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O governo Lula adverte: comer faz mal ao meio ambiente


Amado de Olveira Filho

Isto pode acontecer. Se você deparar com um decreto, aqueles instrumentos autoritários dos tempos do regime militar, alertando que comer pode causar mal ao meio ambiente, não considere nenhum absurdo. Depois do anúncio de derrubadas inexistentes, ameaças de toda a ordem à sociedade do Norte de Mato Grosso, eles vão, certamente, normatizar, via decreto, o controle da comida, pois todos sabem que o caminho do aumento da oferta de alimentos começa com uma derrubada, depois pela queima, plantio, colheita e, finalmente, surge a produção.

Este alerta presidencial, certamente, valerá somente para os Estados que compõem a Amazônia Legal, já que nas demais regiões brasileiras, especialmente a Sudeste, tudo é permitido em termos de meio ambiente. As serras do Estado de São Paulo estão repletas de plantio de eucalipto, tudo podem! Suas reservas legais, que são mínimas em relação a dos Estados Amazônicos, não existem. Onde está a operação curupira para eles? Não existe qualquer operação.

Até bem poucos meses víamos em Mato Grosso uma onda positiva de ações em prol do meio ambiente, liderada pelos produtores rurais, mas, a partir do Decreto nº. 6.321/07 que criminaliza a produção em 19 municípios do Estado, estamos verificando uma verdadeira desilusão em relação às parcerias com ONGs e com os governos. Além das restrições ambientais em nossas propriedades estamos vendo um grande retrocesso neste sentido. Mas sugiro às entidades representativas das diversas classes a insistirem no caminho que o governo federal teima em bloquear.

Estamos na expectativa do governador Blairo Maggi convencer o presidente Lula dos erros do Inpe, onde de todos os desmatamentos anunciados como realizados no final do ano passado, in-loco se comprovou que dos dados "checados, rechecados e trechecados" do presidente do Inpe, apenas 6,53% são verdadeiros. E aí? como é que nós ficamos? Quem vai pagar nossos prejuízos de imagem, hoje extremamente maculada pelos dados do Inpe?

Fico a imaginar que devemos parar de produzir novas variedades de sementes de soja, como a inox que é resistente à ferrugem asiática, que reduzirá enormemente o uso de agroquímicos em Mato Grosso. Não seria melhor pesquisar algo como a produção de um chip eletrônico, que colocado sobre a pele humana possa sintetizar a energia do sol e prover nossas necessidades alimentares? Vi no último sábado um deputado federal ruralista por ocasião do encerramento da Tcnocampo em Rondonópolis, afirmando que isto ainda não é possível. Uma pena!

Refleti sobre o assunto e encontrei algo a respeito na Agenda 21 Brasileira, cujos trabalhos finais foram coordenados pela ambientalista Aspásia Camargo, com a seguinte afirmação: "Enquanto não houver outras alternativas para produzir proteínas que não seja pelo uso do sol, da chuva e do solo, a agricultura e a pecuária serão as atividades mais importantes para a manutenção dos povos no planeta terra". Esta frase deve ser objeto de leitura diária, como dever de casa, pelos integrantes do primeiro escalão do governo Lula.

Enquanto as pesquisas científicas não nos permitirem o uso de um chip para nos manter vivos, continuaremos a produzir alimentos e, para isto é necessário tratamento isonômico entre todos os Estados brasileiros na aplicação da legislação ambiental. Não podemos admitir a formação de uma sociedade de 2ª Categoria na Amazônia Legal brasileira, como da mesma forma, não vamos aceitar o Governo Federal comemorar mais uma supersafra, se ele não resolve os problemas de sua competência, como infra-estrutura e tantos outros. Afinal, qual a verdadeira contribuição do governo federal à safra agrícola que está sendo colhida?

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