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O PIB e a Presidenta



Argemiro Luís Brum
Recentemente a presidente Dilma Rousseff deu uma declaração infeliz ao tentar descaracterizar a importância do Produto Interno Bruto (PIB) para uma economia. Já sabemos que apenas o crescimento econômico não gera desenvolvimento, porém, a economia nos ensina que um país poderá ter um desenvolvimento de melhor qualidade se consiga gerar riqueza o suficiente para melhor distribuí-la. Ou seja, quanto maior o PIB maiores são os sinais de que a economia está gerando emprego, produzindo e possibilitando, se bem administrada, a condição de um real desenvolvimento sustentável, pela melhoria da qualidade de vida do conjunto da Nação.


Na prática, podemos imputar à presidente uma tentativa de desviar a atenção brasileira para o fracasso das medidas até aqui adotadas no sentido de melhorar o PIB (o governo apostava que neste ano o mesmo seria de 4,5%, pelo menos, enquanto o mercado já admite 1,9% somente). Havíamos alertado para essa tendência, na medida em que se esgota o poder de compra e aumenta o endividamento do mercado interno, gerando uma inadimplência que cresce rapidamente (no 1º semestre a mesma aumentou 19,1% e apenas em junho 15,4%, sempre em relação ao mesmo período de 2011). Com um sério agravante: a maior parte das dívidas contraídas e não pagas estão junto a dois instrumentos nacionais que possuem os maiores juros do mundo: cheque especial e cartão de crédito (esse último com absurdos 323% ao ano). Além disso, o emprego começa a rarear e a renda diminuir diante do aumento dos preços.

O PIB e a Presidenta (II)

E para 2013, apesar de o governo novamente apostar em um PIB de 4,6%, as condições ainda não estão reunidas para tal. Especialmente se a economia externa mantiver o marasmo atual. Nesse sentido, vale destacar que a China, que vinha puxando parcialmente a economia do mundo, acaba de anunciar a sexta queda consecutiva em seu PIB, fechando o segundo trimestre em 7,6% quando nos últimos anos sempre ficou acima de 10%. Por outro lado, no Brasil, não basta apenas reduzir juro e desvalorizar a moeda perante o dólar, dois elementos que acabaram ocorrendo neste 1º semestre de 2012.


Primeiro, porque a redução dos juros é muito parcial e seletiva, inclusive junto aos órgãos públicos. Segundo, porque a competitividade de nosso setor produtivo exportador está longe de depender apenas do câmbio. A prova está no resultado de nossa balança comercial neste ano, que apresenta um superávit de um pouco mais da metade do obtido no ano passado na mesma época. O maior problema continua sendo a incompetência estatal em ser mais competitivo e oferecer melhores condições à economia como um todo. Entre os 30 países de mais alta carga tributária o Brasil é o que oferece os piores serviços públicos em retorno.

Não é por acaso que a aprovação do governo está, até agora, sustentada pela economia, graças à base mantida do Plano Real. Na área da saúde a Nação desaprova o governo em 66% e na educação em 54%. E não será com fiascos como o resultante do combate à gripe A que as coisas irão melhorar. A Região Sul do país que o diga!

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