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O agronegócio na próxima década - Perspectivas das principais atividades (final)


Eleri Hamer

Na seqüência das perspectivas gerais do agronegócio brasileiro, da soja e do algodão, publicadas anteriormente, discute-se neste artigo o caso do milho, açúcar, etanol, as carnes bovina, de frango e suínas, arroz e trigo.

Em relação ao milho, as projeções são de que o aumento da produção será maior do que o do consumo, o que coloca o país entre aqueles que ampliarão as suas exportações, respaldados pelo aumento de produtividade e de produção. Este último deverá ser motivado pelo aumento do valor histórico do preço, influenciado principalmente pelo uso do milho para o etanol, no caso americano dentre outros.

O açúcar por sua vez, apresenta um consumo mundial crescente relacionado aos países em desenvolvimento extremamente grande ao passo que nos países industrializados esses produtos tem sido substituídos por adoçantes de outras matérias primas. Nesse sentido, China e Índia principalmente deverão continuar a puxar a demanda e os preços.

No caso da área para produção, o açúcar oriundo da cana deverá aumentar em quase 10% até 2016, enquanto a beterraba açucareira somente 1%, principalmente em função dos elevados custos de produção do produto final. O Brasil tende a se beneficiar substancialmente em relação a isso, aumentando as suas exportações em praticamente 22% no horizonte de 10 anos. Em relação à produção e preço, o Brasil e a Índia deverão ser os principais vetores para a queda dos preços no mercado internacional, uma vez que representarão juntos quase 40% da produção, motivados pelos ganhos de produtividade tanto na indústria como na lavoura.

O etanol, uma das meninas dos olhos do governo, que tem como fonte a cana-de-açúcar, apresenta o Brasil como maior produtor, já que nos Estados Unidos, outro grande, esse produto vem do milho.

As expectativas em relação ao produto são das melhores, tanto na produção e consumo, quanto nas exportações. As projeções são dinamicamente crescentes apresentando um aumento da produção em mais de 120%, consumo 100% e exportações de 230% até 2017.

É importante lembrar que para o caso do etanol as projeções apresentam um nível de segurança inferior aos demais produtos uma vez que muitos aspectos componentes das expectativas ainda dependem de regulamentação e negociações tanto nacionais como internacionais. A abertura do mercado de álcool para fins combustíveis nos países importadores é um exemplo disso.

As carnes, por sua vez, também apresentam um cenário bastante animador em relação à produção, principalmente a bovina e a de frango. O crescimento médio no período 2006/07 e 2016 é bovina 28%; frango 50%; e suína 22%. Internamente, o consumidor brasileiro demonstra preferência para o consumo das carnes de frango, bovina e suína, respectivamente nesta ordem. Este aspecto é particularmente importante à medida que as carnes têm uma elasticidade-renda elevada e como a expectativa também é de que a renda do brasileiro melhore ao longo dos próximos anos, boa parte do excedente de produção poderá ser absorvido internamente, fato já comprovado pela Pesquisa de Orçamento Familiar (POF).

Em relação às exportações, são animadores os cenários para as três principais carnes, destacando-se o crescimento no volume exportado na seguinte ordem: de frango 31%; bovina 33%; e suína 36%. De um modo geral, pode-se afirmar que existem fortes indícios para o país continuar a sua expansão no mercado internacional das carnes, sendo necessário para tanto, fazer o dever de casa: garantir a manutenção e a ampliação da qualidade nessas cadeias, antes, durante e depois da porteira.

Para o caso do arroz, os dados da AGE e FAPRI (Center for AgriculturalRural Development da Universidade de Iowa) principalmente, nos dão conta de que, embora a um ritmo decrescente, continuaremos a sermos importadores desse produto até 2017.

Independente das fontes consultadas, o trigo, como já era de se esperar pelo histórico dos últimos 10 anos, não existe nada de consistente e novo no front em relação à produção, ao passo que o consumo tende a ser crescente tanto pelo aumento da renda como pelo aumento populacional.

Desse modo, a expectativa é de que continuemos a sermos grandes importadores do produto. Para a Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura (AGE/MAPA), em 2016/2017 importaremos 7,13 milhões de toneladas, o que significa quase a metade do consumo que deverá ser de 13,9 milhões de toneladas.

Em suma, pode-se perceber que boa parte das cadeias apresentadas proporciona no cenário macro um processo de expansão, tanto produtiva como de exportação. Cabe neste momento uma análise relacionada a distribuição das condições de renda em cada elo das respectivas cadeias, para avaliar a viabilidade e o potencial ajuste entre eles.

Até a próxima semana.

Eleri Hamer é Mestre em Agronegócios, Professor de Graduação e Pós-Graduação do CESUR, e desenvolve palestras, treinamentos e consultorias em Gestão Empresarial e Agronegócio. Home-page: www.elerihamer.com.br E-mail: [email protected]

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