sair da empresa com a palavra empenhada num negócio ou até a minuta de um contrato acertado e de repente, a palavra não é honrada ou o contrato precisa ser renegociado, porque o gestor se arrependeu do negócio. À medida que situações desse gênero se repetem, o gestor perde a credibilidade e as decisões em que está envolvido sempre serão vistas com ressalva.

De um lado, não se pode deixar o barco à deriva e de outro, embora o rumo se mantenha, mudar a rota a toda hora tende a ser desgastante, pois as ações provenientes das decisões necessitam do envolvimento de um conjunto de pessoas que se preparam, reúnem dados e informações até que qualquer decisão seja implementada.

Como as decisões e as ações acontecem todo dia, precisamos ter uma certa lógica e uma efetiva confiança nos padrões de decisão adotadas pela cúpula da empresa para que deliberações arrojadas por exemplo, tenham o verdadeiro empenho da equipe.

Muitas vezes já observei nas empresas, quando grandes decisões necessitavam do genuíno empenho dos funcionários, estes não se envolviam por não acreditar na proposta. Quando perguntados por que, respondiam: “daqui a um pouco ele muda de opinião de novo e tudo o que fizemos não servirá para nada, e ainda vai nos fazer trabalhar fora de hora. Deixa-o mudar de opinião primeiro, depois faremos o possível”.

Quando os propósitos mudam a toda hora, não é de se estranhar que os colaboradores não confiem na chamada de responsabilidade e se tenha dificuldade para manter a empresa coesa.

É mais ou menos como a história do mentiroso: de tanto mentir, quando conta algo verdadeiro, ninguém acredita.

Agora imagine um bom grupo, bem formado, empenhado em trazer os melhores resultados para a empresa, trabalhando com um gestor que gasta a eternidade para decidir. Muitas vezes decisões simples, como assinar um ofício pode levar semanas. Qual o nível de motivação e envolvimento dessa equipe?

Como as decisões são tomadas em vários níveis e os resultados influenciam todo o sistema, posso afirmar que a falta de decisão dos gestores e a constante mudança de opinião são alguns dos principais motivos do stress organizacional e da tensão corporativa.

Nessa semana, decida em conjunto na sua empresa, o mais rápido possível e com constância.
 
Eleri Hamer é Mestre em Agronegócios, Professor de Graduação e Pós-Graduação, desenvolve Palestras, Educação Executiva e Consultorias em Gestão Empresarial e Agronegócio. Home-page: www.elerihamer.com.br E-mail: [email protected]

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.