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O Brasil dos empréstimos: Dívida não tem idade.


Cláudio Boriola

Atualmente, estamos acostumados a presenciar a lástima dos idosos aposentados e alguns pensionistas do INSS no que diz respeito a dívidas. Em 2004, em meados de fevereiro, eles já deviam para as instituições financeiras cerca de R$ 2,7 milhões, e nos dias atuais, esse valor tornou-se estratosféricos R$ 13 bilhões.

"É uma situação desconfortável. São milhares de senhoras e senhores que já fizeram tanto por nosso país, que suaram para construir a nação em que vivemos hoje, mas que são obrigados a se humilhar por causa de dívidas feitas quando já não podem mais trabalhar para pagá-las", lamenta Cláudio Boriola, já acostumado a aconselhar financeiramente esse tipo de cliente na sua empresa, a Boriola Consultoria.

Um dos grandes causadores de tanto transtorno é o empréstimo consignado, aquele que é descontado diretamente na folha de pagamento do beneficiário do INSS. Existem três formas, como explica Boriola:

"A forma mais comum é aquela em que a consignação é feita diretamente no benefício previdenciário. O INSS repassa o valor para a instituição financeira conveniada e desconta do benefício. A segunda modalidade só pode ser feita pelo banco onde o aposentado ou pensionista recebe o seu benefício. O INSS repassa o valor total do benefício ao banco, que se encarrega de ficar com uma parte e pagar o restante ao beneficiário. A última modalidade envolve cartão de crédito. A operadora do cartão, a pedido do titular do benefício, encaminha a cobrança à Dataprev, a empresa responsável pelo banco de dados da Previdência Social".

O Governo Federal regulamentou o empréstimo consignado para facilitar o acesso de aposentados e pensionistas ao crédito com baixas taxas de juros. Também limitou o desconto em 30% do valor do benefício. Boriola credita o fato do aumento das dívidas nessas modalidades à falta de informação: "Há uma completa falta de cultura em relação ao dinheiro. Nem a experiência de vida, que vem com o avanço da idade, é capaz de resolver esse tipo de problema". Para essa modalidade de empréstimo valem as mesmas dicas que são dadas pelo Código de Defesa do Consumidor e também por Cláudio Boriola aos outros tipos de transação: pesquisa, extrema atenção ao que é anunciado e ao que é colocado em contrato etc. Tudo isso porque nem sempre os juros são tão baixos quanto o que é anunciado.

Todos estão sujeitos ao consumismo e também são focos das propagandas. Cabe a cada indivíduo conhecer bem o seu poder de compra para que essas dívidas não apareçam. Também existem casos de erros na cobrança desses valores. O INSS recomenda que se faça inicialmente o contato com a instituição financeira geradora do empréstimo, para que a correção seja feita. Persistindo o erro, aí sim o beneficiário deve se dirigir à agência da Previdência Social responsável por sua aposentadoria ou pensão, para que esta se encarregue das providências, contatando a instituição responsável pelo dado incorreto.

Cláudio Boriola é autor de um projeto cujo objetivo é ajudar a acabar com esse tipo de dívida, feita com pouca informação ou de forma inconseqüente. A "Educação Financeira nas Escolas" pretende levar aos jovens estudantes conhecimentos básicos sobre economia. "Com este tipo de ensino, oficial, nas escolas, formaremos jovens muito mais atentos à condição financeira, tanto pessoal quanto à de nosso país", afirma Boriola.

"Ou será que nossos jovens de hoje, no amanhã, ainda serão as mesmas presas fáceis do sistema capitalista selvagem vigente em nosso país?", finaliza o especialista.

 

 

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