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O pibinho de 2012 e a reação



Argemiro Luís Brum
O Banco Central brasileiro acaba de revisar para baixo a projeção do PIB nacional para 2012. Após iniciar o ano esperando um crescimento econômico em torno de 3,5%, o mesmo está agora em apenas 1,6%. O mercado, inclusive, espera algo um pouco menor, ao redor de 1,5%. Esse chamado “pibinho” vem na esteira de um fraco desempenho no ano anterior, quando o crescimento da economia ficou em tão somente 2,7%. A situação preocupa porque, para o tamanho do país, necessitaríamos de um crescimento sustentável (ao longo dos anos) entre 6% e 7% anual. E isso tudo apesar das inúmeras medidas de apoio à economia, de curto prazo é verdade, que o governo tomou visando uma reação. Para piorar ainda mais o quadro, mesmo com um crescimento pífio, a inflação nacional continua subindo, devendo terminar o ano, se não houve maquiagem dos números, ao redor de 5,5%. Longe, portanto, do centro da meta que é de 4,5% e desejada oficialmente. Aliás, nesse quesito o mercado avança a possibilidade do ano terminar com uma inflação de até 6%. Ora, isso é ruim porque exigirá, para controlá-la, pelo menos dois movimentos: elevar novamente os juros, fato que leva o mercado a esperar uma Selic em 8,5% ao final de 2013; e conter o Real ao redor dos atuais R$ 2,02, pois uma desvalorização maior torna mais caro as importações e, por conseqüência, empurra para cima a inflação. Dito isso, o lado positivo do processo é que, para 2013, as medidas oficiais de apoio à economia, embora tenham fôlego curto, estariam permitindo projetar um crescimento melhor do PIB, com o mesmo podendo chegar entre 3% e 4%. Em especial se o Centro-Sul brasileiro tiver uma safra agrícola cheia no próximo verão.
O pibinho de 2012 e a reação (II)
Nesse momento, há mais confiança do empresariado nacional em relação ao futuro. A redução de juros e impostos entusiasma, mesmo que não sejam suficientes, e o mercado interno ainda continua consumindo, apesar do aumento do endividamento e da inadimplência. Isso permite, em analisando o comportamento econômico do segundo semestre, adiantar melhorias para o conjunto do ano de 2013. Todavia, há pontos negros no processo, que podem impedir tais melhorias nas proporções apontadas no momento. O primeiro deles continua sendo a realidade externa. A economia mundial, que parecia dar sinais de calmaria, volta a ficar conturbada na esteira da grande crise econômica iniciada em 2007/08. A Europa acaba de entrar em novas ebulições e os cortes nas despesas estatais são cada vez maiores, agora atingindo inclusive países como a França, cujos eleitores esperavam, com a vitória do socialista François Hollande nas recentes eleições presidenciais, evitar tomar esse amargo remédio. Ledo engano! O novo governo acaba de anunciar cortes e ajustes profundos na economia francesa, tentando impedir que a onda de quebradeiras estatais, iniciada na Grécia, chegue ao país. Em segundo lugar, temos justamente o aumento da inflação. Se o mesmo continuar, e potencialmente existe espaço para isso, o governo terá, como se viu acima, de aumentar os juros. Isso freará a economia. Além disso, tenderá a atrair mais dólares para o país, provocando uma pressão para revalorizar o Real, além de um novo impulso especulativo na Bolsa de Valores. Isso colocará em xeque a postura do atual governo, que tem preferido, perigosamente, tolerar mais inflação em favor de um maior crescimento econômico (quando o consegue), sem realizar nenhuma reforma estrutural substancial até o momento.

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