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O PIB e a infraestrutura



Argemiro Luís Brum
Os países do mundo, envoltos na maior crise econômico-financeira desde 1929, buscam recuperar a qualquer custo o seu PIB para dar início a um processo de saída do problema. A crise dura cinco anos e tende a seguir adiante porque gerar mais riquezas, necessariamente precisa de investimentos e, particularmente, de consumo. Pois não adianta produzir para deixar o produto estocado. Ora, se o mercado interno se fragiliza, e o mercado externo (exportações) recua, a situação se complica. Até o início de 2011, o mundo ainda contava com alguns países emergentes, como a China, Índia e Brasil, graças ao tamanho de seus mercados internos, para puxar a claudicante economia mundial.


Depois dessa data, inclusive estes países assistem a um forte recuo em seu PIB, freando o consumo e a produção. A China anuncia um PIB de 7,5% para 2012 e o Brasil algo entre 1,5% e 2%, após o pífio 2,7% obtido em 2011. No caso de nosso país, o resultado de junho (0,75%) dá algum alento, pensando em 2013. Pode ser que o início de uma tendência de recuperação esteja se desenhando. Todavia, para o corrente ano o crescimento econômico já está comprometido. O segundo trimestre registrou apenas 0,4% de PIB, após 0,6% no primeiro trimestre. No acumulado de 12 meses (julho/11 a junho/12) o PIB brasileiro ficou em apenas 1,2%, ou seja, em menos da metade do que se verificou no final de 2011. E a situação só não foi pior porque os pacotes de curto prazo, lançados pelo governo, sustentaram parcialmente o consumo interno.

O PIB e a infraestrutura (II)

Todavia, tais pacotes são paliativos e não resolvem a questão de fundo, que é gerarmos um PIB sustentável acima de 5% ao ano. Além da recuperação do mercado mundial, necessitamos que o mercado interno avance. O que se fez até aqui foram medidas emergenciais visando sustentar as indústrias em troca de um forte endividamento, e consequente inadimplência, dos consumidores e empresas nacionais. E isso já chegou ao limite! Para sairmos desse marasmo somente com fortes investimentos em infraestrutura, que permitam aumentar a competitividade de nossa produção. Não podemos esquecer que somos um dos países mais caros do mundo hoje, muito pela falta de competitividade e outro tanto pela ineficiência pública no que tange a relação impostos/serviços prestados.


Além disso, para as coisas melhorarem precisamos investir acima de 24% do PIB anualmente. Hoje continuamos investindo entre 18% e 19%, ou seja, muito pouco. É nesse sentido que o pacote oficial, mirando a infraestrutura, pode ser visto com mais entusiasmo. Se o mesmo sair do papel, em 25 anos poderemos conquistar um estágio melhor de crescimento e garantir um nível de desenvolvimento mais consistente. Para tanto, o governo se rendeu às evidências: não tem condições de gerenciar o processo, pelo menos por dois motivos: não possui recursos suficientes, pois os mesmos são engolidos por uma máquina estatal que não para de inchar; e a eficiência do serviço público no Brasil é desastrosa, parando na burocracia, na incompetência e na corrupção. Que a iniciativa privada não decepcione!

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